PATTERN OF WORKERS’ SICKENING AT A PRIVATE BANK AGENCY
TIPO DE ARTIGO: Observacional Analítico Transversal
AUTORES: Moreira A(1), Almeida C(2), Silva F(3), Monteiro C(4)
RESUMO
INTRODUÇÃO
A saúde do trabalhador está relacionada com a organização do ambiente laboral. Exercer em Instituições Bancárias detém algumas particularidades a considerar.
OBJETIVO
O objetivo desta pesquisa foi identificar as doenças ocupacionais mais prevalente em trabalhadores de uma agência bancária privada. Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa, realizada num município paulista.
MÉTODOS
Foram pesquisados 12 funcionários de diferentes cargos. Utilizou-se como instrumento a aplicação de um questionário semiestruturado, o qual abordou questões que permitiram caracterizar o perfil desses trabalhadores, suas situações de trabalho, como adoecem, as principais queixas e sugestões para melhoria do trabalho. Também foi avaliada a estrutura física da agência, onde os trabalhadores deveriam avaliar os itens destacados com um score entre 0 a 10, sendo as notas de 0 a 3 para mau, de 4 a 6 para regular, de 7 a 9 para bom e a nota 10 para excelente.
RESULTADOS
A divisão por géneros foi homogénea. 50% tinha entre 31 a 50 anos idade e trabalham há mais de seis anos na instituição. Nenhum funcionário praticava ginástica laboral e apenas 16,6% fazem pausas para descanso durante o turno de trabalho. As patologias mais prevalentes foram as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho/Lesão por Esforço Repetitivo (33,3%), os Distúrbios Visuais (33,3%) e o Transtorno do Ciclo Vigília-Sono (33,3%); porém 41% afirmou nunca ter apresentado qualquer doença ocupacional. A avaliação ergonómica do mobiliário e da estrutura física foi tida como regular e os terminais de autoatendimento (caixas eletrónicos) e os computadores foram avaliados como bons.
CONCLUSÃO
Conclui-se que durante a rotina desses trabalhadores as situações de stress geradas entre empregado e empregadores são as que mais afetam esses funcionários e acabam por contribuir para o surgimento de alterações emocionais. Já as demais patologias têm relação direta com o ritmo de trabalho e os fatores físicos da agência. Uma correta análise e abordagem da parte da equipa de Saúde Ocupacional poderá atenuar a incidência, prevalência e gravidade dos danos.
Palavras- chave: Saúde do Trabalhador; Doenças Ocupacionais; Banco; Enfermagem.
ABSTRACT
INTRODUCTION
The health of the worker is related to the organization of the work environment. Work at a private bank agency has some particularities.
OBJECTIVE
The objective of this research was to identify the most prevalent occupational diseases among employees of a private bank branch.
METHOD
This is a descriptive, quantitative research carried out in a city of São Paulo. Twelve employees from different positions were surveyed. The application of a semi-structured questionnaire was used as an instrument, which addressed issues that allowed characterizing the profile of these workers, their work situations, how they get sick, the main complaints and suggestions for work improvement. It was also included in this questionnaire a framework for evaluating the physical structure of the agency, where workers should evaluate items with grades from 0 to 10: grades from 0 to 3 for bad, from 4 to 6 for regular, from 7 to 9 for good and the note 10 for excellent.
RESULTS
There were equal percentages of men and women. 50% were between 31-50 years of age and had been working in the institution for more than six years. No employee practices workout and only 16.6% take rest breaks during work hours. The most prevalent problems were Work-related Osteomuscular Diseases/ Repetitive Strain Injury (33.3%), Visual Disorders (33.3%) and Wake-Sleep Cycle Disorder (33.3%); but 41% reported never had an occupational disease. The ergonomic evaluation of the furniture and physical structure was taken as regular, and self-service terminals (ATMs) and computers were rated as good.
CONCLUSION
It is concluded that during the routine of these workers the stress situations generated between employee and employers are the ones that most affect these employees and end up contributing to the emergence of emotional disorders. The other pathologies are directly related to the work rhythm and the physical factors of the agency.
Keywords: Employees’s health; Occupational Diseases; Bank; Nursing.
INTRODUÇÃO
Os fatores ergonómicos e as situações de stress são as principais causas de adoecimento entre os trabalhadores, podendo-se destacar também a realização das horas extras devido à grande demanda de serviços, que muitas vezes levam a sobrecarga funcional1.
Devido à exposição dos trabalhadores aos riscos ocupacionais é indispensável que se priorizem ações preventivas no ambiente de trabalho, as quais reduzirão o número de doenças, acidentes e absenteísmo.
