Santos M, Almeida A, Chagas D. Saúde e Segurança Ocupacionais aplicadas ao Setor Hípico. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2024, 18: esub0470. DOI: 10.31252/RPSO.02.11.2024.
OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY APPLIED TO THE EQUESTRIAN SECTOR
TIPO DE ARTIGO: Artigo de Revisão
AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2), Chagas D(3).
RESUMO
Introdução/enquadramento/objetivos
O setor Hípico tem várias vertentes, ou seja, tanto se podem tratar de locais dedicados à criação e/ou treino de Cavalos, como empresas vocacionadas para aulas de equitação e terapias paralelas ou até a nível de organização de corridas profissionais. Ainda que se encontrem vários documentos na Internet com alguma qualidade, estão quase todos direcionados a um contexto formativo para quem trabalha ou quer trabalhar com cavalos; quando muito, introduzem sumariamente alguns métodos para ensinar a avaliar e priorizar os riscos laborais. Contudo, literatura rigorosa em contexto de Saúde e Segurança Ocupacional é escassa. Pretende-se com esta revisão sintetizar o que mais relevante foi divulgado sobre o tema.
Metodologia
Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em abril de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
Conteúdo
Os principais resultados debruçaram-se sobre a enumeração das principais atividades dos diversos ramos do setor; bem como quais os principais Fatores de Risco e Riscos Laborais; Medidas de Proteção (Coletivas e Individuais), Sinistralidade, resumo do conteúdo formativo que a generalidade dos funcionários deve aceder (incluindo noções razoáveis de Comportamento animal) e, por fim, uma breve referência a duas populações especiais na interação com os cavalos (como trabalhadoras ou apenas clientes dos serviços prestados, ou seja, grávidas e crianças).
Discussão e Conclusões
O setor apresenta várias atividades muito distintas e, cada uma delas, por sua vez possui, fatores de risco e riscos muito diversificados. A literatura técnica não é escassa e tem boa qualidade. Contudo, tendo em conta as particularidades tão únicas destes animais e as questões associadas, faria sentido que empresas prestadoras de serviços de Saúde e Segurança com clientes nesta área se debruçassem mais sobre o estado da arte a nível nacional, nomeadamente número de funcionários, postos/tarefas, principais riscos/fatores de risco, métodos de avaliação de risco mais adequados ao setor, sintomas (quais e prevalência), doenças profissionais (suspeitas, declaradas e reconhecidas), sinistralidade (áreas corporais mais afetadas, tipos de lesão), limitações laborais associadas e eventuais correlações entre todas estas variáveis e dados sociodemográficos.
PALAVRAS-CHAVE: centros hípicos, centros equestres, cavalos, saúde ocupacional, medicina do trabalho, enfermagem do trabalho e segurança no trabalho.
ABSTRACT
Introduction/framework/objectives
The Equestrian sector has several aspects, that is, they can be places dedicated to the breeding and/or training of Horses, as well as companies dedicated to riding lessons and parallel therapies or even organized professional races. Although you can find several documents on the Internet of some quality, they are almost all aimed at a training context for those who work or want to work with horses; at most, they briefly introduce some methods to teach how to assess and prioritize occupational risks. However, rigorous literature in the context of Occupational Health and Safety is scarce. The aim of this review is to summarize the most relevant information published on the topic.
Methodology
This is a Bibliographic Review, initiated through a search carried out in April 2024 in the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina and RCAAP”.
Content
The main results focused on the enumeration of the main activities of the different branches of the sector; as well as what are the main Occupational Risk and Risks Factors; Protection Measures (Collective and Individual), Accidents, Summary of the training content that most employees must access (including reasonable notions of Animal Behavior) and, finally, a brief reference to two special populations (such as workers or just customers of the services provided: pregnant women and children).
Discussion and Conclusions
The sector presents several very distinct activities and, each of them, in turn, has very diverse risk factors and risks. Technical literature is not scarce and is of good quality. However, taking into account the unique particularities of these animals and the associated issues, it would make sense for companies providing Health and Safety services with clients in this area to look more closely at the state of the art at a national level, namely the number of employees, positions/tasks, main risks/risk factors, risk assessment methods most appropriate to the sector, symptoms (which ones and prevalence), occupational diseases (suspected, declared and recognized), accident rate (body areas most affected, types of injury) and limitations associated, and possible correlations between all these variables and sociodemographic data.
KEYWORDS: equestrian centers, horses, occupational health, occupational medicine, occupational nursing and occupational safety.
INTRODUÇÃO
O setor Hípico tem várias vertentes, ou seja, tanto se podem tratar de locais dedicados à criação e/ou treino de Cavalos, como empresas vocacionadas para aulas de equitação e terapias paralelas ou até a nível de organização de corridas profissionais.
Ainda que se encontrem vários documentos na Internet com alguma qualidade, estão quase todos direcionados a um contexto formativo para quem trabalha ou quer trabalhar com Cavalos; quando muito, introduzem sumariamente alguns métodos para ensinar a avaliar e priorizar os riscos laborais. Contudo, literatura rigorosa em contexto de Saúde e Segurança Ocupacional é escassa. Pretende-se com esta revisão sintetizar o que mais relevante foi divulgado sobre o tema.
METODOLOGIA
Em função da metodologia PICo, foram considerados:
–P (population): trabalhadores associados a tarefas equestres
–I (interest): reunir conhecimentos relevantes sobre a saúde e segurança laborais do setor hípico
–C (context): saúde e segurança ocupacionais aplicadas a atividades profissionais com cavalos.
