Santos M, Almeida A, Chagas D. Alterações Dermatológicas Ocupacionais. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2025, 19, esub0484. DOI: 10.31252/RPSO.22.03.2025
OCCUPATIONAL DERMATOLOGICAL PROBLEMS
TIPO DE ARTIGO: Artigo de Revisão
AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2), Chagas D(3).
RESUMO
Introdução/enquadramento/objetivos
Existem várias patologias cutâneas que se originam ou agravam com as condições laborais. Pretendeu-se com esta revisão elaborar uma síntese do que mais pertinente e recente se publicou sobre este tema, de forma a potenciar o desempenho/abordagem dos profissionais inseridos nas equipas de Saúde e Segurança Ocupacionais.
Metodologia
Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em maio de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
Conteúdo
Na bibliografia consultada o destaque é dado para as alterações dermatológicas dos profissionais de saúde na fase Covid (onde se descreveu sumariamente a patofisiologia das mesmas em relação aos principais equipamentos de proteção individual utilizados). Para além disso, esta revisão também dedica alguma atenção para a dermatite de contato irritativa e alérgica, bem como a Acne. São sumariamente mencionadas outras áreas profissionais com prevalência razoável de alterações cutâneas; não esquecendo as medidas de proteção mais salientadas pelos investigadores deste tema.
Discussão e Conclusões
Existem diversas medidas de proteção coletiva e individual com capacidade para atenuar a incidência, prevalência e gravidade de algumas doenças dermatológicas associadas ao trabalho. Dado presentemente o apoio a pacientes infetados com Covid não dominar as atividades dos profissionais de saúde, seria pertinente investigar outras alterações cutâneas nesta e outras profissões, sobretudo dos setores destacados como mais relevantes, de forma a se ficar com uma ideia do panorama nacional e os profissionais das Equipas de Saúde e Segurança conhecerem atitudes mais robustas para diagnosticar precocemente o problema, bem como ter mais capacidade para o orientar e reavaliar.
Palavras-chave: alterações dermatológicas, dermatite, eczema, acne, saúde ocupacional, medicina do trabalho, enfermagem do trabalho e segurança no trabalho.
ABSTRACT
Introduction/background/objectives
There are several skin pathologies that originate or worsen with working conditions. The aim of this review was to produce a summary of the most relevant and recent publications on this topic, in order to enhance the performance/approach of professionals working in Occupational Health and Safety teams.
Methodology
This is a Literature Review, initiated through a search carried out in May 2024 in the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina and RCAAP”.
Content
In the bibliography consulted, emphasis is given to dermatological changes in health professionals during the Covid phase (where their pathophysiology was briefly described in relation to the main personal protective equipment used). In addition, this review also pays attention to irritant and allergic contact dermatitis, as well as acne. Other professional areas with a reasonable prevalence of skin disorders are briefly mentioned; not forgetting the protective measures most highlighted by researchers on this topic.
Discussion and Conclusions
There are several collective and individual protective measures capable of mitigating the incidence, prevalence and severity of some dermatological diseases associated with work. Given that support for patients infected with Covid does not currently dominate the activities of health professionals, it would be pertinent to investigate other skin disorders in this and other professions, especially in the sectors highlighted as most relevant, in order to get an idea of the national panorama and for professionals in Health and Safety Teams to be aware of more robust attitudes to diagnose the problem early, as well as to be better able to guide and re-evaluate it.
KEYWORDS: dermatological disorders, dermatitis, eczema, acne, occupational health, occupational medicine, occupational nursing and occupational safety.
INTRODUÇÃO
Existem várias patologias cutâneas que se originam ou agravam com as condições laborais. Pretendeu-se com esta revisão elaborar uma síntese do que mais pertinente e recente se publicou sobre este tema, de forma a potenciar o desempenho/abordagem dos profissionais inseridos nas equipas de Saúde e Segurança Ocupacionais.
METODOLOGIA
Em função da metodologia PICo, foram considerados:
–P (population): trabalhadores com alterações dermatológicas
–I (interest): reunir conhecimentos relevantes sobre de que forma as condições de trabalho e carateristicas das tarefas laborais conseguem originar alterações cutâneas (para além da patologia oncológica, já destacada noutro artigo da equipa técnica)
–C (context): saúde e segurança ocupacionais aplicadas a postos de trabalho com risco dermatológico.
Assim, a pergunta protocolar será: Quais as principais alterações dermatológicas associadas ao trabalho?
Foi realizada uma pesquisa em maio de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.
No quadro 1 podem ser consultadas as palavras-chave utilizadas nas bases de dados.
CONTEÚDO
Dermatite de Contato (DC)
Como exploramos o ambiente com as mãos é percetível que a pele que as reveste possa ficar comprometida em algumas circunstâncias; daí que a região palmar tenha uma consistência mais endurecida (por exemplo, tem 30 vezes mais espessura que a pálpebra). Assim, existem áreas que podem endurecer como resposta a traumatismo grave e/ou continuado. A existir dermatite/eczema, esta ocorre nas mãos em 80 a 90% dos casos (1).
As alterações cutâneas ocupacionais são maioritariamente DC (2), que reflete uma reação inflamatória da pele a produtos irritantes e/ou alérgenos (2) (3). A DC surge pela proximidade com uma substância exógena e pode ser irritativa (80%) ou alérgica (hipersensibilidade a algo que já foi exposto previamente). Ela pode diminuir o desempenho e a adesão aos EPIs (equipamentos de proteção individual), potenciando o risco de infeção em alguns contextos (4), sobretudo com lesões a nível das mãos (5). Quanto mais agredida for a pele, menos capacidade esta terá para constituir uma barreira de defesa do organismo (6).
O eczema pode originar perturbações do sono e interferir também com o lazer (7), diminuindo a qualidade de vida; 20% apresentavam ansiedade e 14% depressão (3).
A DC justifica cerca de 30% das doenças ocupacionais nos países industrializados e 95% das doenças profissionais dermatológicas. Nos EUA, por exemplo, abarca 15% das lesões não fatais laborais (1). A DC ocupacional é a doença dermatológica mais frequente (3). Outros, por sua vez, publicaram que o eczema das mãos constitui 90% das doenças dermatológicas profissionais (8) e está quantificado entre 20 a 30% (2). A dermatite atópica sobretudo, bem como o eczema prévio (8) e o trabalho húmido (1) (8) (9) (10) são os principais fatores para a existência de eczema das mãos em contexto ocupacional (8).
