Santos M, Almeida A, Chagas D. Estufas em contexto de Saúde e Segurança Ocupacionais. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2024, 18, esub476. DOI: 10.31252/RPSO.30.11.2024
GREENHOUSES IN OCCUPATIONAL HEALTH AND SECURITY CONTEXT
TIPO DE ARTIGO: Artigo de Revisão
AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2), Chagas D(3).
RESUMO
Introdução/enquadramento/objetivos
A Agricultura no geral já é uma atividade sujeita a fatores de risco/riscos laborais consideráveis; quando esta é praticada em ambiente de estufa, em função da dimensão eventualmente reduzida/fechada e interação de tal com agentes químicos e biológicos (não só, mas sobretudo), a situação poderá ficar mais perigosa. Pretendeu-se com esta revisão resumir o que de mais recente e importante se divulgou sobre o tema.
Metodologia
Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em abril de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
Conteúdo
O número de estufas tem vindo a aumentar, dada a maior necessidade de produzir produtos agrícolas, fora da época sazonal natural, através do aumento ou da diminuição da temperatura no interior da estufa, fornecendo ainda proteção contra pragas, como insetos. Para além disso, a generalidade dos produtos obtidos apresenta valor nutricional acrescido, reduzindo o consumo de água e, por isso, é menor a pegada ecológica.
Nos resultados são fornecidos mais dados generalistas do setor, bem como algum desenvolvimento dos principais fatores de risco laborais (desconforto térmico, agentes químicos e biológicos, alérgenos, radiação ionizante- radão e ultravioleta, iluminância e eventual contato com eletricidade), bem como medidas de proteção coletiva e individual, sinistralidade e doenças profissionais; sendo que em alguns destes itens a informação foi deveras escassa.
Discussão e Conclusões
Se alguns fatores de riscos/riscos laborais são óbvios, outros são mais discretos e/ou associados a algumas empresas e não a todas, de forma homogénea. Ainda assim, não se trata se de um setor muito estudado internacionalmente, pelo que se tornaria razoavelmente fácil generalizar dados obtidos a partir da realidade nacional, da parte de equipas com clientes neste ramo, desde que tratados com rigor e divulgados no formato de artigo(s) científico(s).
PALAVRAS-CHAVE: estufas, saúde ocupacional, medicina do trabalho, enfermagem do trabalho e segurança no trabalho.
ABSTRACT
Introduction/framework/objectives
Agriculture in general is already an activity subject to considerable occupational risk/risk factors; when this is practiced in a greenhouse environment, due to the possibly reduced/closed size and interaction of such with chemical and biological agents (not only, but above all), the situation may become more dangerous. This review was intended to summarize the most recent and important information that has been published on the topic.
Methodology
This is a Bibliographic Review, initiated through a search carried out in April 2024 in the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina and RCAAP”.
Content
The number of greenhouses has been increasing, given the greater need to produce agricultural products, outside the natural season, by increasing or decreasing the temperature inside, also providing protection against pests, such as insects. Furthermore, most of the products obtained have increased nutritional value, less water is used and, therefore, the ecological footprint is smaller.
The results provide more general data on the sector, as well as some developments on the main occupational risk factors (thermal discomfort, chemical and biological agents, allergens, ionizing radiation – radon and ultraviolet, illuminance and possible contact with electricity); there is also information about collective and individual protection measures, accident rates and occupational diseases; in some of these items the information was very scarce.
Discussion and Conclusions
If some risk factors/occupational risks are obvious, others are more discreet and/or associated with some companies and not all, in a homogeneous way. Even so, this is not a sector that is widely studied internationally, so it would be reasonably easy to generalize data obtained from the national reality, from teams with clients in this field, as long as they are treated rigorously and published in scientific article.
KEYWORDS: greenhouses, occupational health, occupational medicine, occupational nursing and occupational safety.