Assim, a pergunta protocolar será: Quais os postos/tarefas, principais riscos/fatores de risco, métodos de avaliação de risco mais adequados, sintomas, doenças profissionais, sinistralidade e respetivas limitações laborais, no setor Equestre?
Foi realizada uma pesquisa em abril de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
Dada a escassez de artigos científicos, foi repetida uma pesquisa no motor de busca generalista Google, através das expressões “equestrian center, horses, stables e occupacional health” e selecionaram-se seis links, inseridos na bibliografia, ainda que não se tenham encontrado mais artigos científicos.
No quadro 1 podem ser consultadas as palavras-chave utilizadas nas bases de dados.
CONTEÚDO
Tipos de tarefas existentes no setor
Considerando o setor Hípico, e em função da bibliografia selecionada, como um todo, poderemos englobar tarefas tão diversas quanto:
-higiene do cavalo e das instalações, bem como tosquia (1) (2)
-exercício/treino do cavalo (1)
-aulas de equitação (1) (2)
-atividades veterinárias (1)
-trabalho de carpintaria (1)
-transporte dos cavalos em veículos motorizados (1) (2)
-por sua vez, no subsetor das corridas, existem três grandes grupos de trabalhadores: os cuidadores dos cavalos, os atletas que montam e os peritos na saúde dos cavalos (3).
Fatores de Risco e Riscos Laborais
Existem vários a considerar, nomeadamente:
-cargas (1) (2) (4) (5) (6) (7) (8)/ esforço físico (8)
Auxiliar manualmente o cavaleiro a subir poderá dar azo a lesões, sobretudo se o indivíduo for imprudente e não souber fazer uma distribuição de peso correta; usar degraus rígidos e portáteis será uma boa opção (1).
Por vezes, têm de se transportar até portas e cancelas manualmente, constituintes ou não dos atrelados. O transporte do revestimento do solo sujo deverá ser realizado no trajeto mais curto possível e minimizando a torção do tronco. O transporte de água também pode envolver um esforço considerável (1).
-movimentos repetitivos (2) (4) (7)
-posturas forçadas/mantidas(2) (5) (7)
-turnos prolongados (3) (5) (início muito cedo), pausas desadequadas (5)
-agentes biológicos (4) (zoonoses); presença de pragas como insetos (associados ou não a estrume) (1) (9)
–ruído (4)
–corte (4)
–vibrações (4)
–queda de objetos (4)C2, ao mesmo nível, e em altura (1) (4)
–atropelamento (4) (9)por veículos e cavalos (1) (9)
-esmagamento (9)
-radiação ultravioleta
-desconforto térmico
-poeiras (10) (11)
Produtos que contêm areia são usados com regularidade nas arenas equestres interiores, criando o risco de inalação de poeiras com sílica, para os funcionários que treinem cavalos; os níveis doseados são compatíveis com a possibilidade de originar cancro do pulmão e/ou silicose (10)/asbestose (1). Também existem poeiras provenientes da ração animal, situação potenciada em ambientes interiores (10).
-fibras têxteis (10)
Os materiais utilizados nos têxteis que revestem os chãos também poderão conter ainda agentes e/ou aditivos com alguma toxicidade (10).
-agentes químico (1) (2) (4) (5) (9) (12)
Devem estar disponíveis as fichas de segurança e os funcionários deverão ter formação. O inventário dos mesmos deverá estar atualizado e os produtos deverão estar rotulados e armazenados (7). Como principais exemplos pode ser citados os Pesticidas (4) (7) (12), Nitrogénio (presente no estrume), Lixívia, Água oxigenada (1)C3, materiais de limpeza (1) (7) (11), ácidos de bateria, terapêuticas (1)/produtos veterinários (7) (11) (como repelente de insetos, desparasitantes (1))
-trabalho isolado (4)
-incêndio (1) (4) (13)
-mordedura (1) (4)
-traumatismo/coice (1) (9)
–entalamento (1) (9)
-desconforto térmico; com muito frio deve ser usada roupa adequada e ter acesso a pausas e forma de aquecer; as tarefas deverão ser executadas na base do mínimo indispensável e deve haver acesso a bebidas quentes. Na situação inversa deverão existir também pausas para arrefecer, água fresca e sombras/coberturas, bem como farda adequada e usar proteção solar (1).
-eletricidade (1) (2) (4) (sobretudo se a manutenção não for adequada) (1)
-máquinas perigosas (13) e
-vínculo laboral precário ou subcontratados (2).
Medidas de Proteção Coletiva
No caso específico das zoonoses, disponibilizar forma de realizar adequada higiene das mãos e escolher/comprar e distribuir os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas, é muito relevante, tal como a limpeza dos estábulos e dos instrumentos de trabalho (13). Qualquer animal que apresente evidência de infeção deverá ser isolado de outros animais e humanos (12) (13). O Risco biológico fica atenuado se existir água corrente, sabonete líquido ou solução de desinfeção alcoólica e possibilidade de secar as mãos com toalhetes de papel. A lavagem das mãos deverá ocorrer sempre após contato com o cavalo, após tocar nos equipamentos a ele associados, após remover EPIs, antes de comer, beber e/ou após contato com sangue ou outras substâncias emitidas pelo cavalo e com risco infecioso (8) (12). Deverá existir uma área específica para comer, afastado dos animais e devidamente higienizada (12). Os estábulos deverão ser limpos com rigor. Os equipamentos e ferramentas também e usando sempre EPIs. O contato facial com o cavalo deverá ser evitado, devido à saliva e/ou secreções nasais potencialmente relevantes. Recomendar revestir com penso as zonas de pele escoriada (e disponibilizar o material necessário para tal).