Na Austrália a DC ocupacional está quantificada em 2,15 por 10.000 trabalhadores a tempo inteiro/ano. Na China a incidência anual foi de 9% (elevando para 11% nos trabalhadores de fábricas). Na Indonésia, por exemplo, no setor da produção de calçado, reportaram-se valores na ordem dos 29%. Na Holanda, a incidência em enfermeiros no primeiro ano de trabalho foi de 23% e no segundo ano 25%; nesse país, mas na construção civil, o valor obtido foi de 33% (ainda que outros autores terem publicado percentagens na ordem dos 61). Na Turquia, por exemplo, entre enfermeiros pediátricos, esse valor foi de 48% (sobretudo nas unidades de cuidados intensivos e serviços de infeciologia). Em enfermeiros norte-americanos publicaram-se estimativas na ordem dos 55%, chegando a 65% nas unidades de cuidados intensivos. Estima-se que 20% esteja com Certificado de Incapacidade Temporária durante o intervalo de um ano e que 23% tenha deixado de trabalhar nesta área profissional (1). Acredita-se que a prevalência do eczema esteja, ainda assim, subestimada (11).
Os custos da DC diretos e indiretos são elevados (3). Estes envolvem os cuidados médicos, indemnizações, presenteísmo, absentismo, diminuição da produtividade, turn-over e formação associada (1). Esta patologia pode implicar diminuição do tempo a laborar, mudança de emprego ou até saída do mesmo/desemprego (3). No entanto, parte dos profissionais mantém-se no mesmo posto de trabalho, mesmo com sintomas (12).
A formação académica relativa à DC poderia atenuar o problema (6).
A terapêutica incluiu hidratantes, corticoides tópicos, inibidores da calcineurina e, para casos mais graves, fototerapia ou corticoides sistémicos, retinoides e imunossupressores (3).
Em alguns casos o trabalhador deverá ser afastado do seu posto de trabalho, remover o agente etiológico e/ou proporcionar EPIs. Por vezes, os trabalhadores não procuram ajuda médica numa fase inicial; quanto mais protelado o tratamento, geralmente pior o prognóstico; isso pode acontecer porque receiam perder o emprego, por acharem que vão melhorar (75%), pensarem que não é importante (44%) ou porque não sentem alterações na capacidade laboral (29%). Os motivos para procurar ajuda médica foram então não melhorar ou até piorar (51%)/sintomas ficarem mais intensos e incomodativos (24%) e/ou surgirem dificuldades laborais (3).
O eczema das mãos está associado também a questões ambientais e a suscetibilidade individual (9), através de uma maior predisposição genética (13); bem como ao trabalho húmido (1) (8) (9) (10) (contato prolongado com água, detergentes e/ou luvas); calor e o ar seco (1); óleos, lubrificantes (9), solventes (9) (10), ácidos e bases (10). As profissões com maior prevalência de trabalho húmido são a enfermagem, cabeleireiros, bem como a indústria gráfica e metalúrgica (9).
-Dermatite de Contato Alérgica (DCA)
A DCA é uma reação de hipersensibilidade tardia, logo, que surge após uma sensibilização prévia e re-exposição (1) (3); originando uma reação imune tipo IV (3); só se manifestando horas ou dias depois; questão temporal esta que pode atrapalhar a perceção da etiologia (1).
Alguns dos alérgenos mais citados em termos ocupacionais são os componentes da borracha (nomeadamente carbamatos e tiurans), usados para acelerar a produção. Estes podem ser encontrados em meias, acessórios cirúrgicos (como luvas), ornamentos de cabelo e calçado, por exemplo. Também estão presentes em luvas sem latex (1).
As resinas epóxi são alergénicas apenas em algumas fases (1) (3); poderão existir na indústria marítima, de produtos eletrónicos, dentária, revestimentos, produção de colas (1) e/ou para diminuir a viscosidade. A resina etér digliceril ou bisfenol A é o epóxi mais sensibilizador. Os produtos epóxi são os agentes químicos mais frequentes na origem da DCA e 75% destes derivam da resina atrás mencionada (14).
O formaldeído também é razoavelmente frequente em contexto ocupacional, nomeadamente nos setores da anatomia patológica, agricultura, fabrico de móveis, laboratórios, controlo de pragas, construção, fabrico de roupa (para diminuir o enrugamento), detergentes e cremes (1).
O níquel existe em diversas máquinas, equipamentos de escritório, ferramentas, produtos eletrónicos, joias, chaves e moedas. Dada a elevada prevalência do agente, talvez seja mais fácil usar EPIs, do que conseguir evitar o contato totalmente. O teste da dimetilglioxima pode ser usado para detetar a sua presença, sem danificar o objeto (1).
O metildibromoglutaronitrilo também é comum em contexto ocupacional, como conservante e para produção de detergentes, óleos e colas (1).
A nível de alérgenos ocupacionais mais recentes, destacam-se os derivados do coco, nomeadamente a cocamida dietanolamina, usada em algumas indústrias (como a metalomecânica) (1) (15), como inibidor da corrosão (15); bem como em produtos de limpeza e cosméticos [como shampoo (1) (15), amaciador, sabonete, tinta de cabelo, gel de banho, gel de cabelo, loções capilares)- a DCA a este produto é relativamente frequente (15)]. Fragâncias, como o d-limoneno (existente em máquinas de limpeza, sabonetes, hidratantes e detergentes) também podem ser relevantes (1).
As isotiazolinonas são usadas como conservantes, agentes de limpeza, inseridas em produtos de polimento e vernizes e são assim frequentes nos setores da pintura (1) (3), soldadura, operadores de máquina e cosmetologia (1). A metilisotiazolinona em específico (inserida em produtos cosméticos, tintas e fluidos metalúrgicos) aumenta muito o número de casos de DCA; os primeiros foram registados em 2004 e os primeiros artigos científicos começaram a ser publicados a partir de 2010; contudo, ainda não existem normas para os cosméticos (16).
