Temperaturas Baixas e Saúde Ocupacional
Os postos de trabalho sujeitos a temperaturas baixas/ muito baixas têm algumas particularidades que devem ser levadas em conta a nível da gestão da Saúde Ocupacional.
Os postos de trabalho sujeitos a temperaturas baixas/ muito baixas têm algumas particularidades que devem ser levadas em conta a nível da gestão da Saúde Ocupacional.
Para além de os artistas circenses estarem sujeitos a inúmeros riscos laborais, classicamente, estes não costumam usufruir dos serviços de uma equipa de Saúde Ocupacional e a bibliografia sobre o tema é muito escassa e parcelar.
Os profissionais que trabalham em lavandarias estão sujeitos a vários fatores de risco/ riscos ocupacionais, nomeadamente a exposição aos agentes químicos, fibras têxteis, mobilização de cargas, ruído e vibrações (ainda que por tempos curtos); no ato de “passar a ferro” podemos também destacar a postura de pé estática mantida, movimentos repetitivos com o membro superior dominante e a temperatura elevada
As tarefas executadas numa cozinha abundam em fatores de risco/ riscos profissionais; contudo, alguns destes não são óbvios para o trabalhador, como é o caso da exposição aos fumos/ vapores dos cozinhados (em terminologia inglesa: COFs, ou seja, cooking oil fumes). Para além disso, num número significativo destes trabalhadores, essa mesma exposição também poderá existir a nível domiciliário, sendo o efeito cumulativo.
O primeiro inseticida desenvolvido foi o diclorodifeniltricloroetano (DDT), nos anos 40. Na época, foi apresentado como a solução para o controlo de todas as pragas, sem efeitos negativos, sendo o seu criador merecedor de um Prémio Nobel. Contudo, Rachel Carson1 demonstrou que o DDT penetrava na cadeia alimentar e se acumulava nos tecidos gordos dos animais, inclusive no homem.
O uso de produtos químicos visa o aumento da qualidade de vida das populações e é uma prática comum em todo o mundo.
Numa elevadíssima percentagem das consultas realizadas no âmbito da Medicina do Trabalho, surge a obrigação ética de abordar o delicado tema excesso de peso/ obesidade (o que muito frequentemente é mal aceite pelo trabalhador), porque apesar de tal patologia não estar associada diretamente aos fatores de risco profissionais, o inverso torna-se muito válido, na medida em que um trabalhador obeso apresenta condicionantes que podem prejudicar o seu desempenho laboral, ou até potenciar o aparecimento/ gravidade de algumas doenças profissionais ou acidentes de trabalho.
A pesca é uma das atividades ocupacionais mais perigosas, sobretudo devido à incidência de acidentes, frequentemente fatais. Os outros (fatores de) risco(s) que se destacam são físicos (sobretudo o frio) e ergonómicos (nomeadamente as lesões músculo-esqueléticas, devido a cargas elevadas, posturas forçadas, movimentos repetitivos, stress, organização desadequada do trabalho e tensão necessária exercer para manter o equilíbrio com as oscilações da embarcação). Para além destes, existe também alguma bibliografia referente a patologia imunoalérgica e oncológica.
Foi há cerca de 12 mil anos que a humanidade, no período neolítico, em algumas zonas do planeta, descobriu que podia cultivar algumas plantas, para além da sua simples recolha. Presentemente, a agricultura é o emprego mais frequente mundialmente (ocupa cerca de 70% dos trabalhadores); no entanto, se nos EUA constitui 10% da população ativa, na Ásia esse valor é da ordem dos 80%; contudo, também é uma das atividades profissionais mais perigosas, considerando quer os acidentes de trabalho, quer as doenças profissionais.
Apesar de Portugal não ser um país de clima tropical, existem inúmeros postos com tarefas e/ ou locais de trabalho que expõem os funcionários a temperaturas elevadas e/ ou muito elevadas, empregos esses sujeitos a especificidades que devem ser conhecidas pela Equipa de Saúde Ocupacional.