INTRODUÇÃO
A Agricultura no geral já é uma atividade sujeita a fatores de risco/riscos laborais consideráveis; quando esta é praticada em ambiente de estufa, em função da dimensão eventualmente reduzida/fechada e interação de tal com agentes químicos e biológicos (não só, mas sobretudo), a situação poderá ficar mais perigosa. Pretendeu-se com esta revisão resumir o que de mais recente e importante se divulgou sobre o tema.
METODOLOGIA
Em função da metodologia PICo, foram considerados:
–P (population): trabalhadores inseridos em Estufas
–I (interest): reunir conhecimentos relevantes sobre a Saúde e Segurança Ocupacionais deste setor
–C (context): saúde e segurança ocupacionais aplicadas ao trabalho em Estufa.
Assim, a pergunta protocolar será: Quais as particularidades, fatores de riscos, medidas de proteção, sinistralidade e doenças profissionais do setor das Estufas?
Foi realizada uma pesquisa em abril de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
No quadro 1 podem ser consultadas as palavras-chave utilizadas nas bases de dados. Para completar dos dados, foi realizada outra pesquisa com as mesmas passwords no motor de busca generalista Google.
CONTEÚDO
Dados Genéricos
A criação de locais com condições especiais para favorecer o crescimento de plantas remonta a 500 AC, nos jardins de Adónis (Grécia), através da aplicação de uma cobertura sobre uma plantação de flores e/ou quando se tentava, por técnicas parecidas, obter produção de pepino todo o ano. Presentemente o processo é mais sofisticado (1).
O número de estufas tem vindo a aumentar (2) (3) (4) (5), dada a maior necessidade de produzir produtos agrícolas (2) (4), fora da época sazonal natural, através do aumento ou da diminuição da temperatura no interior da estufa, fornecendo ainda proteção contra pragas, como insetos. Para além disso, a generalidade dos produtos obtidos apresenta valor nutricional acrescido, reduzindo o consumo de água e, por isso, é menor a pegada ecológica (4).
O revestimento geralmente é de plástico, vidro (2) (3) (6) (90 e 10% respetivamente) (3) ou policarbonato (2), impedindo que o solo reflita a radiação de volta para o espaço (6), materiais estes que possibilitam a passagem da luz solar, necessária à fotossíntese (2). O objetivo é potenciar a produção, diminuir as pragas e outras condições que perturbariam o crescimento (3). Em alguns países muito quentes uma das maiores vantagens das estufas é poupar água (6). As plantas que estão em estufa precisam de condições específicas de luz, calor, humidade e vento/ventilação (2) (3) (6) e composição atmosférica (2).
As estufas também podem ser elétricas, adequadas para zonas com pouco incidência solar (2).
A exposição fica potenciada em estufas devido à área mais restrita, calor e humidade; bem como maior densidade de plantas por área de solo e uso mais intensivo de agentes químicos (3). Trabalhar em estufas poderá potenciar problemas respiratórios (3) (5) e dermatológicos, em função de diversos alérgenos; bem como diminuir a fertilidade e poderá aumentar o risco oncológico (3).
O ritmo de trabalho poderá ser intenso, entre outras questões, porque a remuneração poderá ser proporcional à colheita/número de tarefas executadas. Parte das empresas emprega familiares (por vezes crianças) e/ou migrantes, eventualmente com poucos conhecimentos de segurança e/ou pouca formação, o que poderá limitar a adesão às medidas de proteção, como seguir as instruções de utilização, para além da barreira que o idioma poderá constituir. As condições e o vínculo laboral poderão ser mais precários que nos trabalhadores nacionais (3).
Fatores de Risco Laborais
-desconforto térmico
Existem várias metodologias que conseguem avaliar o stress térmico associado ao calor, com o WBGT (Wet Bulb Globe Temperature), o índice de desconforto e o índice climático térmico universal. Por vezes, apenas a quantificação da temperatura no interior da estufa poderá não ser suficiente; é necessário considerar as outras variáveis do índice WBGT (7).