A DCA pode ser causada também pelos acrilatos (metacrilatos e cianocrilatos) existentes nas extensões de unhas, com prevalência crescente. A maioria dos casos está associada a extensões ungueais, atingindo quer clientes, quer os profissionais. Trata-se de substâncias que originam polímeros muito resistentes, mediante a exposição à RUV. São também usados na produção de plástico, fibra de vidro, colas, revestimentos, tintas, tinteiros de impressoras, restaurações dentárias, próteses orais, lentes intraoculares e de contato, cola cirúrgica, revestimento de feridas, bem como extensões de pestanas e cabelos. Até o surgimento das extensões ungueais, os profissionais da dentária eram os mais afetados pelos acrilatos. A reação positiva aos acrilatos em testes epicutâneos relaciona-se com as extensões ungueais em cerca de 67% dos casos e a prevalência parece estar a aumentar. A intolerância aos acrilatos a nível profissional em Portugal e Espanha, por exemplo, associa-se a 76 e mais de 90% dos casos, respetivamente. Os profissionais que usem eles mesmos unhas deste material, terão uma exposição ainda mais intensa. Nas situações mais graves os profissionais tiveram de mudar de trabalho; fazer uso de luvas adequadas e fazer a sua troca frequente; evitar espalhar acrilatos pelas superfícies de contato, também ajuda. Contudo, não esquecer que os acrilatos penetram em algumas luvas com relativa facilidade (12).
DCA secundária a resina de poliéster é rara; esta existe em materiais de pintura de carros; o cobalto inserido também poderá ser parcialmente responsável (17).
Algumas benzodiazepinas também podem constituir etiologia; tal como o omeprazol, no contexto de fármacos (1).
O diagnóstico gold-standard da DCA é o teste epicutâneo (1) (3), no dorso e posterior oclusão, durante 48 horas, com observação passadas 96 ou mais horas (1).
A nível ocupacional a primeira abordagem deverá ser eliminar o agente etiológico, se possível. Caso contrário, potenciar o isolamento, fomentar a rotatividade e usar EPI (menos efetiva) (1).
Existem cremes de barreira que poderão proteger/diminuir o contato e regenerar a pele lesionada; contudo, a eficácia não é consensual entre investigadores (1).
A nível de fármacos terapêuticos podem ser considerados os corticoides tópicos, retinoides orais (como a acitretinoina) e/ou imunossupressores sistémicos. A RUV, com ou sem psoraleno também pode ajudar (1).
-Dermatite de Contato Irritativa (DCI)
A mais frequente é a DCI (60 a 80%), versus a DCA (20 a 40%); contudo, às vezes, há sobreposição e/ou pode ser clinicamente difícil distinguir as duas (1). Por isso, mesmo que o diagnóstico pareça ser DCI, devem-se fazer os testes epicutâneos (3). Não é imunomediada e, assim, não necessita de exposição prévia (ao contrário da DCA). Esta é secundária ao dano cutâneo, pelo contato direto (1) (3), causando descontinuidade e diminuição da função de barreira da pele (3).
Produtos irritantes em contexto laboral incluem os detergentes, sabonetes, ácidos, hidrocarbonetos e óleos. Os solventes, por exemplo, alteram os constituintes lipídicos da pele. Alguns alimentos também podem estar aqui incluídos (1). No entanto, o trabalho húmido é provavelmente a etiologia mais frequente da DCI (3) (68%). Ainda que as luvas sejam EPI, elas também podem ser irritantes. Assim, os profissionais com maior probabilidade de terem DCI são os cabeleireiros, enfermeiros, médicos, mecânicos, cozinheiros, operadores de limpeza, pintores e picheleiros (1).
Acne
A acne provavelmente resulta do aumento do stress mecânico e das alterações microbiológicas devido à oclusão e ao aumento da temperatura e do suor (18). Trata-se da reação dermatológica mais frequentemente associada ao uso prolongado de máscara durante a pandemia por Covid-19; antes desta fase não era usual esta associação. A função de proteção de barreira cutânea poderá estar comprometida pelo atrito que o uso frequente de máscara causa; este aspeto poderá potenciar a irritabilidade da pele em relação a alguns fármacos classicamente usados no tratamento da acne. Até os hidratantes devem ser escolhidos com cuidado, para não potenciar a oclusão (19). A máscara consegue exacerbar acne pré-existente ou iniciar (5) (18) (19) (20) (21) (22) (23). Os principais mecanismos serão então a fricção, oclusão, humedecimento, alterações na composição do sebo, aumento da temperatura e alterações cronobiológicas. A sensibilidade varia entre indivíduos (19); ela é mais frequente com mais tempo de uso de máscara e no sexo feminino (24). Parte dos profissionais automedicou-se ou ignorou o problema; pelo menos, até este ficar mais grave. A situação pode causar limitações emocionais e, nestes casos, a procura de apoio especializado é superior. O tratamento poderá passar pela isotretinoína oral e/ou doxiciclina; o ácido salicílico e os retinoides tópicos podem conseguir irritar mais a pele (19).
A acne poderá levar ao uso incorreto da máscara, nomeadamente devido ao prurido (tocar com frequência na máscara, para coçar) (19).
Alterações Dermatológicas Laborais em geral
Também são possíveis urticária, rash, lesões herpéticas, lesões purpúricas, exantemas, pústulas, xerose, pápulas e lesões de maceração. Psoríase pré-existente pode também ficar exacerbada (25).
As alterações dermatológicas associadas aos EPIs são mais reportadas pelo sexo feminino, devido eventualmente ao maior uso de produtos cosméticos e/ou porque o sexo masculino poderá usar EPIs por menos tempo (25). A maior prevalência das reações dermatológicas do sexo feminino poderá também se justificar eventualmente por uma menor tolerância aos sintomas (26).
Funcionários com algumas patologias dermatológicas poderão se despedir com maior probabilidade e/ou serem transferidos (27), como já se mencionou. Por vezes, os indivíduos não têm contrato renovado ou trocam de emprego, devido às alterações cutâneas (2).
As regiões anatómicas mais afetadas são as mãos e os braços, geralmente pelo trabalho húmido, ou seja, contato prolongado com água, detergentes/desinfetantes e/ou uso prolongado de luvas. Outras substâncias relevantes são os óleos, lubrificantes e solventes; bem como o frio, calor e/ou ar seco (2).