Incentivar e organizar a administração de vacinas (por exemplo, do vírus Hendra) e as desparasitações. Se necessário, deverá existir um plano de controlo de ratos e outras pragas (12).
Para além disso, os pesticidas deverão ser aplicados por funcionários com conhecimentos/formação específicos (11), por exemplo.
Medidas de Proteção Individual
–proteção respiratória, nomeadamente máscara (11) (13) [para poeiras (11), por exemplo, do feno (13)]
–capacete (1) (7) (9) (11) (14) (15) ajustado (1) (7) (14) [os mais inexperientes precisam de instruções (7)L1]; no final estes devem ser inspecionados, à procura de danos (1) e devem ser substituídos por modelos homologados quando danificados (7).
–farda(13) (14) para poeiras, agentes químicos (13), para visibilidade para o humano (13) (14)- como colete fluorescente (1) e para o cavalo também (14), sobretudo para assinalar a presença em vias de circulação (1). Existem também coletes de proteção (9) semi-rígidos para atenuar o traumatismo, com três níveis: 1 (negro) para corrida profissional, 2 (castanho) para situações de menor risco e 3 (roxo) para cavalgar ou desfilar. Alguns modelos permitem que a estrutura seja insuflada por material gasoso, ainda não validado por estandardização oficial (1). A nível de casacos de proteção, estes tanto poderão ser pensados para a chuva ou para potenciar a visibilidade (1) (13) (quando se circula em vias de trânsito ou ambientes com muita poeira) (1). As calças (9) devem ser de material confortável; por exemplo, usar jeans para montar não será adequado, mesmo que por períodos breves (1). Sobretudo com trabalho exterior, mesmo com temperaturas elevadas, deverão ser usadas peças de roupa que cubram a maior quantidade de pele, de forma a atenuar os danos das abrasões; as peças deverão ser justas, para não causar acidentes ou chamar a atenção do cavalo ao esvoaçar (7). Os protetores traseiros também conseguem diminuir o traumatismo em caso de queda ou coice (15).
–calçado adequado (1) (7) (9) (11) (14), eventualmente botas com tacão pequeno (1) (13) (14), nomeadamente 2,5 centímetros (este justifica-se pelo facto de atenuar a probabilidade de o pé escorregar para fora do estribo), robustas (7), com sola suave e flexível, geralmente até o joelho (1); não usar sapatilhas ou sandálias (7) (15), devido ao risco, exceto se devidamente adaptadas. Em algumas tarefas poderá ser necessário reforço superior e/ou inferior (7); se for bota alta, esta também dará alguma proteção ao tornozelo e perna.
–luvas (1) (9) [para agentes químicos (1) (13), biológicos (13) e/ou para montar/desmontar equipamentos (1), evitar a queimadura por fricção (1) (13) (15) nas cordas e/ou rédeas (15)]; contudo, existem funcionários que não têm o hábito de usar este EPI, principalmente no verão (1).
–proteção auricular (sobretudo para funcionários que usem tratores e outros equipamentos ruidosos) (13)
–óculos/viseira (9) (13)
-(eventualmente) borracha/elástico para prender o cabelo, para não causar acidentes ou chamar a atenção do cavalo, caso se movimente com o vento (7).
Doenças Profissionais
Algumas patologias foram um pouco mais destacadas neste contexto.
Por exemplo, existem produtos com capacidade para causar alterações pulmonares (como rações, feno), situação essa designada por “pulmão do fazendeiro”. Este carateriza-se por febre, cefaleia, toracalgia, dispneia e sibilos, bem como eritema ocular, espirros e tosse. Associa-se a poeiras e bolores presentes no feno e rações. Esta condição pode originar asma ou bronquite a longo prazo. A proteção respiratória poderá ser necessária (1). Os alérgenos globalmente presentes nestes ambientes de trabalho podem induzir alterações respiratórias, como alveolite alérgica intrínseca e asma; a concentração destes podem diminuir com a humidificação, potenciação da ventilação e/ou uso de máscara (12). O pelo, fezes, saliva e as partículas de descamação (“caspa”) dos cavalos podem ser alergénicos; ainda que, por vezes, os sintomas possam surgir com clareza até dois anos depois (como espirros, obstrução nasal, prurido nasal, olhos congestionados, eritema e/ou prurido cutâneo) (8).
A radiação ultravioleta poderá originar queimaduras solares e/ou cancro de pele (1).
Quanto a zoonoses, podem-se considerar a leptospirose (1) (2) (8) (11) (12) (13) – Doença de Weil (2) (11) (13), micose (2) por ringworm (1) (11) (12) e as infeções por Escherichia Coli (4), salmonela (1) (2) (12) (13) brucelose (8) e tétano (1) (13). Alguns investigadores também mencionam a doença de Lyme; bem como infeção por estafilococos aureus meticilino resistente e o vírus Hendra (2) (12); bem como psitacose, vírus da encefalite japonesa (2), raiva, tuberculose, antrax; criptosporidose e a yersiniose (8).
O microrganismo que causa a leptospirose é transportado por roedores; ainda que consiga ser fatal, geralmente o quadro é caraterizado por apenas febre, cefaleia, vómito, mialgia e icterícia; no entanto, pode levar a meningite e/ou insuficiência renal. A transmissão geralmente ocorre por contato com objetos conspurcados por urina de rato em zonas de pele descontínua. Se necessário, deverá ser ponderada uma desratização. Pele escoriada deverá ser devidamente revestida por penso; as mãos deverão ser lavadas antes de comer ou fumar (1).