Os indivíduos mais suscetíveis às temperaturas elevadas são os que têm doença crónica e os que estão nos extremos da idade que, geralmente, não estão em fase de trabalhar. Um ambiente muito quente pode conseguir alterar as funções cardiorrespiratórias, mental e renal, bem como afetar de alguma forma o processo de gravidez. Os trabalhadores com maior probabilidade poderão ter Acidentes Vasculares Cerebrais, lipotímia, cansaço e parestesias. Entre agricultores sul coreanos, dos que referiam sintomas associados ao calor, 7% mencionou ter tonturas enquanto estavam nas instalações (7), por exemplo. O desconforto térmico pode justificar diaforese, astenia, sede e até choque térmico, eventualmente fatal (8).
O stress térmico pode levar a diminuição do bem-estar e da produtividade (2). O desconforto térmico avaliado em algumas estufas, segundo outros autores, não foi preocupante, ainda que atividades físicas mais intensas devam ser evitadas durante o final da tarde (4). Estudos quantificaram que, em algumas estufas, entre as 8 e as 19h, a temperatura pode exceder os 28ºC; temperatura essa que, com trabalho moderado a intenso, pode causar alguns problemas médicos, sobretudo no Verão, situação essa agravada pelo aquecimento global (7).
De realçar que uma parte significativa dos indivíduos que sofrem de alterações associadas ao calor em contexto laboral, trabalha na agricultura. Contudo, neste setor profissional, o stress térmico é avaliado genericamente; no interior das estufas os estudos são ainda mais escassos (7).
Algumas empresas têm já tecnologia inteligente que consegue ajustar a temperatura e a humidade mas, ainda assim, sempre com o objetivo de potenciar as melhores condições para as plantas e não propriamente conforto térmico para os trabalhadores. O facto de a temperatura ser ou não adequada depende da intensidade física do trabalho, número de horas no turno e pausas, roupa, climatização e sensibilidade individual; bem como índice de massa corporal, hidratação, aptidão cardiovascular, patologias e idade. Em algumas circunstâncias a pausa recomendada poderá ser de 75% ou mais do tempo de trabalho (7). Há conforto térmico se o indivíduo estiver em homeotermia, ou seja, em equilíbrio com o meio ambiente e o metabolismo; nestas condições não existem arrepios/tremor ou sudorese, nem pele seca ou secura nas mucosas orais. O conforto térmico é avaliado através da interação entre temperatura, humidade, velocidade do vento e calor radiante. O vestuário é relevante porque pode funcionar como barreira entre a pele e o ambiente, modulando as trocas de calor (2).
A ventilação dentro das estufas poderá ser tecnicamente difícil e poderá não ser do interesse da colheita baixar a temperatura. A temperatura dentro das estufas também depende do clima exterior, ventilação e outras caraterísticas da construção, nomeadamente abertura de janelas e teto e do número de horas de sol (7). A ventilação pode ser executada por ventoinhas mecânicas (7) (8) antes ou durante a execução das tarefas; estas devem existir em número adequado e estarem corretamente posicionadas (8). A temperatura e a humidade são muito moduladas pela ventilação (abertura de estruturas) e pelo vento exterior (7). O controlo da temperatura e ventilação poderá ser manual ou mais sofisticado e baseado em sensores, como já se mencionou. O aquecimento poderá ser à custa do aumento da temperatura do ar ou da água a circular em tubagens (3).
O material de construção geralmente incide em plástico, rede e/ou vidro, ainda que variável entre países; nos mais frios (como no norte da europa, é mais frequente o vidro); o plástico em específico geralmente é o polietileno (7).
A temperatura poderá atingir valores na ordem dos 48ºC e a humidade poderá ir até os 97% (3). Com humidade relativa superior a 60 a 70%, as consequências do aumento de temperatura podem ficar mais relevantes (8). A humidade e a temperatura alteram o risco de exposição direta e indiretamente, por exemplo, pela maior ou menor facilidade em usar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e ambas podem potenciar o desconforto dos funcionários. Para além disso, a temperatura elevada diminui a eficácia da proteção dos equipamentos; estando com a pele mais húmida a absorção cutânea também pode ficar potenciada por vezes na ordem dos 60% (3).