Os trabalhadores mais jovens podem ter mais sintomas porque, em alguns contextos e países podem trabalhar quase o dobro das horas (por vezes, mais que 70 por semana). Estima-se que, nestas circunstâncias, estes possam ter cerca de três vezes mais sintomas, nos primeiros cinco anos. A prevalência aumenta com a coexistência de sintomas atópicos (dermatite atópica, rinite alérgica, conjuntivite alérgica) (10).
Na pele, a filagrina contribuiu para a estabilidade estrutural através da agregação de filamentos de queratina. Uma pele não saudável ficará com a sua capacidade de hidratação, ph e defesa microbiana afetadas. Por alterações genéticas, existem indivíduos que não têm qualquer quantidade de filagrina (7 a 10% da população europeia).
Diagnósticos diferenciais dermatológicos, em contexto ocupacional
A psoríase também pode apresentar alterações nas mãos e o diagnóstico pode exigir biópsia. Outros diagnósticos diferenciais são o carcinoma de células escamosas, linfoma de células T e a queratose actínica, dermatomiosite, poliomiosite, esclerodermia, lúpus e síndromas paraneoplásicas (1).
Profissões com mais alterações Dermatológicas
Os setores profissionais mais associados a alterações cutâneas secundárias a EPIs são o da saúde, limpeza, mecânica e cabeleireiros (28).
O maior risco no global é no setor da saúde (4) (5) (7) (9) (10) (11) (24) (25) (29) (30) (31) (32) (33) (34) (35) (36) (37) (38) (39) (40)- sobretudo enfermeiros (8); bem como cabeleireiros (10) (8) (risco de eczema das mãos em 45%) (10), mecânicos (10) (41) (95%) (10), operadores da indústria alimentar (10) (42), construção civil, produção de carros, impressão/gráficas, trabalho com couro (10), pescadores (43) (44), cantoneiros (6) (45) (46) e metalúrgicos (8) (13) (47).
Em algumas profissões a adesão às luvas é menor, porque estas atrasam as tarefas, como nos setores da joalharia, cabeleireiro e mecânica; para além disso, às vezes estas ficam húmidas devido a não terem o material/qualidade necessários; o tamanho também poderá ser um problema. Ainda assim, o uso costuma ser superior em trabalhadores com mais sintomas (10).
-Profissionais de saúde
Os profissionais de saúde poderão ter como irritantes cutâneos a água (associada à lavagem frequente das mãos) (11) (30) (33) (35) (39) (40), detergentes (29) (35) (40), fármacos (29) [como inibidores da bomba de protões (35), algumas benzodiazepinas, omeprazol (1) e antibióticos: cafalosporinas, penicilinas e os aminoglicosídeos (35)] e uso prolongado de luvas (11) (30) (35) (40); ou seja, contato com irritantes e alérgenos (33). A identificação dos fatores de risco e o diagnóstico precoce podem atenuar o problema (39).
A existência de trabalho com humidade poderá ser definida como pelo menos duas horas por turno ou lavagens em número superior a 20 vezes por dia e/ou uso de luvas oclusivas por pelo menos duas horas diárias (30).
A dermatite das mãos tem o dobro da prevalência nestes profissionais (21 versus 10%, respetivamente) (36). Mesmo antes do Covid, o eczema das mãos já era um problema relevante (7) (33) (37). Numa amostra de profissionais de saúde holandeses, quase metade referia ter eczema (11) (48), eventualmente associado a menor produtividade (48); pré-covid a prevalência estava estimada entre 12, 18 e 30 (7) (30) (32) [sobretudo em enfermeiros (38)] a 60% (30). Numa amostra de profissionais de saúde alemã, por sua vez, a prevalência de eczema das mãos foi de 24% (versus 10% da população geral) (7). A elevada prevalência nestes últimos pode ser atribuída ao elevado número de lavagens (7) (9) (36), eventual má técnica de secagem (7) e uso prolongado de luvas (7) (9) (36). Entre os estagiários de enfermagem já se diagnostica dermatite das mãos com uma prevalência razoável; logo, dever-se-ia valorizar mais na formação académica este tema (9).
Outros investigadores quantificaram que a dermatite pode existir em até 72% dos profissionais de saúde. Ela é mais frequente quando estes têm tarefas diretas com o paciente, lavam as mãos e trocam de luvas com frequência, usam-nas mais que quatro horas diárias e têm antecedentes prévios de eczema (39).
Para além disso, aplicar desinfetantes na pele escoriada pode ser doloroso, o que poderá levar a diminuição do número de lavagens e de agentes químicos associados (7) (9); para além da infeção ser mais prevalente em pele danificada (9). Em contexto de saúde é difícil evitar condições irritantes para a pele, dadas as normas de higienização (37). Aliás, 60% das ausências/faltas ao trabalho justificam-se com o eczema das mãos, entre enfermeiros holandeses (32).
Esta questão poderá implicar sintomatologia crónica, absentismo, diminuição da qualidade de vida e/ou até maior probabilidade de desemprego (30), como já se referiu.
Verificou-se que a alergia ao thiuran era mais prevalente nestes profissionais (produto existente nas luvas) (33). Outros alérgenos neste contexto profissional são os constituintes da borracha e fragâncias de diversos produtos (35).
As luvas de latex mais finas podem ser parcialmente permeáveis a alguns alérgenos. O atingimento dos antebraços e da face poderá ocorrer pelo toque acidental com luvas contaminadas (35).
A hidratação regular pode atenuar tal (está descrito em guidelines), mas a adesão é geralmente insuficiente (e a falta de conhecimentos não pode justificar tal). Isso poderá melhorar com educação e promoção para a saúde, passando a ser considerada como uma obrigação profissional, para um melhor desempenho global (38). Esta deverá ocorrer pelo menos antes de deitar e no final do trabalho. A percentagem de profissionais de saúde que afirma nunca ter usado hidratante é muito elevada (20%), o que implica consequências para o profissional e pacientes, devido ao maior risco infecioso (uma vez que com maior probabilidade se diminuirá o número de lavagens e desinfeção da pele). Parte, ainda que reconheça os benefícios da hidratação, considera que esta não é prática ou compatível com algumas tarefas e/ou o uso de luvas; daí que as alturas com mais adesão sejam as interrupções para comer e/ou passar o turno (37). Existem recomendações eficazes para prevenir o eczema das mãos em profissionais de saúde; contudo, a sua implementação nem sempre tem sucesso. Ter conhecimento das normas é um primeiro passo importante e adequar as mesmas às tarefas específicas; testar os produtos antes de os disponibilizar também é relevante (40).
