INVESTIGATION PROTOCOL ASSOCIATED WITH OCCUPATIONAL NURSING
TIPO DE ARTIGO: Protocolo de Investigação
AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2).
INTRODUÇÃO TEÓRICA
A legislação exige que os Enfermeiros do Trabalho (ETs) devem ter habilitações adequadas a tal atividade. Apesar da variabilidade curricular da licenciatura em Enfermagem, genericamente, não é dado grande destaque à Saúde Ocupacional (SO), e a formação pós-graduada direcionada às necessidades específicas destes profissionais apenas foi definida pela Direção-Geral da Saúde em Outubro de 2015.
A SO pode ser vista com ângulos diferentes: pois se em alguns casos esta é encarada como a abordagem restrita às alterações na saúde que as condições laborais podem acarretar, noutros países/ empresas ela é vista como um conceito muito mais abrangente, onde também se inserem outros aspetos não laborais que interferem com a saúde do trabalhador e/ou até mesmo englobando a própria família e/ ou comunidade.
Na generalidade dos casos, os Enfermeiros são recrutados para executar pacotes pré-formatados de exames requisitados comercialmente (ECG, acuidade visual e auditiva, glicemia, combur, entre outros), por vezes sem relevância ocupacional para o posto em questão, ficando por explorar o real papel que estes poderiam adquirir dentro da equipa de Saúde Ocupacional. Assim, a maioria das empresas prestadoras de serviços de Saúde Ocupacional e até mesmo os empregadores têm geralmente uma visão extremamente limitada relativa às potencialidades destes profissionais.
A Organização Mundial da Saúde atribui, desde 2001, diversos papeis ao ET. No momento em que se discute se a Enfermagem do Trabalho deveria tornar-se uma especialidade ou se é uma área da Enfermagem Comunitária com Competências Acrescidas, seria interessante clarificar qual o contributo que estes profissionais têm para dar à sociedade.
Uma revisão bibliográfica sobre a Enfermagem do Trabalho no mundo, revelou que ao longo dos últimos anos as tarefas predominantemente curativas deram lugar a outras de prevenção e de gestão, sendo inúmeros os programas que o ET tem capacidade para orientar, centrados na Educação e Promoção para a Saúde, como são exemplos: orientação em Programas de Consumo de Substâncias Psicoativas (tabaco, álcool, marijuana); assessoria a nível de Sustentabilidade Ambiental (em contexto laboral ou até global); promoção da Saúde do viajante; acompanhamento de processos de Lay-offs/ Despedimentos/ Reformas; programas de promoção da amamentação; colaboração com a Higiene e Segurança no trabalho; Tratamento da Obesidade e Ginástica Laboral.
O próprio acompanhamento direto do trabalhador (via telefone ou por visita domiciliária) facilita a cura, aumenta a satisfação do funcionário e encurta a ausência ao trabalho e eventuais limitações profissionais posteriores, tenha a situação de base etiologia laboral ou não e referenciando para serviços de saúde mais especializados, quando necessário. Para além disso, dado o teor dos assuntos existentes entre funcionário e entidade empregadora, parte dos quais alvo de sigilo médico, o ET está em posição privilegiada para, sem nunca quebrar esse ponto, defender os interesses de todas as partes. Independentemente das tarefas realizadas e/ou projetos implementados, a afirmação destes profissionais terá de passar pela produção de indicadores de resultado e não cingir-se apenas à produção de indicadores de processo e estrutura.
OBJETIVOS
Pretende-se com este projeto conhecer a forma como, no momento, se exerce a Enfermagem do Trabalho em Portugal e, desejavelmente, inferir medidas promotoras de mudança para melhor aproveitar o potencial destes profissionais.
METODOLOGIA
E um estudo descritivo, correlacional, de carater transversal.
Para a recolha de dados optou-se pelo preenchimento de um questionário online que foi disponibilizado aos ET, com a colaboração da Ordem dos Enfermeiros, entre abril de 2016 e abril de 2017.
Foram elaboradas questões relativas ao número de anos que o Enfermeiro estava licenciado, quantos anos se dedicava à Saúde Ocupacional e em horário parcial ou integral e tipo de serviço (interno, externo), quais as habilitações nesse contexto, existência ou não de autorização pela DGS, motivações para trabalhar nesta área, o que achava que o empregador esperava do seu trabalho, quais os indicadores que produzia, quais as motivações que reconhecia no empregador para o contratar, qual a autonomia para gerir ou propor tarefas diferentes, bem como quais os aspetos mais positivos e negativos da Enfermagem do Trabalho.
Para o tratamento estatístico serão utilizadas medidas de tendência central para descrever os achados e estatística inferencial paramétrica e não paramétrica para testar as associações entre variáveis. Os dados serão tratados através do SPSS24.
EXPETATIVAS
Os autores esperam que o projeto de investigação seja concluído ainda em 2017, através da publicação de um ou mais artigos e que dele resultem dados úteis para os profissionais a exercer na Saúde Ocupacional.
BIBLIOGRAFIA
Santos M. Dificuldades na Saúde Ocupacional. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2016, volume 1, 1-3.
OMS Europa. The Role of the Occupational Health Nurse in Workplace Health Management. 2001.
Santos M; Almeida A. A Enfermagem na Equipa de Saúde Ocupacional. Revista de Enfermagem Referência; III Série – n.°6 – Mar. 2012, pp.147-155
(1) Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Presentemente a exercer nas empresas Medicisforma, Clinae, Servinecra e Serviço Intermédico; Diretora Clínica da empresa Quercia; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; Endereços para correspondência: Rua Agostinho Fernando Oliveira Guedes, 42 4420-009 Gondomar; s_monica_santos@hotmail.com.
(2) Mestre em Enfermagem Avançada; Especialista em Enfermagem Comunitária; Pós-graduado em Supervisão Clínica e em Sistemas de Informação em Enfermagem; Docente na Escola de Enfermagem (Porto), Instituto da Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Diretor Adjunto da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; aalmeida@porto.ucp.pt.
Santos M, Almeida A. Protocolo de Investigação associadoà Enfermagem do Trabalho. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2017, volume 3, s16-s17. DOI:10.31252/RPSO.10.05.2017