A nível de Medidas de proteção coletiva foram mencionadas a eliminação de algumas espécies (usar plantas mais resistentes a pragas, alteração de temperatura e humidade), substituição de uso de alguns agentes químicos por métodos de controlo biológico, por exemplo, tirar proveito de algumas medidas de engenharia (como potenciação da ventilação, equipamentos de aplicação de pesticidas mais eficazes e seguros) e, a nível administrativo, por exemplo, promover a formação, rotatividade e diminuição do tempo de exposição (3).
Não esquecer que as estufas também podem proteger as plantas da calor e vento (6), mas, classicamente, a temperatura e a humidade geralmente são elevadas (2) (5) (6) (9) e o ar não é muito renovado (5)
-agentes químicos
Usam-se agentes químicos para intensificar ou retardar o crescimento de plantas e/ou controlar pragas, criando-se assim um ambiente que poderá não ser saudável para os trabalhadores (1).
O uso de pesticidas tem vindo a aumentar para potenciar a produção (10). Os agentes químicos podem entrar para o organismo vias cutâneas, inalatória (3) (11) (12) e digestiva (3) (13); a primeira parece corresponder a 98% da exposição global (3). A exposição fica potenciada em estufas porque o espaço é fechado e a concentração fica superior (5) (10) (11) (14); ou seja, a nuvem de pulverização dura mais tempo (10).
Os pesticidas incluem os inseticidas, fungicidas e herbicidas (10); os mais usados são os primeiros (3). A nível químico podem ser ácidos amídicos, triazinas, ureias, organofosforados, organiclorados, carbamatos e piretroídes. Os organofosforados são os mais usados (10) (3); se inalados podem levar à broncoconstrição e broncorreia (2).
Parece existir mais contaminação na zona inferior do corpo, como anca, tornozelos e pés, para a generalidade dos funcionários; nos que aplicam o produto diretamente, a contaminação é anatomicamente mais homogénea, devido ao spray e ao contato mais precoce com as plantas pulverizadas (15). Outros publicaram que ao preparar o produto as mãos e os braços são as áreas corporais mais atingidas; ao aplicar o produto, parece ser mais relevante as coxas e os membros inferiores, bem como mãos e membros superiores (3). Uma parte do produto que não atinge o alvo e é perdida para a atmosfera- “spray drift” é mais relevante em estufa (10). Por vezes, quando usam sprays de dispersão potentes, algumas gotas podem ser ingeridas no momento; com jatos menos potentes torna-se importante a via cutânea (13). As áreas corporais menos atingidas são o peito e a face. O uso de EPIs de forma adequada parece dar uma proteção de 85 a 98%; potenciada pela troca da farda e higiene dos equipamentos (11). A distribuição de pesticidas depende do tamanho das partículas, bem como da temperatura e humidade; levar isto em consideração poderá potenciar a proteção (15). Parte do contato com pesticidas em trabalho de estufa poderá ocorrer através das mãos; por vezes os trabalhadores preferem usar modelos que apenas dão proteção para escoriações e/ou de materiais mais confortáveis, não valorizando a proteção química (12). As consequências dependem das plantas, técnica de aplicação, caraterísticas do pesticida em si e eventual mistura de vários produtos. Geralmente o ritmo de aplicação do pesticida mais frequente não costuma ser superior a uma vez por semana; muito raramente poderá ser o dobro. O número de vezes que o funcionário entra na estufa é relevante para a exposição porque o risco se mantém por semanas, por vezes, ainda que com menos perigo do que na aplicação direta (3).
