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Estatuto editorial

Nanotecnologia e Saúde Laboral

13 Maio, 2016Artigos da Equipa Técnica, Resumo de Trabalhos Divulgados noutro Contexto
TIPO DE ARTIGO: Resumo de Trabalho divulgado noutro contexto
AUTORES
: Santos M (1), Almeida A (2).

 

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A nanotecnologia está, desde alguns anos, a ser desenvolvida de forma muito intensa, pelo que existem cada vez mais nanomateriais, prevendo-se que, para futuro, tal se acentue. Contudo, a acumulação destes produtos poderá ser nefasta para o ambiente e para a saúde. Todos os indivíduos estão em contato com estas substâncias mas alguns, pela sua profissão, têm uma exposição ainda mais relevante.

 

CONTÉUDO

Definição

Por definição, nanopartículas têm pelo menos uma das dimensões entre 1 a 100 nanómetros; ou seja, podem ter o mesmo tamanho que células, proteínas ou vírus; tendo sido oficialmente descobertas na década de 80.

 

Evolução

A primeira geração de nanopartículas era constituída por estruturas passivas; por volta de 2005 apareceu a segunda geração caraterizada por nanoestruturas ativas, com capacidade de armazenamento e conversão energéticos; em 2010 criaram-se os nanosistemas, ou seja, conjuntos heterogéneos de várias nanoestruturas, com uma funcionalidade ainda mais diversificada.

As nanopartículas podem se acumular no ar, solo e água. Estimava-se no passado que, em 2014, cerca de 11% dos postos de trabalho na indústria lidariam com estes produtos.

 

Aplicações concretas

São usadas em variadíssimos setores, nomeadamente na eletrónica (peças de computador), medicina, produtos cosméticos e protetores solares, produtos odontológicos, materiais de construção civil, peças para automóveis, produtos de limpeza, têxteis, energia, agricultura, purificação da água, indústria alimentar, tecnologia aeroespacial, entre outras. Acredita-se que, semanalmente, surjam três a quatro novos produtos no mercado; aliás prevê-se que esta indústria no seu global seja das que mais rapidamente se desenvolverá ao longo de toda a história da humanidade.

 

Algumas aplicações médicas

 Através da nanotecnologia é possível criar um sistema que leve um fármaco ao seu alvo, apenas na dose certa e de forma muito específica, maximizando a eficácia e diminuindo os efeitos secundários; o produto administrado também pode ser um fragmento de material genético. O material de revestimento dos nanosistemas tem sido aperfeiçoado, de forma a aumentar a eficácia e ter a menor interferência possível no sistema imune. A utilização desta metodologia para tratamento oncológico também parece muito promissora (quer por destruição seletiva apenas das células cancerígenas, quer das células vasculares que alimentam o tumor); tal como a circulação de fármacos para o Sistema Nervoso Central, capaz de ultrapassar a respetiva barreira química que o deixa isolado do efeito da maioria dos medicamentos. Além disso, células com agentes infeciosos nelas inseridos também podem ser seletivamente destruídas. Até a administração de vacinas pode utilizar esta tecnologia. Também é possível identificar proteínas específicas, que se saibam estar ligadas a alguma patologia, como é o caso da substância beta-amiloide e a doença de Alzheimer. É ainda possível realizarem-se doseamentos de algumas substâncias (por exemplo, glicose). Controlando os ciclos celulares acredita-se que será possível produzir determinados tecidos de órgãos, para enxertos ou transplantes, futuramente. Outros investigadores defendem também que será possível a criação de células sanguíneas artificiais, que eliminariam o risco de transmissão de doenças infeciosas que as transfusões podem acarretar.

 

Vias de entrada no organismo

As caraterísticas físico- químicas dos nanomateriais (como tamanho, superfície, revestimento, forma, solubilidade, carga elétrica e recetores) vão determinar a maior ou menor facilidade com que entram para o organismo; por exemplo, dentro de uma mesma substância, quanto menor for a dimensão, maior será a reatividade (sobretudo quando se atinge o nível nanométrico) e a capacidade de penetração no organismo; o quociente comprimento/ diâmetro também influencia tal. Estas estruturas têm uma grande tendência para a aglomeração, ou seja, para se juntarem através de forças relativamente fracas, cuja ligação pode ser reversível. Ainda assim, acredita-se que estes materiais possam ser mais resistentes que o diamante ou o aço e mais leves que o alumínio

As principais vias de entrada no corpo humano são a cutânea, gastrointestinal (por contaminação da comida/ bebida ou por transferência mão-boca), respiratória e ocular. Contudo, a nível laboral a mais importante é a via inalatória. As partículas dispersam-se com muita facilidade e, tendo a capacidade de se manter suspensas, rapidamente entram em contacto com o aparelho respiratório ou com a pele, sobretudo se descoberta. A penetração por via cutânea será também tanto mais intensa quanto menos íntegra estiver a pele (situação essa razoavelmente frequente em algumas profissões de risco); para além disso, quanto maior for a absorção, mais danificada ficará a barreira de proteção que a pele deveria constituir, constituindo-se um ciclo vicioso.