“Ringworm” é uma patologia fúngica cutânea, transmitida por contato direto entre cavalos e humanos (e vice-versa); é muito contagiosa. As lesões costuma ser circulares e terem algum relevo. Primeiro devem ser tratados os humanos e depois os cavalos. É obrigatório o uso de luvas para lidar com animais ou objetos contaminados (1).
A Escherichia Coli e a Salmonela existem no sistema digestivo dos cavalos e pássaros e são transmitidas aos humanos via oral (1). Podem causar diarreia, febre e dor abdominal (1) (8). Para proteção é necessário usar luvas (1). Ambas podem ser transmitidas por secreções do cavalo; a higiene é fundamental para atenuar o risco (11). A salmonela, por sua vez, também existe no trato intestinal de humanos, transmite-se facilmente por via oral; o tratamento baseia-se em antibiótico (8).
O tétano pode ser transmitido através do solo ou cavalos e contato com zonas de pele não íntegra; ainda que a doença possa ser fatal, a maioria dos indivíduos tem imunidade vacinal (1). Por isso, todos os funcionários deverão ter vacina atualizada, sendo também relevantes a higiene e o uso de roupa adequada, manguitos e/ou luvas (11).
O vírus Hendra tem vacina para cavalos (2), como já se mencionou.
A raiva pode ser transmitida através do contato com a saliva (mesmo até 14 dias antes dos sintomas surgirem), sangue e superfícies de pele descontinuada ou mucosas. O período de incubação varia de duas a oito semanas ou até mais. Os principais sintomas são dor no local da mordedura e/ou convulsões. Esta doença em indivíduos não vacinados é geralmente fatal. Em alguns setores profissionais, a vacina poderá ser fornecida pelos serviços de Saúde e Segurança Ocupacionais (8).
A tuberculose pode ser transmitida através do contato com aves, animais de quinta e primatas, por aerosolização do bacilo com a tosse e/ou contato com outros fluidos corporais (8).
O antrax é uma infeção bacteriana que pode ser mortal rapidamente, para humanos e animais; os esporos podem manter-se viáveis por anos. A infeção humana geralmente ocorre por contato direto com animais infetados, cadáveres e/ou solo contaminado ou inoculação (8). Os sintomas/patologia consistem em febre, cefaleia, ulceração; septicémia e meningite também podem ocorrer; por inalação pode originar pneumonia fatal; se intestinal, poderão ocorrer náusea, vómito e diarreia (8).
Para além disso, as rações e equipamentos usados nos cavalos podem conter bolores e/ou esporos fúngicos (11).
Sinistralidade
Cerca de 88% dos trabalhadores do setor das corridas de cavalos em Inglaterra reportou acidentes laborais prévios (3). É conveniente que, entre os funcionários, existam alguns com noções de primeiros socorros (1) e mala bem guarnecida (1) (7) e devidamente verificada em relação à reposição de stocks e cumprimento dos prazos de validade (1).
Os acidentes neste setor podem ficar potenciados pelas seguintes condições:
-imprevisibilidade dos animais (sobretudo cavalos (2) (4), até porque são muito robustos (2)- questão essa potenciada com condições climáticas exuberantes- como relâmpagos e/ou trovoadas e com a interação com outros animais) (4)- devem usar-se sedativos, se necessário (1). Os equídeos podem causar traumatismos crânio-encefálicos e/ou na coluna cervical (2) (15), mordeduras/lacerações (2) (13), fraturas [também de membros superiores e inferiores (2)] e até morte (2) (15). As lesões mais graves geralmente associam-se a queda em altura (12) (15) e ao mesmo nível (13) [com ou sem coice (13) (15)], esmagamento, traumatismos cervicais e/ou fraturas também noutros locais; bem como projeção de corpos estranhos ou agentes químicos e atracamento de pés com a pata do cavalo (13). As lesões mais frequentes são as contusões (24%) e as fraturas (16%) (12).
-manusear mais que um cavalo (preferencialmente não mais que dois) (1)
-baixa iluminância (1)
-pisos desnivelados e/ou humedecidos. As aulas de equitação para os clientes por vezes são dadas em áreas fechadas, com pisos sintéticos ou cobertos por fibras, borracha ou areia; se o piso não for adequadamente nivelado, aumentará o risco de queda; além de que as próprias máquinas que nivelam podem causar acidentes; estas estruturas interiores, se existir necessidade que funcionem durante a noite, podem ser muito eletrificadas; se a cobertura não estiver íntegra, poderá também entrar água da chuva e potenciar o risco de queda (1)
-poucas restrições na circulação e não diminuição do número de trabalhadores envolvidos nos procedimentos e/ou escolher os menos experientes para as tarefas mais complicadas (1)
-existência de estruturas para praticar saltos (1)
-colocar a sela incorretamente, bem como o equipamento para pousar os pés (1).
-mau estado de manutenção de todo o equipamento; incluindo manutenção da cabine e cinto de segurança em tratores (1) e equipamentos equivalentes, por exemplo
-manuseamento de cargas (1) (13), sejam objetos ou animais- por exemplo, alguns sacos de ração atingem os vinte quilogramas; o feno, por sua vez, poderá ser adquirido em prismas retangulares ou cilíndricos de dimensão elevada; algumas selas e tapetes também apresentam peso considerável; existem selas de material sintético, bem mais leves, mas com menor aceitabilidade; por vezes, têm de se transportar até portas e cancelas manualmente, constituintes ou não dos atrelados; o transporte do revestimento do solo sujo deverá ser realizado no trajeto mais curto possível e minimizando a torção do tronco; o transporte de água também pode envolver um esforço considerável (1). O risco pode ficar atenuado com o uso de calçado adequado, pavimentos limpos e secos, reparação precoce dos danos detetados e sinalização (13).