A maioria lava as mãos com sabonete cerca de dez vezes por turno, o que duplica o risco de DC. Já o uso de desinfetantes foi superior a 15 vezes por turno, em 80% dos profissionais de saúde. Contudo, alguns desinfetantes contêm glicerol (Sterilium) que também atua como hidratante (37).
Principais alterações Dermatológicas pré e pós-Covid
As luvas, farda, máscara e calçado sempre conseguiram causar alterações cutâneas, ainda que nem sempre fossem vistas como doenças profissionais. Na fase pré-covid o EPI mais estudado neste contexto era a máscara (28). Na pandemia por Covid a integridade da pele ficou comprometida com o uso prolongado de óculos, máscara, luvas e farda (24).
A pandemia por Covid-19 obrigou os profissionais de saúde a usarem EPIs e a fazerem higienização das mãos mais frequente, o que fez surgir e agravar algumas patologias dermatológicas, como a DC (4) (25) irritativa ou alérgica (4), acne (4) (25), dermatite seborreica (4) e distúrbios da pigmentação; contudo, a mais frequente foi a acne, devido à fricção e oclusão (24). A DC poderá surgir devido aos produtos existentes nos desinfetantes de base alcoólica e ao aumento do número de lavagens de mãos, tal como o uso prolongado de máscaras e óculos (que podem justificar prurido e acne na ponte nasal, área zigomática e queixo) (25).
Foi quantificado que cerca de 75% (4) a 80% (34) dos profissionais de saúde que prestaram cuidados diretos a pacientes com Covid-19 apresentaram alterações dermatológicas; nos restantes profissionais de saúde também se verificou um aumento destas alterações (4). Outros estimaram que profissionais a prestar cuidados a pessoas com Covid estiveram em risco acrescido de eczema na face e mãos (32 e 36%, respetivamente), mesmo comparando com outros profissionais de saúde. Outros ainda publicaram que 1/5 dos profissionais de saúde em geral e 1/3 dos que prestam cuidados a pessoas com covid apresentaram alterações dermatológicas faciais (5). Num estudo turco, 90% dos profissionais de saúde (numa amostra de 440) referiram alterações cutâneas associadas aos EPIs mais usados na pandemia por Covid, nomeadamente secura, prurido, fissuras, queimor e liquenização. As alterações eram estatisticamente mais significativas nos que não utilizavam a hidratação (24).
As áreas cutâneas mais afetadas foram o nariz, mãos, área zigomática e testa (24) (31) e/ou atrás das orelhas; devido à pressão, descamação, desidratação, pápulas e eritema (24): sobretudo devido ao uso de máscara e óculos, bem como desinfetante e álcool (com mínimo de 60% de concentração) (31).
A lavagem das mãos (mais que dez vezes por dia) poderá levar a desidratação, irritação, prurido, fissuras e/ou hemorragia. a disrupção da pele poderá potenciar o risco de infeção (31).
A pandemia por Covid-19 aumentou o número de vezes que os profissionais desinfetam as mãos, pelo que as reações dermatológicas também ficaram potenciadas. Para atenuar os danos, algumas guidelines recomendam a utilização de glicerina e emoliente, sem fragâncias (34).
-Mecânicos
Os mecânicos de um estudo egípcio apresentavam alterações cutâneas associadas ao trabalho em 45% dos casos; mais frequentemente DC e acne associada ao contato com óleos. O risco era inverso ao uso de EPIs e diretamente proporcional ao número de horas de trabalho e à presença de agentes químicos, segundo a regressão logística (24). Outros publicaram que esta classe profissional apresentava um risco seis vezes superior de ter alterações dermatológicas (10). Os agentes químicos mais importantes neste setor são os óleos (41) (10), solventes [como o benzeno e outros constituintes das massas utilizadas para a remoção cutânea destes produtos (10)], detergentes, metais pesados, ácidos, bases, asbestos, colas, fluidos anticongelantes e dos travões, resinas epoxi, gasolina e níquel (41).
-Indústria Alimentar
Na indústria alimentar os derivados orgânicos de alguns frutos e os detergentes constituem um risco relevante para a DCA e DCI; para além do contato frequente com a água. A DCI é a mais frequente na indústria alimentar a nível de doenças profissionais dermatológicas (42).
-Pescadores
Os pescadores apresentam alterações dermatológicas numa prevalência razoável, incluindo patologia oncológica (43). Um estudo norte-americano quantificou que 37% destes apresentavam eczema. As alterações dermatológicas justificam-se pela RUV (radiação ultravioleta), humidade (43) (44)- água salgada, vento (44), temperaturas extremas, eventuais infeções e escoriações (43); o contato com alguns seres marinhos/produtos do mar e/ou objetos pontiagudos poderão também causar alterações na pele. A RUV, além do risco oncológico, também tem capacidade para causar reações fototóxicas e fotoalérgicas (44).
As alterações cutâneas mais frequentes numa amostra de pescadores marroquinos foi a hiperqueratose palmar (67%)/plantar (59%), cicatrizes (52%) e rugas faciais (32%). A nível de infeções estas foram fúngicas em 44%- 12% apresentava micose, ainda que geralmente considerem que a etiologia era solar e não fúngica (por exemplo, a pitiríase versicolor); bacterianas em 8% e víricas em 6%; a sarna ocorreu em 1%. As infeções em pescadores são mais prevalentes nos dedos e mãos, através das escoriações, cortes e contato com microrganismos. A diaforese pode potenciar as infeções fúngicas e/ou a DC na interação com o latex, borracha e/ou crómio no couro. Para além disso, vários agentes químicos são usados na higienização e manutenção. Apenas 17% não apresentava qualquer alteração dermatológica, 43% tinha uma, 27% duas e 3% quatro alterações dermatológicas (44).