Conceitua-se doença profissional como aquela que é desencadeada pelo exercício do trabalho e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho. O enfermeiro do trabalho tem o papel de desenvolver métodos importantes para melhoria da saúde da população trabalhadora2.
Assim, tem-se como objetivo levantar o perfil de adoecimento de trabalhadores de uma agência bancária privada, bem como identificar os fatores de risco nesse ambiente, para que se ponderem mudanças para a promoção da saúde, se necessárias.
REFERENCIAL TEÓRICO
No exercício de suas funções, os trabalhadores estão expostos a vários fatores que podem interferir no seu estado de saúde. As lesões ocorridas no ambiente de trabalho são caracterizadas como acidentes de trabalho3. As doenças ocupacionais ocorrem devido a modificações no estado de saúde do trabalhador, em consequência das condições de trabalho, englobando múltiplas causas4.
A saúde do trabalhador é uma área constituinte da saúde pública que avalia a interação do homem com o ambiente de trabalho, tendo como objetivo a promoção e proteção da saúde do trabalhador, compreendendo todos os níveis de atenção, desde o diagnóstico precoce, tratamento da doença, até a reabilitação do funcionário4.
A Lei 8.080 de 1990, com base nos direitos constitucionais, afirma que é direito do indivíduo desfrutar de um trabalho digno, de transporte decente e de ambientes favoráveis para sua vivência, além de momentos de lazer e distração. É dever do Estado garantir à pessoa e coletividade condições de bem-estar físico, mental e social, por meio do trabalho conjunto entre instâncias governamentais. No caso da saúde do trabalhador, há um vínculo entre Ministério da Saúde, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego 1.
Dentro do Sistema Único de Saúde foram criados o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, os quais amparam essa população, promovendo a melhoria da saúde e das condições de trabalho, por prestar assistência e vigilância no ambiente laboral 1.
A enfermagem do trabalho tem como responsabilidade a gestão da saúde, prevenindo doenças e promovendo tratamento das mesmas, através da identificação dos fatores de riscos, executando ações educativas de saúde, higiene e segurança; respeitando os princípios éticos, culturais, espirituais e empresariais 2.
METODOLOGIA
Estudo epidemiológico descritivo, quantitativo, no qual se levantou o perfil de adoecimento de trabalhadores de uma agência bancária privada, num município do interior do estado de São Paulo.
A amostra foi constituída de 12 funcionários de ambos os sexos, empregados entre os cargos de faxineira (1), segurança (2), estagiário (1), operadores de caixa (3), promotor de vendas (1) e gerentes (4), selecionados por estarem em expediente de trabalho e por terem aceitado participar da pesquisa; ou seja, participaram dessa pesquisa os funcionários que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e que não estavam de férias, licença médica ou apenas prestando serviços temporários à instituição.
Utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário não validado semiestruturado contendo 15 questões objetivas e um quadro para avaliação ergonómica da empresa. O instrumento foi elaborado com base no Manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho, do Ministério da Saúde brasileiro, porém as doenças foram descritas de maneira informal para que os funcionários compreendessem e pudessem identificá-las5.
As questões aplicadas abordaram temas que nos permitiram caracterizar os funcionários da agência com base na idade, no sexo e se residiam no mesmo município que trabalhavam. Em relação à caracterização do trabalho foi questionado a função e o tempo de vínculo na instituição, a carga horária diária e número de refeições e pausas durante o turno. Para o levantamento do perfil de adoecimento dos trabalhadores bancários, foram expostas algumas patologias ocupacionais que têm relação ao trabalho no banco, sendo que nessa questão os participantes poderiam assinalar mais que uma alternativa. Foi também inquirida a prática da ginástica laboral durante o expediente e a periodicidade de consultas com o médico do trabalho.
Também foi avaliado a estrutura física da agência, a qual foi realizada por meio da elaboração de um score onde se adotou as notas de 0 a 3 para mau, de 4 a 6 para regular, de 7 a 9 para bom e a nota 10 para excelente. Os itens avaliados foram os mobiliários (cadeiras, mesas, computador, terminal de autoatendimento) e a estrutura física (iluminação, ventilação, humidade, ruídos, temperatura, espaço, conservação do prédio, copa/cozinha e instalações sanitárias).
Sabe-se que os transtornos emocionais relacionados ao trabalho têm aumentado em todo o mundo; por isso questionamos a rotina dentro da instituição, quais os fatores que mais “incomodavam” e quais seriam as sugestões para melhoria das condições de trabalho.