-a interação com as máquinas é uma causa relevantes de sinistralidade, nomeadamente através do atropelamento, capotamento, queda, esmagamento ou entalamento; sejam elas estáticas ou móveis. A sua boa manutenção diminui o risco de acidentes, tal como a restrição de acesso aos equipamentos (13)
-espaço inadequado às tarefas (1)
-pouca higiene das instalações (13)
-a nível de incêndio, ter as vias de evacuação não totalmente transitáveis ou em bom estado de manutenção (13) e/ou sem extintores adequados (7)
-selas com defeito que continuam a ser utilizadas (13)
-agentes químicos usados e armazenados incorretamente (13).
-cercas com defeitos, que não consigam impedir que estranhos entrem e/ou que os cavalos saiam (7)
-estábulos mal desenhados de forma a não acomodar corretamente os animais, a evitar quedas ou outros acidentes (7) e/ou que não permitam que haja espaço adequado para a tarefa (1)
-transporte de cavalos em veículos motorizados, com os riscos associados à entrada e saída dos mesmos no atrelado (pontapé, queda, mordedura); quanto mais traumático o processo, mais assustados e resistentes eles ficarão para situações futuras equivalentes; aliás a maioria dos cavalos fica nervosa quando se tentar capturar (1) e
-usar peças de joalharia (1) (descrevem-se mais detalhes posteriormente).
Noções básicas em contexto de Formação Técnica e a nível de Comportamento Animal
As seguintes premissas genéricas deverão ser levadas em conta para que exista um melhor patamar de Saúde e Segurança Ocupacionais neste setor:
-ter noções básicas sobre comportamento de cavalos, técnicas de ensino a estes últimos e cuidados gerais de saúde e higiene ao animal, bem como saber agir na presença destes, dominar uma aproximação segura e não auto-sobrevalorizar as capacidades técnicas; saber dar as indicações ao animal (12)
-conhecer as regras de segurança, que deverão estar descritas de forma clara e sucinta; a formação deverá ser proporciona por alguém habilitado; garantir também que os clientes conhecem as regras básicas de segurança (12)
-tornar sempre viável o pedido de apoio especializado em situações de emergência (12); conhecer procedimentos a nível de primeiros socorros mais relevantes (12) (14)
-o animal pode reagir de forma imprevista, se estiver inserido num ambiente diferente (12)
-os cavalos têm tendência a fugir quando ficam assustados; eles detetam o eventual perigo através da visão, olfato e/ou audição. Quando eles levantam a cabeça e põem as orelhas em pé, estão a tentar percecionar o que se passa à distância
-ter noções sobre a visão periférica dos cavalos (12) (15); não se aproximar pelo ponto cego, ou seja, diretamente pela frente ou por trás (15); eles têm má visão e campos visuais restritos; daí ser necessário avisar quando estamos presentes, para não os assustar (13) (15)
-se se interagir sempre de forma correta com o animal, mais ele vai confiar no funcionário e sentir-se seguro (15). Por norma, eles são animais de hábitos e tendem a fugir de situações desconhecidas e/ou estranhas (8) (15). Aliás, basta a situação ser nova para que eles reajam inesperadamente (por exemplo, apenas uma rota diferente) (15); eles assustam-se sobretudo com movimentos bruscos e/ou ruído
-acredita-se que eles consigam percecionar o medo humano e que isso possa aumentar a probabilidade de ter atitudes mais agressivas e/ou ousadas (15)
-quando um cavalo está assustado, ele sobe a cabeça e as orelhas; todos os músculos ficarão contraídos e dilatará as narinas, para ter mais capacidade de fugir velozmente; estando a olhar para trás (para o suposto perigo), poderá atropelar ou bater em objetos e/ou pessoas; se se assustar em estábulo, provavelmente ele mexerá a parte traseira e a cauda, batendo também as orelhas, de forma a informar que está ansioso; também poderá meter a cauda dentro das patas traseiras (15), colocar as orelhas muito para trás (8) (15), ficar com os olhos muito abertos e enrolar a boca (15), abanar a cauda (8), colocar o pescoço reto, para conseguir morder e/ou dar um coice (8) (15). Tentar perceber a atitude dele através da sua linguagem corporal (9) e estar atento às mudanças comportamentais (12) é muito importante; por exemplo, orelhas repuxadas para trás constituem o sinal de alerta mais relevante (8) (9); ou seja, saber interpretar as reações básicas dos cavalos, sobretudo a nível de agitação/ansiedade (corpo, cauda, pernas e expressões faciais) (12). Até o vento pode alterar o comportamento do cavalo. Assim, de forma sucinta, os principais sinais de agitação/nervosismo são colocar as orelhas para trás, levantar as pernas ou bater os cascos, abanar a cauda, mexer os lábios e virar a cabeça (13)
-para evitar traumatismos durante a limpeza dos estábulos, antes de entrar, observar o animal, avançar apenas se este parecer relaxado e avisar da presença (13), falando, fazendo algum som (9) (12) (13) (15) ou tocando continuamente nele (15), aproximando calmamente da parte superior da parte dianteira do cavalo (13); estes deverão estar amarrados de forma segura no interior do alojamento (1) (12) a uma estrutura (9) (12)e não segurados a alguma parte corpo do trabalhador, mesmo que a uma mão (9) (12) (15) ou até no exterior do mesmo (1)