Existem várias formas de aplicar os pesticidas: dispositivos dorsais, semi-estacionários e os tratores; os acessórios nas extremidades também fazem diferença na exposição. O contato tanto pode ser indireto, ou seja, com a planta (posteriormente) e/ou com os produtos agrícolas obtidos (10). O instrumento aplicador determina o tamanho das partículas projetadas e tal também influencia a toxicidade, pela maior ou menor suspensão no ar e deposição, fazendo com que a via inalatória possa ficar com a sua importância potenciada ou não. Na maioria dos casos a aplicação dentro de estufas é manual, pelo que fica potenciado o contato com as plantas, até porque as dimensões das estufas não permitem o uso de muitas máquinas. A carga de tarefas dentro das estufas costuma ser elevada, pelo que os funcionários poderão se sentir coagidos a trabalhar mais rapidamente e, eventualmente, abdicar de algumas medidas de segurança, como os EPIs, para serem mais práticos; para além disso, trabalhando mais, também terão mais contato com as plantas e maior exposição. Uma intensidade elevada de trabalho poderá implicar uma frequência respiratória mais intensa (também potenciada pela temperatura) e, assim, a exposição ser superior. Andar para trás enquanto se aplica o pesticida diminuiu a exposição em 70%. Os pesticidas aplicados em estufa permanecem mais tempo do que em campo aberto, ainda que dependa da planta, tipo de agente químico, forma de aplicação, temperatura e ventilação. A concentração máxima atmosférica é no momento da aplicação e vai diminuindo nas horas seguintes. A concentração máxima nas plantas ocorre um a dois dias depois da aplicação. O menor espaço também poderá implicar posturas mais forçadas na generalidade das tarefas executadas em estufa; o que também poderá potenciar a exposição a agentes químicos. Plantas mais altas também aumentam o contato (3). A exposição depende assim do local, mistura de pesticidas, re-entrada no local, tarefas, aplicação interna ou externa, temperatura, humidade, EPIs, higiene, acesso a banho, armazenamento, duração da exposição, estado global de saúde, idade, sexo e estado global de saúde (10).
Dentro das estufas também fica potenciado o contato com os produtos usados na construção da estrutura, como é o caso dos bisfenóis; vias cutânea, inalatória e digestiva; com importância variável consoante o tamanho das partículas (16).
Existem cerca de mais de três milhões de intoxicações agudas associadas a pesticidas por ano, que originam cerca de 220.000 mortes, sobretudo em África, Ásia, América Central e do Sul; estão também estimadas mais de sete milhões de casos de doença a eles associada (aguda e crónica) (10).
Os agroquímicos estão associados a maior probabilidade de doença cardiovascular (17) [como disritmias e insuficiência cardíaca (10)]/respiratória (10) e/ou outras alterações respiratórias (17) (18) [como Doenças Pulmonar Crónica Obstrutiva- DPCO, bronquite e asma (17)]; sintomas mais frequentes nestes trabalhadores são a tosse crónica, dispneia, toracalgia. Numa fase inicial podem existir alterações a nível obstrutivo, mas sem sintomas relevantes; nomeadamente pela exposição a endotoxinas (5). Num estudo palestiniano, por exemplo, quantificou-se que os funcionários, na altura da aplicação dos pesticidas, recorriam a cuidados médicos duas a três vezes por mês, por vezes ficando com os diagnósticos de DPCO e/ou pneumonia (13).
Os pesticidas podem justificar sintomas digestivos (como distensão e dor abdominal) e/ou sintomas irritativos, como prurido ocular e espirros (14).
Podem também existir alterações do sono (18) (14) (inclusive apneia (17) (18) e insónia (18)); bem como depressão, doença de Parkinson (17) (18) e da memória em geral (14); parte das alterações neurológicas dos pesticidas associam-se à inibição da acetilcolinesterase (18). A neurotoxicidade justifica-se pelo acumular de acetilcolina, que leva à síndrome colinérgica aguda, com neurotransmissão contínua. A semiologia da intoxicação aguda inclui astenia, cefaleia, visão turva, confusão, vómitos, dor abdominal, sudorese, salivação excessiva, constrição pupilar; bem como espasmos, lipotímia e convulsões (10).