Em relação a EPIs, 87% tinha e usava farda, 13% peças com visibilidade aumentada, 53% calçado de segurança, 30% luvas e 64% boné/chapéu.
Com alguma frequência os pescadores não valorizam as alterações dermatológicas, mesmo nos países mais desenvolvidos. A pele deveria ser hidratada, de preferência após o banho (44).
-Cantoneiros
Os profissionais encarregues de recolher o lixo não usavam EPIs com rigor, pelo menos na fase pré-Covid. Estes poderão estar expostos a agentes químicos e biológicos, bem como a superfícies cortantes, RUV e temperaturas extremas, que potenciam as alterações dematológicas (49).
-Cabeleireiros
Nos profissionais que exercem em cabeleireiros, a prevalência de eczema cutâneo é elevada, devido aos alérgenos presentes (45) (6), nomeadamente p-fenilenodiamina (PPD), tolueno-2,5-gliceril (GMTG) e tioglicolato de amónia (ATG) (45). Outros investigadores também destacaram o níquel e o cobalto, quantificando o eczema das mãos em 38% ao longo da vida. Tal justifica-se com o trabalho com humidade (6) (46), tintas de cabelo e descolorantes (46). 70% destes profissionais apresentam alguma alteração dermatológica ao longo da vida profissional; mesmo apesar dos países mais evoluídos terem restrições/proibições aos produtos mais tóxicos; aliás, alguns são considerados como cancerígenos pela IARC (International Agency for Research on Cancer) (6) (45). Aliás, até os estagiários de cabeleireiro estão em risco acrescido de DC, estima-se que quase 70% destes apresentam eczema das mãos (6). O risco neste setor poderá ser amenizado com o uso de luvas (que é baixo) e emolientes. Numa amostra croata estas foram usadas em 91% dos casos para pintar e 4% para lavar o cabelo (6).
-Metalúrgicos
Os trabalhadores da metalurgia estão em risco acrescido de terem alterações dermatológicas; aliás, alguns desistem deste setor por esta questão. A DCI é o diagnóstico mais frequente neste contexto (81%). Programas de prevenção serão custo-efetivos a longo prazo (47). Até os estagiários de metalomecânica com frequência apresentam eczema das mãos associado ao trabalho (chegando a incidência aos 63%), dada a má adesão às medidas de prevenção. Neste setor é frequente o trabalho húmido, trauma mecânico e a exposição a agentes químicos, bem como lavagem frequente e uso de detergentes abrasivos (13).
-Indústria Aeronáutica
Na indústria aeronáutica são usadas resinas epóxi que podem causar DCA; elas são usadas devido à sua resistência ao calor e durabilidade (50).
-Militares
As alterações cutâneas são um dos principais motivos para os soldados americanos recorrerem aos serviços médicos; tal poderá ficar potenciado por, por exemplo, estarem alojados em espaço confinado, poucas condições de higiene, existir contaminação ambiental, cortes de cabelo muito curtos e maior risco biológico inerente, bem como temperaturas extremas. Por vezes, pode implicar que sejam evacuados da zona de combate; ainda que a mortalidade seja muito baixa, a morbilidade e os custos podem ser consideráveis (51).
Entre militares, alguns estudos estimam que a prevalência de eczema pode ir até 39% entre o total de patologias dermatológicas. Com muita humidade são mais frequentes as infeções bacterianas (21%) e as fúngicas (23%). As primeiras podem incluir o MRSA (estafilococos aureus resistente à meticiclina), razoavelmente frequente em ambiente de treino militar (espaço confinado, pouca higiene e contaminação ambiental). O tratamento precoce diminuiu as complicações e o número de casos. As infeções fúngicas podem ser cutâneas e/ou ungueais; medidas preventivas podem diminuir a incidência, tal como a administração de antifúngicos tópicos (51).
A Covid-19 pode apresentar em si alterações cutâneas, como rash, urticária, máculas/pápulas/vesículas, exantema e alterações vasculíticas (estas podem existir em até 60% dos infetados). A vacina diminuiu a probabilidade de estas ocorrerem (51).
As alterações dermatológicas em militares também podem estar associadas a parasitas, como o que origina a sarna ou a leismaníase. Farda que cubra a maior quantidade de pele, uso de roupas elaboradas com produtos químicos que repelem insetos e redes mosquiteiras para dormir, atenuam o risco global. A leismaníase, é transmitida entre humanos e pode afetar a pele, mucosas e sistema reticuloendotelial; pode oscilar entre assintomática a fatal; ela é endémica em várias zonas do planeta, como o continente americano, Mediterrâneo, Médio Oriente e Ásia central. A sarna, por sua vez, é muito contagiosas e pode causar morbilidade relevante, devido ao prurido intenso; a prevenção envolve evitar o contato com pessoas e objetos infetados. A filaríase linfática é transmitida por mosquitos e manifesta-se por febre, aumento das adenopatias, inflamação do escroto/hidrocelo e linfedema crónico (elefantíase). Para além disso, alguns insetos conseguem transmitir outras doenças relevantes (51).
A prevalência de cancro de pele pode estar também aumentada em soldados; não só, mas sobretudo os envolvidos na aviação, por apanharem RUV menos filtrada. Pelo tempo que podem ter de passar ao sol, as queimaduras não são raras e apenas uma pequena percentagem usa proteção solar (não mais que 13%), até porque o acesso a esse produto pode ser difícil em algumas circunstâncias (51).
A acne chega a atingir 36% dos militares, devido à idade jovem, irritação mecânica, pouca higiene, oclusão e dificuldade técnica de realizar o tratamento. Algumas das terapêuticas mais usadas têm efeitos secundários não aceitáveis em determinados contextos militares, como fotossensibilidade e alterações no sistema nervoso central. As técnicas de corte de cabelo podem exacerbar um tipo de acne, mais frequente em indivíduos de raça negra e no sexo masculino. As técnicas para prender o cabelo pode também agravar a alopécia por tração; esta é mais frequente na raça negra e hispânica. A barba também tem regras a cumprir e tal pode originar pseudofoliculite, sobretudo em indivíduos de raça negra. Usar laser nestes poderá ser problemático. Ainda assim, há a possibilidade de obter permissão para ter um crescimento discreto da barba, até uma dimensão pré-definida. As terapêuticas utilizadas (tretinoína, peróxido de benzoil e/ou clindamicina) poderão, por sua vez, causar ainda mais irritação. O tratamento poderá passar pela evição do agente desencadeador e o uso de esteroides tópicos, anti-histamínicos e/ou imunomodeladores tópicos (como o tacrolimus ou pimecrolimus) ou corticoides sistémicos (para os casos mais graves) (51).