Durante a entrega do questionário foram esclarecidas as dúvidas e destacado o objetivo da pesquisa aos participantes, bem como concedido o período de sete dias para a devolução do mesmo. Os resultados obtidos foram analisados a partir da estatística descritiva.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (CAAE 05669512.0.0000.5137).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados demonstraram que a distribuição por género era homogénea. A análise por grupos etários realçou que, considerando ambos os sexos, 50% tinham entre 31 e 50 anos, 33,4% tinham entre 25 e 30 anos e 16.6% tinham entre 19 e 24 anos. (Tabela 1)
66,6% residia na mesma cidade em que trabalhava. Os demais (33,4 %) percorrem diariamente, em média, 33 km até a agência, sendo todos homens neste subgrupo (Tabela 1). Estudos sobre o comportamento do condutor demonstraram que a fadiga é uma das causas de erros no trânsito, assim como a alta velocidade, consequente da pressa, o comportamento social divergente e a motivação social6, podendo estar todos esses fatores relacionados aos acidentes.
A carga horária semanal trabalhada pelas mulheres na agência bancária foi de 30 a 40 horas. Já os homens afirmaram trabalhar, semanalmente, entre 30 a 50 horas (Tabela 2). Na pesquisa do IBGE de 2011, o número de horas semanais trabalhadas no setor de intermediação financeira foi de 39,4 pelas mulheres, e de 42,1 pelos homens. Comparando a legislação brasileira de 44 horas semanais no setor privado e 40 horas no setor público, o Brasil encontra-se em posição intermédia na duração da jornada de trabalho, ou seja, maior que o padrão mundial e menor que o padrão latino-americano global. Por exemplo, estima-se que 19% da população que ultrapassa as 48 horas de trabalho, segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT)7,8.
O tempo de serviço dos funcionários nesta instituição bancária variou entre um ano (16,6%) a mais de dez anos (16,6%), sendo que 33,4% já trabalham no período de seis a dez anos e 33,4% de dois a cinco anos. (Tabela 2)
Foi observado que 83,4% não tinha horário oficial para efetuars pausa durante o expediente, realçando-se que nove desses funcionários trabalham de oito a dez horas/dia, enquanto 16,6% tinham trinta minutos de repouso todos os dias e trabalham cerca de seis horas. A maioria (66,6%) dos funcionários afirma realizar apenas uma refeição (almoço) durante o turno e 25% realizam duas (almoço e lanche da tarde). (Tabela 2)
De acordo com a Lei n° 5.452/43, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em todo e qualquer trabalho contínuo que exceda seis horas, é obrigatória a existência para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo de uma hora e máximo de duas horas. Os funcionários que não excedem seis horas de trabalho têm direito a 15 minutos de descanso, quando a duração ultrapassar quatro horas. Nos serviços de datilografia, escrituração ou cálculo, devem, a cada 90 minutos trabalhados, repousar dez minutos não deduzidos da duração normal de trabalho. Quando o intervalo de repouso ou alimentação não é concedido ao funcionário, o empregador deve remunerar o correspondente com o acréscimo de no mínimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho9.
16,6% relataram nunca terem realizado consulta com o Médico do Trabalho, o que vai contra a Norma Regulamentadora de n° 07 (NR7) correspondente ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), da Portaria GM n° 3.214/7810. (Tabela 2)
O PCMSO tem como objetivo promover e preservar a saúde do conjunto de seus trabalhadores, competindo ao empregador indicar e custear, sem encargo financeiro para o empregado, todos os procedimentos médicos relacionados ao programa, incluindo obrigatoriamente a realização de exames médicos nos períodos admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional10. A consulta médica periódica anual foi relatada por 66,8% dos funcionários e a bianual, por 16,6%, o que se coaduna ao previsto por lei, para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho, que impliquem ou desencadeiem agravos à saúde ocupacional, ou ainda aqueles portadores de doenças crónicas 9. (Tabela 2)
As patologias de maior prevalência que caracterizaram o perfil de adoecimento nesses funcionários foram os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)/ Lesão por Esforços Repetitivos (LER) (33,3%), os Distúrbios Visuais subjetivos (33,3%) e o Transtorno do ciclo vigília-sono (33,3%). (Tabela 3)
O Ministério da Saúde adverte que realizar repetidamente movimentos, durante um longo período, causa lesões musculo – esqueléticas11. O mobiliário inadequado, a pouca valorização das normas ergonómicas, postura incorreta, tipo de movimento e força aplicada durante a atividade laboral, o ritmo acelerado de trabalho, a pressão de tempo e de produtividade e algumas características individuais podem provocar o surgimento e/ou agravamento destas patologias 12-14.