-não ficar posicionado em local que possa ser pontapeado (9) (12) (13); não ajoelhar ou sentar no chão perto do cavalo (12) e ter em mente que também podem ser usadas as patas de frente (9), que podem causar lesões relevantes (15)- se assustado tal pode ocorrer com alguma probabilidade (9); evitar movimentos bruscos (9) (12); tentar que o cavalo perceba o que se vai passar a seguir; nunca se posicionar à frente ou atrás dele; ter portas que abram para os dois lados (9); identificar vias de escape (12) (13); preferir passar pela frente do que por detrás (13) e nunca se deve andar por debaixo da área abdominal do cavalo (15). Os movimentos devem ser confiantes (9) (12) e o indivíduo deverá estar calmo (9)
-aprender a alimentar em segurança (9) (12)
-limitar o número de cavalos
-não montar pela primeira vez um cavalo num sítio isolado (9)
-por vezes os animais são treinados para serem selados apenas por um lado (9) (15)- geralmente, é o esquerdo (9) (12) (15); não assumir que se pode fazer isto pelos dois lados (9); a abordagem deverá começar pelo ombro desse lado, lentamente e de forma confiante e falando, prestando atenção à linguagem corporal: orelhas baixas e para trás são sinal de perigo, como já se mencionou. Se estiver a comer ou a fazer alguma coisa, chame a atenção e só entre no estábulo quando garantir que ele percecionou a presença e que não está assustado; para andar à volta do cavalo, deve-se ir falando e manter a mão junto ao corpo dele; na parte traseira deve-se aumentar a distância, para evitar apanhar um coice, pois a força e a rapidez podem originar acidentes fatais (15)
-alguns cavalos fletem o torso e querem arrancar a alta velocidade, podendo não abrandar mesmo quando recebem essa indicação, eventualmente causando danos noutros animais e/ou humanos; não se devem montar cavalos difíceis; a fazê-lo, fazer em recintos mais pequenos ou aproximá-lo de outro cavalo; também não se aconselha a montar garanhões, éguas grávidas ou lactantes, bem como doentes, muito jovens ou muito idosos; a imprevisibilidade do comportamento poderá ficar potenciada ser estiver doente e/ou ferido (12); exemplares novos deverão ser encaminhados para os funcionários mais experientes (14); cavalos com mais idade geralmente são mais fáceis de controlar (15)
-ensinar o cavalo a caminhar ao lado (9) (15) e à direita do funcionário (9) (12) (15); não deixar que ele vá à frente ou fique atrás (9) (15) (16); o trabalhador é que deverá marcar o ritmo e não o animal (9); se existirem vários equídeos a caminhar com vários funcionários, tentar que os funcionários fiquem próximos em vez dos cavalos (13); não empurrar porque eles são mais fortes que os humanos (9); evitar ser pisado, uma vez que tal poderá originar fraturas (9) (15)
-o funcionário deverá conhecer a personalidade do cavalo, de forma a escolher o mais adequado à tarefa e caraterísticas do utilizador (6) (9) (15) (idade, tamanho, experiência e limitações) (9) (12) e também ajustar ao clima; nem todos os animais conseguirão fazer todas as tarefas (9) (15); excluir cavalos perigosos ou inconsistentes (12)
-supervisionar com particular atenção atividades que sejam novidade (9) e os menos experientes (13) e proporcionar treino que lhes dê mais segurança; funcionários inexperientes devem ter tarefas apenas dentro das instalações, preferencialmente dentro de arenas, nas condições mais seguras e controladas possíveis (6); estes geralmente estão mais ansiosos, têm pior entendimento das instruções e não conhecem tão bem o ambiente de trabalho (2)
-todos os tratamentos deverão ser efetuados por dois funcionários (13)
-uma vez montado, dever-se-á ter uma postura segura e controladora (9); se for necessária a presença de uma terceira pessoa para ajudar a montar, esta também deverá ficar do lado esquerdo; só ajustar o equipamento se estiver com os pés no chão; se já estiver montado, pedir ajuda (15)
-não usar máquinas perto dos cavalos (12) (16); a generalidade assusta-se com o barulho, veículos (8) (9) (12) (15) grandes e outras coisas que não estejam familiarizados, pelo que nem todos podem andar em estrada (9), sobretudo se com muito movimento (8) (12) e/ou se montados por indivíduos mais inexperientes. Não levar cavalos nervosos, nem mais do que dois exemplares (9); tal como quando existe nevoeiro, nem ao nascer ou pôr do sol; ou seja, adequar as atividades à temperatura, visibilidade atmosférica e precipitação (12) (16); se se levarem dois, colocar o mais experiente na zona mais medial (8) (9) e o que se pretende treinar mais na berma; usar roupas fluorescentes e colocar bandas com propriedades equivalentes nos cavalos; proporcionar formação adequada aos funcionários que circulam em estrada; ter uma postura simpática perante os outros utilizadores (9) e dar a estes indicações claras de como se comportarem com os animais (8); planear e conhecer bem o percurso (14)
-se um cavalo tiver com comportamento bizarro, afastar de outros exemplares equivalentes ou agressivos; sinalizar com laço vermelho na cauda os que costumam pontapear (16); elementos temperamentais devem ser abordados apenas por funcionários experientes (15)
-garantir espaço suficiente, caso fique agitado, ou para evitar que fique agitado (12); deve ensinar-se o animal a ficar parado nos primeiros segundos que fica solto, para que este não se habitue a fugir em excitação por estar livre, uma vez que nesse momento poderá derrubar ou chutar; se se virar para a cerca quando se solta, diminuiu-se o risco de tal acontecer (13) (15); libertar um cavalo deverá ser feito apenas por pessoas experientes; nestes momentos os EPIs necessários são luvas de material que evite a queimadura pelo contato com a corda e calçado com reforço superior; todos devem ser considerados inexperientes, até prova em contrário (15)
