PROPOSAL FOR A RESEACH PARTNERSHIP: EVALUATION OF WORK CAPACITY FOR OLDER WORKERS
TIPO DE ARTIGO: Protocolo de Investigação
AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2).
INTRODUÇÃO TEÓRICA
O envelhecimento demográfico é um fenómeno à escala mundial que começou a ganhar dimensão sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial. Associado, surge o envelhecimento laboral, estimando-se que a curto e médio prazos, os trabalhadores atuais com mais idade irão abandonar o trabalho remunerado e, em alguns países, não existirão jovens disponíveis em número suficiente, para os substituir, mesmo contando com os efeitos das políticas entretanto criadas, que tentam contrariar a situação.
Os modelos organizacionais do trabalho estão a ficar desatualizados perante o envelhecimento e face aos novos fluxos migratórios, secundários a crises económicas e bélico/ religiosas, bem como em relação ao desemprego de longa duração e necessidade de flexibilização.
O envelhecimento geralmente associa-se a uma diminuição das capacidades aeróbica, muscular, termoregulatória e cognitiva; o que poderá alterar a capacidade de trabalho; o exercício potencia essa capacidade e atenua o envelhecimento e as doenças associadas. Podem surgir ainda perda de audição (quer pelo envelhecimento do ouvido, quer pela exposição mais prolongada ao ruído) e de visão (sobretudo ao perto). Contudo, o envelhecimento global também depende de variáveis individuais (como antecedentes patológicos, personalidade e genética).
Alguns autores defendem que a capacidade de gerir o stress pode diminuir com a idade; contudo, também costumam aumentar a responsabilidade, a experiência e a autonomia laboral; outros acreditam que fica potenciado o pensamento estratégico, conhecimentos, capacidade de decisão a até podem ser aperfeiçoadas algumas competências linguísticas. Contudo, na realidade, não existem consensos entre os investigadores, dado o número e complexidade das variáveis envolvidas.
Acredita-se que cada vez mais aumente o desequilíbrio entre as habilitações, capacidades da população ativa e as necessidades do mercado laboral.
Quando o ambiente de trabalho está melhor adaptado ao trabalhador, maior é a produtividade e a satisfação e menor o risco de sinistralidade e patologias, contribuindo tal para a existência de uma vida laboral prolongada e maior taxa de permanência no mesmo posto de trabalho. Planos de educação e promoção para a saúde atenuam a incidência e gravidade de algumas patologias e potenciariam o desempenho laboral, mesmo para idades mais avançadas.
Infere-se que a adoção de políticas laborais visando a otimização do desempenho dos trabalhadores mais velhos terão cada vez mais relevância e a Saúde Ocupacional poderá exercer um papel central. Estima-se, por exemplo, que na UE (União Europeia), em 2025, o número de funcionários com 50 ou mais anos será o dobro daqueles com 25 ou menos, contrastando com 2010, onde apenas 30% dos indivíduos entre os 60 e os 64 anos estava empregado.
Segundo o Eurostat, dos cerca de 220 milhões de indivíduos que trabalhavam na UE28 em 2015, 26.13% tinha entre 45 e 54 anos, 15.65% entre 55 e 64, e com mais de 65 anos surgiam 2,32% dos trabalhadores; a população com idade inferior a 25 anos ocupava apenas 8,23% da população empregada. Essa tendência irá manter-se, até porque a esperança de vida à nascença está nos 80,9 anos (aumentou 2,5 anos na última década) e a esperança de vida após os 65, nos 20 anos, cifrando-se o índice de longevidade nos 27,8; simultaneamente a taxa de natalidade continua a baixar, atingindo em 2015, o valor mais baixo (10 nascimentos por cada 1000 habitantes), fixando o índice de envelhecimento nos 119,8% (Eurostat, 2016).
Nos EUA, por exemplo, os indivíduos com 65 ou mais anos são o setor populacional que mais cresceu; aliás estima-se que a prevalência duplique até 2050 (de 6 para 11%). Entre 2010 e 2013 os indivíduos entre 20 e 64 anos irão aumentar cerca de 10%, enquanto aqueles com 65 ou mais anos aumentarão 80%. Para os norte-americanos, desde 1950, a esperança média de vida aumentou quatro e cinco anos para os géneros masculino e feminino, respetivamente. Estima-se que possam ser acrescentados mais dois anos até 2050.