A onicocriptose (ou “unha encravada”) origina-se através do traumatismo secundário ao calçado (tração/constrição) e/ou corte desadequado (ausente ou muito abrangente) (51).
Alguns agentes químicos podem causar alterações cutâneas, como hiper/hipopigmentação, xerose, angiomas e atrofia. A exposição a cloreto pode associar-se a cloroacne. Os combustíveis também podem causar eczema (51).
As queimaduras por frio atingem sobretudo, orelhas, nariz e restante face; por sua vez, a real gravidade geralmente só é percebida um a dois dias depois; com muito frio também se pode manifestar a síndroma de Raynaud e a urticária (51).
De forma resumida, em contexto militar, o eczema foi a alteração dermatológica mais frequente em situações quentes e húmidas (51).
Medidas de Proteção Coletiva
Existem várias medidas que os empregadores podem adotar para atenuar as alterações dermatológicas, sendo que a maioria surgiu publicada em artigos relativos aos profissionais de saúde, nomeadamente:
-organizar o trabalho de forma a limitar o uso de EPIs até seis horas seguidas no máximo (4)
-disponibilizar dispensadores de hidratante hipoalergénico e sem perfume (4) (13) (37) e/ou cremes de barreira (ainda que estes últimos tenham eficácia controversa) (13); escolher produtos atrativos a nível de textura e aroma, se possível (40)
-promover a rotatividade (4)
-investir na formação/educação e promoção para a saúde (4) (13) (30) (40) (52); ainda que, por vezes, os trabalhadores não valorizam a formação porque tiveram experiências não positivas anteriormente; eles geralmente apreciam informações diretas sobre as consequências médicas dos agentes químicos que utilizam laboralmente; a formação deverá incidir na identificação precoce da semiologia e medidas de proteção (52)
-evitar a aquisição de produtos antiséticos de base alcoólica, porque podem agravar a situação (4) (24); ou seja, trocar produtos tóxicos por outros não nocivos ou menos tóxicos
-supervisão do cumprimento das medidas de proteção (52)- os líderes têm um papel importante no cumprimento das normas e guidelines, até por servirem como exemplo ou delegando tal para outro elemento da equipa, com caraterísticas adequadas (53)
-adequar as normas às tarefas (40) e
-eliminar hábitos que possam constituir barreira à adesão às recomendações (40).
Medidas de Proteção Individual
Não ignorando que o uso prolongado de alguns EPIs pode originar/agravar as alterações dermatológicas, neste contexto, deve-se realçar que:
-a hidratação frequente das mãos, sobretudo após lavagem ou higienização atenua o problema (4) (7) (11) (18) (26) (31) (32) (54); não só a nível de mãos, mas também facial (em relação à máscara); tal como limitar o uso de EPIs até seis horas seguidas no máximo, como já se mencionou (se tal for organizado pelo empregador é uma medida de proteção coletiva; se for colocado em prática por iniciativa do profissional, poderá ser vista como medida de proteção individual, de certa forma); preferir hidratantes com ácido hialurónico e vitamina E, rico em lípidos (4) e sem perfume (4) (26) e usar, pelo menos, ao deitar (4)- a secura e as fissuras foram mais frequentes no sexo masculino, uma vez que usam menos hidratantes (24).
-preferir desinfetantes na formulação de gel (4)
-evitar água quente (4)
-lavar menos vezes (11)
-usar luvas de algodão por debaixo (4) (11) (54)
-realizar pausas no uso de máscara a cada duas horas e, pelo menos, por 15 minutos; substituir com frequências as máscaras (4); aplicar duas camadas de gase dentro da máscara (4) (21) (26) ou algodão, para evitar o contato direto (21)
-usar máscara com ajuste adequado e certificadas (e com identificação dos agentes químicos utilizados), não as borrifar com desinfetantes
-eventualmente colocar óxido de zinco tópico nas peles mais sensíveis (26) e
-manter temperatura inferior a 27,5ºC, evitando a humidade (26).
Fisiopatologia das alterações dermatológicas associadas ao uso de máscaras
Doença dermatológica facial associada a máscara, antes do covid, era pouco prevalente e, ainda assim, mais frequente nos profissionais da medicina dentária (5). Na fase Covid, até a população referiu algumas alterações dermatológicas associadas ao uso de máscara [como prurido (21) (23), abrasões (5), eczema/dermatite (5) (18) (20) (21)- DCA, DCI (5) (22) (23), eritema (20) (23), secura (20), rosácea (20) (22) (23), dermatite seborreica (22) e acne (5) (18) (20) (21) (22) (23)]; devido a:
-potenciação da humidade (23) (5), diaforese (20) (24) (26)
-aumento da temperatura (5) (20) (23)
-fricção (5) (23) (26) e
-contato com agentes químicos existentes na máscara, com relação dose-efeito (5).
Quanto mais oclusiva a máscara, mais humidade existirá e maior será o aumento da temperatura, tal como maior tempo de uso (sobretudo mais que seis horas por dia) (21). A humidade proporciona oclusão dos ductos pilosebáceos, agravando a situação, bem como edema/obstrução dos queratinócitos (20) (21) (26), libertação de citoquinas pró-inflamatórias, alterações microbiológicas, desidratação e alterações do ph (26). A alteração da função de barreira da pele pode potenciar o dano microbiológico (23).
Se usada continuamente pode exacerbar a acne pré-existente ou levar ao aparecimento de novos casos (“masckne”) (5) (18) (20) (21) (23), em alguns estudos com prevalência superior a 62% (20). O aumento da temperatura altera a produção de sebo (10% por cada grau Celsius) (20) (21); a proliferação de alguns microrganismos também potenciará a situação (20).