-colocar o cavalo a deslocar-se em círculos ao redor do funcionário liberta a energia e aumenta a segurança, contudo, nesta atividade poderá ocorrer o oposto, ou seja, ficar mais nervoso e agredir o humano; por sua vez, a possibilidade de eles andarem em liberdade num espaço amplo, versus estábulo, poderá diminuir o risco, uma vez que também gastam alguma energia e ficarão eventualmente mais calmos (15); garantir que o animal tem pausas adequadas é também relevante (12)
-preferir um piso que consiga amortecer a queda
-remover equipamento que não esteja a ser utilizado
-proibir a entrada de estranhos; ter barreiras, inclusive adequadas a crianças; ter arenas com cercas completas para evitar o contato direto do cavalo com os clientes/público C9, C13
-sinalização (16)
-excluir outros animais (como cães) (9) (12) (15); canídeos visitantes devem ser mantidos com trela (14)
-não se devem usar joias (7) (13) (pulseiras, brincos, piercings, anéis) (13), que podem ficar engatados no cavalo e, em situações extremas, causar amputações (7); ou pelo menos não usar anéis sem luvas, porque podem engatar nas crinas e amputar dedos; de igual forma, usar brincos poderá levar a perda da orelha, se engatar no capacete (15)
-não usar mochila, nem levar máquina fotográfica ou outros objetos que possam alterar o controlo do cavalo (15).
-não se deve usar perfume ou outros produtos com aromas muito ativos (sabonetes, por exemplo) (13)
-os cabelos compridos deverão estar presos (13) (15), até para não perturbar a visão (15)
-não usar telemóvel na proximidade do cavalo (13), eventualmente devido aos sons emitidos (12)
-usar roupa e calçado adequados(6) (12) e restantes EPIs (12), como chapéus (6); peças de proteção corporal poderão ser usadas em algumas circunstâncias (7); as roupas nem devem ser largas (para não distrair o cavalo) ou cavaleiro, nem demasiado justas, a ponto de restringir os movimentos (como jeans apertados) (15); EPIs danificados devem ser eliminados (12)
-evitar trabalhar com desconforto térmico; promover a climatização, evitar a desidratação, utilizar sombras e pausas (12)
-proporcionar boa manutenção do sistema elétrico (6)
-ter plano de atuação e evacuação contra incêndio (6) (14) e extintores adequados (6)
-fazer a remoção adequada do lixo (6)
-armazenar todo o equipamento utilizado diariamente (6)
-separar vias de circulação entre cavalos e clientes; evitar aproximações indesejadas (6)
-veículos a circular com velocidade adequada e fora das áreas para peões (16)
-não passar por cima de cordas na proximidade de um cavalo; pois não só se poderá cair, como não conseguir fugir (15)
-para diminuir o risco de queda deve-se assegurar que a sela está bem montada, uma vez em cima do cavalo é necessária uma postura de controlo (15); ajustar o equipamento apenas quando estiver no solo e não em cima do animal (se for mesmo necessário, pedir ajuda a quem estiver no chão, como já se mencionou) (8) (15); se estiver em água ou mato, tirar os pés dos estribos caso se perceba que se vai cair; galopar perto de outro animal potencia o risco de acidente; muito cuidado ao circular por pisos escorregadios ou pantanosos; diminuir a velocidade nas descidas e aproximar o corpo do selim; se o cavalo cair, manter a calma porque ele pode conseguir levantar-se e só depois se deve verificar se este tem lesões, preferencialmente ainda montado; em zonas estreitas poderá ser menos perigoso desmontar; se existirem dois indivíduos a montar um só cavalo, poderá ser ainda mais difícil controlar o animal, logo, essa situação deverá ser evitada (15)
-verificar o bom estado dos equipamentos para montar (6); estes deverão estar confortáveis para o cavalo e cavaleiro (7) (15), de forma a nunca causar ferimentos e/ou dor no animal (15)
-o suor dos cavalos detiora o material das selas e respetivas costuras, pelo que as peças devem ser inspecionadas; é necessário limpar e lubrificar com regularidade; com os cuidados adequados as selas podem durar vários anos. Verificar também as condições do estribo e eliminar os que estiverem deteriorados; este deverá ser colocado em posição que permita que o pé saia em caso de queda, para diminuir o risco de arrastamento do humano; o metal deverá ter a consistência adequada, de forma a não se deformar ou quebrar; deverá existir um centímetro de cada lado do calçado livre, de forma a diminuir o risco do pé ficar atracado. Também os freios devem estar em bom estado (15)
-lavar as mãos sempre que contatar com cavalos, após remover EPIs e após abandonar as instalações com cavalos e antes de comer (e ter áreas exclusivas para este efeito afastadas dos animais); evitar contato com secreções nasais e/ou saliva
-manter a higiene dos estábulos e instrumentos
-armazenar os agentes químicos de forma segura e organizada (9)
-valorizar os obstáculos no solo e corrigir chãos desnivelados (12).
Casos especiais
Trabalhadoras grávidas deverão ter cuidados redobrados em relação a traumatismo e agentes biológicos relevantes, bem como com temperaturas extremas (1). As crianças deverão ser alvo de supervisão mais intensa também (7) (15).