A exposição crónica pode implicar alterações no SNS, sistema imune, sistema reprodutor e endócrino. Eles também podem ser teratogénicos (10) e oncológicos (10) (17) (12), ainda que se tentem produzir versões cada vez menos tóxicas (13) (com destaque para a leucemia e linfoma não Hodking) (18).
Estes trabalhadores também costumam apresentar mais queixas oculares e dermatológicas, bem como artralgias, alterações reprodutivas (dificuldade em engravidar e maior taxa de aborto espontâneo); ou seja, os pesticidas têm capacidade de causar dano em vários órgãos (5).
O país mais consumidor é o Brasil (cerca de 35% da produção mundial), valor esse em subida em relação aos anos anteriores (10).
Os efeitos para a saúde das misturas nunca são avaliados em estudos. Os solventes presentes nos pesticidas potenciam a absorção cutânea (10).
Para além disso, a limpeza dos equipamentos de pulverização é feita por vezes sem EPIs e estas superfícies contêm quantidades razoáveis de agentes químicos. Alguns trabalhadores, além de não usarem luvas, por vezes, comem e/ou fumam sem lavar as mãos (10).
Em algumas empresas não existe informação sobre os pesticidas, nem estes não são armazenados corretamente (10).
O sistema de rega poderá estar contaminado com detritos e componentes de plantas; este poderá conseguir libertar gases tóxicos (como o dióxido de carbono, sulfito de hidrogénio, metano), causar diminuição do oxigénio e/ou levar ao aparecimento de bactérias e bolores. O saneamento das estufas deve ser construído de raiz; mas este poderá também libertar os mesmos gases tóxicos atrás mencionados; sobretudo nas atividades de limpeza e reparação (8).
Nas estufas podem existir máquinas para preparar a terra no contexto mecânico e químico; em cuja proximidade podem surgir gases (como dióxido de carbono) e agentes químicos (como pesticidas) (8) (13), sobretudo quando o equipamento já não é usado há algum tempo (8).
-agentes biológicos
Dada a estrutura ser fechada, as condições de trabalho poderão não ser as melhores a nível biológico [bacterias, fungos (5) (9), ácaros (5) e parasitas (helmintas)]. Os principais fungos presentes em estufas são cladisporium, penicilium, aspergillus (9).
O sistema de rega ou outras máquinas poderá estar contaminado com detritos e componentes de plantas; este poderá conseguir libertar bactérias e bolores (sobretudo quando o equipamento já não é usado há algum tempo) (8).
-alérgenos
Os principais alérgenos poderão ser constituídos por protozoários, fungos, bactérias, insetos ou outros animais e agentes químicos (19). Poderão existir aerossóis nocivos (1).
Trabalhadores de estufas inalam diversos alérgenos com capacidade para causar alterações respiratórias, nomeadamente asma e a doença pulmonar crónica obstrutiva, que parecem ser razoavelmente frequentes (sobretudo a primeira, nomeadamente cerca de dez vezes mais). Os fatores que parecem potenciar tal são a humidade e a temperatura elevadas; ainda que os diferentes critérios de definição de asma também modulem a prevalência. Em estufas a asma pode ser originada e/ou potenciada pelo trabalho. Algumas plantas e o cultivo de cogumelos parecem potenciar este risco; por sua vez, estufas com flores será o oposto, mas ainda superior à dos agricultores que não trabalham em estufas. Outros fatores que aumentam a probabilidade de ter asma serão o uso de vários pesticidas e presença de fungos; na situação oposta está um Índice de Massa Corporal elevado e ventilação natural superior a trinta minutos.