Aliás, mais de metade dos que já tinham alterações dermatológicas ficaram com a situação agravada (como psoríase, vitiligo, dermatite de contato, dermatite seborreica, acne e rosácea); estes devem se preocupar ainda mais em usar hidratantes antes de colocar este EPI (21).
Por vezes, os materiais que são utilizados na sua elaboração contêm formaldeído ou outros produtos conservantes (20) (23) (26); por isso, também pode surgir urticária e DC (20). Elas também podem conter dibromodicianobutano, thiuran (elástico da máscara), cocopropilenediamina-guanidina-diacetato, poliuretano, triglicidil isocianurato, bronopol (26) e níquel (28). Borrifar as máscaras com produtos desinfetantes poderá agravar ainda mais as alterações dermatológicas (como o amónio quartenário) e diminuir a eficácia da filtração (26).
Máscaras com peça metálica de apoio nasal causam mais sintomas (24); tal como o ajuste mais intenso da máscara, ainda que potencie a sua eficácia (26).
Na generalidade dos casos as lesões não foram graves e ficaram atenuadas com terapêuticas tópicas (21).
Fisiopatologia das alterações dermatológicas associadas ao uso de farda
A farda poderá causar alterações dermatológicas em função dos corantes inseridos nos tecidos (28).
Fisiopatologia das alterações dermatológicas associadas ao uso de luvas
Nas luvas de borracha, o agente mais relevante é o thiuran (28); outros aditivos da borracha e/ou fragâncias também podem ser problemáticos; para além do efeito de oclusão e para esta o tempo total de uso de luvas parece ser mais importante que o número de luvas usadas (5); elas também podem potenciar o contato com outros agentes químicos inseridos na sua constituição (24) [como o tetrazepam e/ou formaldeído (33)] e alterar a barreira de proteção da pele; agravando o efeito dos alérgenos e do risco biológico. O uso prolongado potencia ainda a humidade. Usar luvas de algodão por baixo pode atenuar os sintomas (24), como já se referiu.
Fisiopatologia das alterações dermatológicas associadas ao uso de calçado laboral
A calçado poderá conter agentes tóxicos inseridos no couro ou em peças com níquel (28).
Fisiopatologia das alterações dermatológicas associadas ao uso de óculos
O uso de óculos potencia a diaforese e a irritação cutânea; usar por mais que seis horas aumenta a probabilidade de surgir eczema (24).
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
Existem diversas medidas de proteção coletiva e individual com capacidade para atenuar a incidência, prevalência e gravidade de algumas doenças dermatológicas associadas ao trabalho. Dado presentemente o apoio a pacientes infetados com Covid não dominar as atividades dos profissionais de saúde, seria pertinente investigar outras alterações cutâneas nesta e outras profissões, sobretudo dos setores destacados como mais relevantes, de forma a se ficar com uma ideia do panorama nacional e proporcionando aos profissionais das Equipas de Saúde e Segurança atitudes mais robustas para diagnosticar precocemente o problema, bem como ter mais capacidade para o orientar e reavaliar.
CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS
Nada a declarar.
AGRADECIMENTOS
Nada a declarar.
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- D12. Singal A, Lipner S. A review of skin disease in military soldiers: challenges and potencial solutions. Annals of Medicine. 2023; 55(2): 2267425. DOI: 10.1080/07853890.2023.2267425
- D17. Zack B, Arrandale V, Holness D. A qualitative study to identify characteristics of a desirable training program for prevention of occupational skin disease. Annals of Work Exposure and Health. 2021: 230-238. DOI: 10. 1093/annweh/Wxaa111.
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Quadro 1: Pesquisa efetuada
Motor de busca | Passwords | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não | Nº do documento na pesquisa | Codificação inicial |
EBSCO (CINALH, Medline, Database of Abstracts and Reviews, Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health Collection e MedicLatina) | Acne | -2013 a 2023
-acesso a resumo -acesso a texto completo |
3899 | 1 | Não | – | – |
+ occupational health | 7 | 2 | Não | – | – | ||
+ occupational | 31 | 3 | Sim | 1
2 3 4 11 13 14 15 16 17 18 22 23 |
D1
D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 |
||
Dermatoses | 6422 | 4 | Não | – | – | ||
+ occupational | 466 | 5 | Não | – | – | ||
+ occupational health | 88 | 6 | Sim | 2
3 4 5 6 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 23 24 25 26 32 33 35 37 38 40 41 42 44 46 47 48 49 50 51 52 54 55 57 58 59 60 61 62 63 65 66 67 68 69 70 71 73 74 75 |
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(1)Mónica Santos
Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online; Técnica Superior de Segurança no Trabalho; Doutorada em Segurança e Saúde Ocupacionais e CEO da empresa Ajeogene Serviços Médicos Lda (que coordena os projetos Ajeogene Clínica Médica e Serviços Formativos e 100 Riscos no Trabalho). Endereços para correspondência: Rua da Varziela, 527, 4435-464 Rio Tinto. E-mail: s_monica_santos@hotmail.com. ORCID Nº 0000-0003-2516-7758
Contributo para o artigo: seleção do tema, pesquisa, seleção de artigos, redação e validação final.
(2)Armando Almeida
Escola de Enfermagem (Porto), Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde; Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 4420-009 Gondomar. E-mail: aalmeida@ucp.pt. ORCID Nº 0000-0002-5329-0625
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.
(3)Dina Chagas
Doutorada em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho; Pós-Graduada em Segurança e Higiene do Trabalho; Pós-Graduada em Sistemas Integrados de Gestão, Qualidade, Ambiente e Segurança. Professora convidada no ISEC Lisboa. Membro do Conselho Científico de várias revistas e tem sido convidada para fazer parte da comissão científica de congressos nos diversos domínios da saúde ocupacional e segurança do trabalho. Colabora também como revisor em várias revistas científicas. Galardoada com o 1.º prémio no concurso 2023 “Está-se Bem em SST: Participa – Inova – Entrega-Te” do projeto Safety and Health at Work Vocational Education and Training (OSHVET) da EU-OSHA.1750-142 Lisboa. E-Mail: dina.chagas2003@gmail.com. ORCID N.º 0000-0003-3135-7689.
Contributo para o artigo: seleção de artigos, redação e validação final.