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
O setor apresenta várias atividades muito distintas e, cada uma delas, por sua vez, fatores de risco e riscos muito diversificados. A literatura técnica não é escassa e tem boa qualidade. Contudo, tendo em conta as particularidades tão únicas destes animais e as questões técnicas associadas, faria sentido que empresas prestadoras de serviços de Saúde e Segurança com clientes nesta área se debruçassem mais sobre o estado da arte a nível nacional, nomeadamente número de funcionários, postos/tarefas, principais riscos/fatores de risco, métodos de avaliação de risco mais adequados ao setor, sintomas (quais e prevalência), doenças profissionais (suspeitas, declaradas e reconhecidas), sinistralidade (áreas corporais mais afetadas, tipos de lesão) e limitações laborais associadas.
CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS
Nada a declarar.
AGRADECIMENTOS
Nada a declarar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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- C11. Davies E, McConn-Palfreyman W, Parker J, Cameron L, Williams J. Is injury an occupational Hazard for Horceracing staff? International Journal of Environental Research and Public Health. 2024; 19: 2054. DOI: 10.3390/ijerph19042054
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- C7. OHS in Horse Stables. Government of Western Australia, Department of Commerce. (sem a ano): 1-12.
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- L1. Worksafe/Workcover. Tasmânia. Disponível em: https://worksafe.tas.gov.au/topics/Health-and-Safety/hazards-and-solutions-a-z/hazards-and-solutions-a-z-pages/a/animal-handling/horse-and-stable-safety
- L5. Oregan State University- Occupational Health Services. Ddisponível em: https://occupationalhealth.oregonstate.edu/horses
- C5. Guide to Managing Risks around Horses for inexperienced persons. Five. (sem ano): 1-17.
- C1. Buffin K, Cowie H, Galea K, Connolly A, Coggins M. Occupational Exposures in an Equestrian Centre to respirable dust and respirable crystalline silica. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2019; 16: 3226. DOI: 10.3390/ijerph12173236
- L6. UK Health and Safety. Disponível em: https://www.shropshire.gov.uk/environmental-health/health-and-safety/health-and-safety-for-business/guidance-notes/horse-riding-establishments/
- C9. NSW Government. Code of pratice managing risks when new or inexperienced riders or hanclers interact with horses in the workplace. 2017, 1-36.
- C8. Horse Racing Ireland. Health, Safety and Well-beeeing Guide for the Horse Breeding and Racing Sectors. 2022: 1-110.
- C6. FU Mutual. Risk Management Services. Risk Management guide for Equestrian Premises. (sem anos): 1-5.
- L4. Worksafe- Mahi Haumani Aoteanoa. Disponível em: https://www.cbp.com.au/insights/insights/2014/september/managing-risk-around-horses-safe-work-australia-r
- C13. Myddelton College. Pony Club Risk Assessment. Health and Safety. 2021: 1-7.
Quadro 1: Pesquisa efetuada
Motor de busca | Password 1 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
RCAAP | Centro hípico | -título e/ ou assunto
|
10 | 1 | Sim |
Cavalo | 339 | 2 | Não | ||
Equestre | 47 | 3 | Sim | ||
EBSCO (CINALH, Medline, Database of Abstracts and Reviews, Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health Collection e MedicLatina) | Equestrian center | -2013 a 2023
-acesso a resumo -acesso a texto completo |
3 | 4 | Sim |
Equestrian | 68 | 5 | Sim | ||
Horses | 3 | 6 | Sim | ||
Stables | 56.110 | 7 | Não | ||
Stables + occupational | 825 | 8 | Não | ||
Stables + occupational health | 220 | 9 | Sim |
Nota: selecionaram-se 13 documentos da EBSCO (dos quais se utilizaram 11), bem como 6 links (dos quais se fizeram uso de 5).
(1)Mónica Santos
Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online; Técnica Superior de Segurança no Trabalho; Doutorada em Segurança e Saúde Ocupacionais e CEO da empresa Ajeogene Serviços Médicos Lda (que coordena os projetos Ajeogene Clínica Médica e Serviços Formativos e 100 Riscos no Trabalho). Endereços para correspondência: Rua da Varziela, 527, 4435-464 Rio Tinto. E-mail: s_monica_santos@hotmail.com. ORCID Nº 0000-0003-2516-7758
Contributo para o artigo: seleção do tema, pesquisa, seleção de artigos, redação e validação final.
(2)Armando Almeida
Escola de Enfermagem (Porto), Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde; Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 4420-009 Gondomar. E-mail: aalmeida@ucp.pt. ORCID Nº 0000-0002-5329-0625
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.
(3)Dina Chagas
Doutorada em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho; Pós-Graduada em Segurança e Higiene do Trabalho; Pós-Graduada em Sistemas Integrados de Gestão, Qualidade, Ambiente e Segurança. Professora convidada no ISEC Lisboa. Membro do Conselho Científico de várias revistas e tem sido convidada para fazer parte da comissão científica de congressos nos diversos domínios da saúde ocupacional e segurança do trabalho. Colabora também como revisor em várias revistas científicas. Galardoada com o 1.º prémio no concurso 2023 “Está-se Bem em SST: Participa – Inova – Entrega-Te” do projeto Safety and Health at Work Vocational Education and Training (OSHVET) da EU-OSHA.1750-142 Lisboa. E-Mail: dina.chagas2003@gmail.com. ORCID N.º 0000-0003-3135-7689.
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.