-cargas, posturas forçadas/mantidas
Dada a estrutura ser fechada, as condições de trabalho poderão não ser as melhores a nível ergonómico (posturas forçadas/mantidas (5) (9) (14) e manuseamento de cargas eventualmente elevadas) (9); tal costuma ser diretamente proporcional ao risco de surgirem Lesões músculo-esqueléticas (14).
-radão e radiação ultravioleta (RUV)
Os trabalhadores de estufa, em alguns locais, poderão estar expostos a radiação ionizante proveniente do radão, por vezes atingindo níveis razoáveis. Trata-se de um gás inodoro e invisível, que se difunde a partir de alguns solos. Ao ar livre a concentração é geralmente baixa; em zonas fechadas esta fica potenciada, podendo ser eventualmente cancerígeno, nomeadamente a nível pulmonar. Resulta do decaimento do urânio, tório e rádio. A concentração varia ao longo do ano (superior no inverno e outono), inversamente à ventilação (6).
Ainda que a estufa proteja as plantas da radiação ultravioleta- RUV (6), esta pode ser usada propositadamente para modular a produtividade (germinação de sementes, resistência a doença e o armazenamento; influenciando também o crescimento, fotossíntese e metabolitos secundários). O aumento da RUV poderá ser um risco para os trabalhadores, mesmo que existam telas a proporcionar alguma proteção, sobretudo tendo em conta que esse material se vai degradando com o tempo e de realçar que estas existem em função das plantas e não dos trabalhadores. Os produtos constituídos por polietileno e/ou policarbonato, também se degradam com a RUV. Como medidas de proteção individual devem ser fornecidos chapéus de abas largas e creme de proteção solar (4). Não se encontrou referência a farda que recubra a maior quantidade de pele, nomeadamente a nível dos membros.
-iluminância
As luzes LED potenciam a fotossíntese. Não existem guidelines para orientar a proteção em contexto de estufas. O uso de iluminação artificial potencia a produtividade e a qualidade dos produtos obtidos em estufa; contudo, ela poderá constituir um risco ocular. O uso de óculos de sol e de proteção física não são adequados, sobretudo se forem utilizados infravermelhos. O uso de óculos de soldadura dá proteção (sobretudo para os infravermelhos- IVs), mas altera a perceção visual, nomeadamente a nível da cor. Os óculos polarizados deram a segunda maior proteção num estudo efetuados (em relação aos IVs)- recomendam-se então óculos polarizados entre os 400 e 700 nms. Óculos de sol normais não são recomendados para IVs (20).
-eletricidade
Há também o risco de contato com a eletricidade (8), ainda que sem grandes detalhes na bibliografia consultada.
Medidas de Proteção Coletiva
A perceção de risco do trabalho irá modular a sua maior ou menor adesão às medidas de proteção. Seria pertinente o desenvolvimento de guidelines de segurança para o trabalho em estufa (16).
Como medidas de proteção coletiva podem sugerir-se trabalhar nas horas de temperatura mais amena, rotatividade e disponibilizar água à temperatura ambiente (2). O trabalho em estufa poderá ficar saudável se existirem melhorias ergonómicas, potenciação da higiene (lavar as mãos antes das refeições e comer fora da estufa; troca de farda e calçado à saída (ou seja, não trazer EPIs para casa), existência de chãos laváveis (para diminuir a concentração de agentes químicos e potenciar o controlo de pragas), aperfeiçoar a ventilação/renovação do ar e formação global (não só sobre pesticidas) (1). Ainda que não mencionado diretamente, mantem-se sempre a máxima de trocar por agentes químicos menos tóxicos, sempre que possível, além de aumentar o espaço de trabalho e potenciar a ventilação para os trabalhadores, sem desfavorecer o crescimento das plantas.