-Portugal
A população residente portuguesa diminuiu nos anos sessenta devido à emigração, ainda que no final da década seguinte tenham ocorrido focos significativos de imigração (sobretudo das ex-colónias); apesar que estes, nas últimas décadas, saíram parcialmente do país. Paralelamente, têm ocorrido diminuição da fecundidade e natalidade; adicionando um aumento da esperança média de vida e a redução da mortalidade infantil, obtemos um envelhecimento significativo da população, tal como já se mencionou para a Europa, o que trará cada vez mais dificuldades a nível da sustentabilidade da Segurança Social.
O índice de envelhecimento em Portugal (ou seja, a proporção entre indivíduos com 65 ou mais anos e com menos de 15) passou de 32,9 em 1970 para 143,9% em 2015- valor esse superior ao da generalidade dos países europeus; em 2060 estima-se que tal passará para 464%. O índice de dependência de idosos também é superior em Portugal (comparando com outros países da UE). Em 2016, 4,6% da população ativa tinha 65 ou mais anos.
OBJETIVOS
Pretende-se investigar se a capacidade de trabalho varia com o envelhecimento.
METODOLOGIA
Os autores vêm por este meio solicitar a primeira parceria(s) de investigação da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line, entre profissionais da saúde ocupacional, a exercer em empresas que tenham pelo menos cem funcionários com menos de 30 anos e pelo menos cem funcionários com 50 ou mais anos.
O instrumento de recolha de dados irá conter ainda questões relativas à autoperceção da adequabilidade das acuidades visuais e auditivas às tarefas laborais, bem como alterações nas mesmas ao longo dos anos; autoperceção de valorização profissional da parte do empregador, chefias e colegas; classificação global do ambiente de trabalho; idade com que os funcionários se imaginam reformar; opinião sobre um horário que permita uma transição gradual entre a vida ativa e a reforma; bem como o que os trabalhadores gostariam que fosse alterado de forma a adaptar os postos de trabalho a indivíduos menos jovens e se o horário atual incluiu ou não a rotação para turnos noturnos, caso se aplique.
Pretende-se comparar os funcionários com cinquenta ou mais anos (grupo em estudo) com os que têm até trinta anos (grupo de controlo).
Os objetivos do estudo serão clarificados a todos os trabalhadores e será solicitada a participação livre e esclarecida no estudo; a participação será voluntária, anónima e não existirão quaisquer consequências em caso de recusa; os dados serão tratados de forma a garantir o anonimato.
A análise descritiva e inferencial será realizada com a ajuda do software SPSS24.
Parceria
Os profissionais da Saúde Ocupacional interessados em participar (que passariam a ser co-autores do projeto) deverão remeter para o e-mail do primeiro autor ou da revista a sua identificação e resumo curricular, bem como identificação da empresa onde se efetuaria o estudo, número de funcionários inseridos nas duas classes etárias destacadas e respetiva autorização da Direção da mesma para a execução do estudo e divulgação científica dos dados. Os co-autores deverão passar o questionário fornecido aos trabalhadores e registar os dados em folha de spss, no prazo combinado; deverão também enviar a autorização por escrito de cada participante, para que os autores efetuem o tratamento estatístico e tarefas posteriores ao mesmo.
Os autores esperam que o projeto de investigação seja concluído ainda em 2017, desejavelmente, através da publicação de um ou mais artigos e que dele resultem dados úteis para os profissionais a exercer na Saúde Ocupacional.
BIBLIOGRAFIA
Santos M, Almeida A. Saúde Ocupacional aplicada a Trabalhadores menos jovens. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 2017, volume 3, 1-12.
PORDATA. Base de Dados Portugal Contemporâneo. Fundação Franscisco Manuel dos Santos. 2017. Consultar em: http://www.pordata.pt/Home
(1) Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Presentemente a exercer nas empresas Medicisforma, Clinae, Servinecra e Serviço Intermédico; Diretora Clínica da empresa Quercia; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; Endereços para correspondência: Rua Agostinho Fernando Oliveira Guedes, 42 4420-009 Gondomar; s_monica_santos@hotmail.com.
(2) Mestre em Enfermagem Avançada; Especialista em Enfermagem Comunitária; Pós-graduado em Supervisão Clínica e em Sistemas de Informação em Enfermagem; Docente na Escola de Enfermagem (Porto), Instituto da Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Diretor Adjunto da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; aalmeida@porto.ucp.pt.
Santos M. Almeida A, Proposta de Protocolo de Investigação associado à Avaliação da Capacidade de Trabalho dos Funcionários menos jovens. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2017, volume 3, s13-s15. DOI;10.31252/RPSO.30.05.2017