 

Toxicidade

As nanopartículas são muito resistentes, pelo que se vão acumulando ao longo da cadeia alimentar. Para além disso, estas partículas não constituem um grupo homogéneo; por exemplo, estima-se a existência de 50.000 tipos diferentes de nanotubos de carbono, entre todos os outros tipos de nanotubos, pelo que elaborar guidelines generalistas que abarquem todos os casos seja muito difícil. Por vezes, alguns nanomateriais podem conter contaminantes que aumentam ainda mais a toxicidade.

Após deposição no pulmão (facto esse possível devido às dimensões muito pequenas), estas substâncias facilmente chegam a outras zonas distantes do corpo, através da circulação sanguínea e/ ou linfática (como o cérebro, coração, fígado ou até medula óssea). Deve-se realçar que a deposição pulmonar fica potenciada com a atividade física, que também é frequente em alguns postos de trabalho.

O material considerado “estranho” pelo sistema imune é destruído pelos neutrófilos, libertando-se no processo vários mediadores inflamatórios. Estudos em ratos verificaram um aumento da incidência de granulomas e fibrose ou até mesoteliomas, sobretudo com exposições prolongadas e intensas.

Alguns autores acreditam que poderá surgir alteração no controlo do ritmo do coração e outras caraterísticas cardíacas funcionais, aumentando assim também o risco de enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e até episódios de morte súbita; para o qual também certamente contribui o atingimento das placas de aterosclerose.

Algumas investigações também alegam como provada a toxicidade renal destes produtos.

 

Legislação

Na generalidade dos países, a legislação é inexistente ou francamente insuficiente, devido ao difícil equilíbrio entre não querer prejudicar a evolução tecnológica em quase todos os setores e as más consequências para o ambiente e saúde, ainda pouco claras. Para além disso, os nanomateriais, como já se mencionou, constituem um grupo muito heterogéneo e em constante evolução.

 

Guidelines

Existem algumas orientações relativas ao manuseamento de nanomateriais, das quais se podem destacar as elaboradas pela instituição alemã BAUA, a Universidade da Califórnia, instituto francês IRSST, instituto de saúde e segurança de Massachusetts e a NIOSH; contudo, nenhuma guideline é consensualmente aceite.

 

Medidas de proteção coletivas

Neste âmbito podem ser consideradas a eliminação dos produtos mais tóxicos e/ou troca por outros de menor toxicidade, bem como isolamento das zonas mais problemáticas e/ou aperfeiçoamento da ventilação, pressão negativa e/ou uso de robots; não esquecendo a monitorização ambiental e medidas de organização do trabalho, como turnos rotativos nas tarefas de maior risco. Alguns autores também recomendam que nas áreas de trabalho seja proibida a ingestão de comida e bebida, bem como tabagismo; outros também acrescentam que poderá haver risco até com a aplicação local de cosméticos.

 

Medidas de proteção individual

A nível de EPI (equipamentos de proteção individual) são destacados o uso de máscara respiratória com filtro, fato, luvas sem pó, óculos, calçado fechado, calças longas, mangas compridas e casaco; alguns autores até sugerem o uso de dois pares de luvas. No armazenamento destas substâncias deve ficar claro bem claro o conteúdo e, mesmo os funcionários de limpeza ou embalamento dever usar os EPI adequados. Aliás, a roupa de trabalho deve ficar separada da que os funcionários usam para a viagem até casa.

 

Monitorização

A biomonitorização é controversa devido à falta de parâmetros seguros, com pontos de corte consensuais; aliás, se o nosso conhecimento é rudimentar acerca das consequências para a saúde, mais pequeno é ainda para os eventuais marcadores associados; para além disso, o tempo de latência é prolongado.

 

CONCLUSÕES

O desenvolvimento da nanotecnologia será muito intenso nas próximas décadas mas, na verdade, para além dos benefícios incríveis de situações que agora nos parecem apenas ficção científica, existirão obviamente consequências para o ambiente e para a saúde, ainda que, nesta fase, exista apenas uma ideia rudimentar das mesmas. Contudo, a Equipa de Saúde Ocupacional deverá estar muito atenta a este tema, desenvolvendo aspetos defendidos pela generalidade das Guidelines relativamente à prevenção (quer coletiva, quer individual), de forma a proporcionar, teoricamente, o ambiente laboral mais seguro possível para o trabalhador, entidade empregadora e comunidade.

 

BIBLIOGRAFIA

Santos M, Almeida A. Nanomundo da Saúde Ocupacional. Revista Segurança. 2013, novembro- dezembro, nº 217, 22-24.

 

(1) Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Presentemente a exercer nas empresas Medicisforma, Clinae, Servinecra e Serviço Intermédico; Diretora Clínica da empresa Quercia; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; Endereços para correspondência: Rua Agostinho Fernando Oliveira Guedes, 42 4420-009 Gondomar; s_monica_santos@hotmail.com.
(2) Mestre em Enfermagem Avançada; Especialista em Enfermagem Comunitária; Pós-graduado em Supervisão Clínica e em Sistemas de Informação em Enfermagem; Docente na Escola de Enfermagem, Instituto da Ciências da Saúde- Porto, da Universidade Católica Portuguesa; Diretor Adjunto da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. Residente no distrito do Porto; aalmeida@porto.ucp.pt

Santos M, Almeida A. Nanotecnologia e Saúde Laboral. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2016, volume 1, S161-S165. DOI:10.31252/RPSO.13.05.2016
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