Medidas de Proteção Individual
Ainda que os EPIs podem ficar mais desconfortáveis com temperatura elevadas e podem interferir com a mobilização (3), eles atenuam a exposição a agentes químicos, também em contexto de estufas, nomeadamente pesticidas (11). As luvas, quando não impermeabilizadas, dão ainda menos proteção quando ficam húmidas (12). Como a via cutânea é a mais importante no caso dos pesticidas; as já mencionadas luvas/manguitos/farda/fato de macaco são relevantes. A eficácia dos EPIs depende do modelo, material e do tipo específico de agentes químicos. Por exemplo, luvas de borracha são geralmente adequadas; de algodão não; alguns usam as duas juntas (algodão por baixo) (3).
Sinistralidade
Os acidentes podem ser fatais (8); contudo não se encontraram detalhes relativos a tipos de acidentes, limitações temporárias ou permanentes ou sequer incidências.
Doenças Profissionais
Podem assim surgir doenças profissionais com limitações temporárias ou permanentes; a nível músculo-esquelético, respiratório, do sistema nervoso central, cardiovascular, imunoalérgico, reprodutoras e intoxicação com agentes químicos aguda ou crónica (9).
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
Se alguns fatores de riscos/riscos laborais são óbvios, outros são mais discretos e/ou associados a algumas empresas e não a todas, de forma homogénea. Ainda assim, não se trata se de um setor muito estudado internacionalmente, pelo que se tornaria razoavelmente fácil generalizar dados obtidos a partir da realidade nacional, da parte de equipas com clientes neste ramo, desde que tratados com rigor e divulgados no formato de artigo(s) científico(s).
CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS
Nada a declarar.
AGRADECIMENTOS
Nada a declarar.
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Quadro 1: Pesquisa efetuada
Motor de busca | Password 1 | Password 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não | Nº do documento na pesquisa | Codificação inicial | Codificação final |
Greenhouses | G1
G2 G3 G4 G5 G6 G7 |
9
– 4 1 8 13 14 |
|||||||
RECAAP | Estufas | -título e/ ou assunto | 81 | 1 | Sim | 11
79 |
R1
R2 |
2
10 |
|
EBSCO (CINALH, Medline, Database of Abstracts and Reviews, Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health Collection e MedicLatina) | Greenhouses | -2013 a 2023
-acesso a resumo -acesso a texto completo |
1024 | 2 | Não | – | – | – | |
+ occupational | 27 | 3 | Sim | 1
2 3 4 5 8 12 14 16 17 19 20 |
E1
E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 |
7
11 15 17 19 12 16 3 6 5 18 20 |
(1)Mónica Santos
Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online; Técnica Superior de Segurança no Trabalho; Doutorada em Segurança e Saúde Ocupacionais e CEO da empresa Ajeogene Serviços Médicos Lda (que coordena os projetos Ajeogene Clínica Médica e Serviços Formativos e 100 Riscos no Trabalho). Endereços para correspondência: Rua da Varziela, 527, 4435-464 Rio Tinto. E-mail: s_monica_santos@hotmail.com. ORCID Nº 0000-0003-2516-7758
Contributo para o artigo: seleção do tema, pesquisa, seleção de artigos, redação e validação final.
(2)Armando Almeida
Escola de Enfermagem (Porto), Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde; Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 4420-009 Gondomar. E-mail: aalmeida@ucp.pt. ORCID Nº 0000-0002-5329-0625
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.
(3)Dina Chagas
Doutorada em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho; Pós-Graduada em Segurança e Higiene do Trabalho; Pós-Graduada em Sistemas Integrados de Gestão, Qualidade, Ambiente e Segurança. Professora convidada no ISEC Lisboa. Membro do Conselho Científico de várias revistas e tem sido convidada para fazer parte da comissão científica de congressos nos diversos domínios da saúde ocupacional e segurança do trabalho. Colabora também como revisor em várias revistas científicas. Galardoada com o 1.º prémio no concurso 2023 “Está-se Bem em SST: Participa – Inova – Entrega-Te” do projeto Safety and Health at Work Vocational Education and Training (OSHVET) da EU-OSHA.1750-142 Lisboa. E-Mail: dina.chagas2003@gmail.com. ORCID N.º 0000-0003-3135-7689.
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.