Numa pesquisa realizada em 2002, sete dos dez funcionários entrevistados de uma agência bancária pública, apresentaram LER quando exerciam a função de caixa15. Verificou-se que a preocupação com a redução do número de funcionários, agilidade e qualidade no atendimento, correlacionada à angústia com a formação da fila e com fatores ergonómicos, levava o funcionário a um esforço que não ocorreria se fosse feito um dimensionamento de pessoal e manutenção eficiente dos recursos físicos16.
O transtorno do ciclo vigília-sono pode ocorrer devido a fatores específicos do trabalho e individuais, como a ansiedade, atingimento de objetivos, estilo de vida do trabalhador e caracteriza-se pela disfunção do sincronismo entre o período vigília-sono, resultando em insónia ou sonolência excessiva4. A má qualidade do sono provoca sonolência no período de trabalho, seja diurno ou noturno, sendo muitas vezes a causa de acidentes, desinteresse, ansiedade, irritabilidade, perda da eficiência e stress. Os distúrbios do sono têm custo social, pois podem potenciar-se os acidentes de trabalho. Para além disso, pode ocorrer também uso abusivo de medicamentos (para induzir o sono e não só)17, além de aumentar a incidência de complicações cardiovasculares18.
Outra doença que obteve grande incidência foram os distúrbios visuais subjetivos, que são na maioria das vezes causados por fatores físicos (iluminação) e ergonómicos (uso excessivo de computadores e terminais de autoatendimento); podendo manifestar-se por visão turva4. Devido ao período extensivo utilizando computadores, muitos profissionais podem desenvolver a Síndrome da Visão do Computador, onde passam a apresentar queixas como cansaço visual, vermelhidão, irritação, visão turva e secura ocular. Estima-se que 90% dos 70 milhões de trabalhadores que utilizam computador por mais de três horas por dia, desenvolvem algum desses sintomas, devido ao ressecamento dos olhos, principalmente pela baixa frequência do piscar19.
Dos doze funcionários, 41,6% relataram nunca ter apresentado nenhuma doença. Analisando a incidência e causas de licenças médicas e/ou absentismo nesses funcionários, foi possível observar que 75% nunca faltou ao trabalho. As causas das licenças médicas mais frequentes entre os trabalhadores foram a Sinusite Crônica, a LER e o Câncer, todos com 8,3%. (Tabela 3) A ausência dos trabalhadores reflete na diminuição da produção e nos indicadores de qualidade, logo, repercute diretamente na economia 20.
Inúmeros são os fatores ansiogénicos diários relatados por estes trabalhadores. Constatou-se que as metas consideradas por estes como abusivas (41,6%), a sobrecarga de trabalho (25%) e a incompreensão e insatisfação dos clientes (25%) são as situações quotidianas mais stressantes. (Tabela 3) A este nível também se realçam a eventual retaliação de chefias e/ou colegas, pouca segurança no vínvulo laboral, falta de formação adequada e relação abusiva entre superiores e subordinados 21. O stress ocupacional é considerado fator de risco para doenças coronarianas, Síndrome de Burnout, afecções músculo esqueléticas relacionadas ao trabalho (DORT), além de diversos sintomas como: cefaleia, pirose, epigastralgias, insónia, irritabilidade e perda de concentração 21.
Quanto às sugestões de melhoria, 83,3% dos funcionários afirmaram que deveria ser realizada a troca da mobília e 75% desejavam uma reforma na estrutura física da agência.
Foi evidenciado que 100% dos participantes nunca praticaram ginástica laboral, além de ter sido observado, durante a aplicação do questionário, que muitos desconheciam as técnicas. (Tabela 2) Numa pesquisa com 102 trabalhadores de agência bancária, 97,1% tinham conhecimento sobre a atividade da ginástica laboral, mas apenas 52,5% possuíram essa atividade no seu setor de trabalho, por exemplo22. A ginástica laboral atenua várias doenças ocupacionais, principalmente as DORT/LER e o stress 23,24. Realizados durante o período de trabalho, tais exercícios proporcionam inúmeros benefícios que resultam desde a ampliação da produtividade da empresa, até a melhora da saúde do trabalhador. O aumento da autoestima dos funcionários reflete na sua produtividade, visto que o mesmo se sente “protegido” pela instituição, além de ser um momento de descontração que propicia um melhor relacionamento entre os membros da equipa. A implementação da ginástica laboral no ambiente de trabalho depende da capacidade de compreensão dos empregadores em perceber que o funcionários mais saudáveis são mais produtivos e estão menos tempo ausentes por doença e acidentes24.
A avaliação do mobiliário resultou como “regular” para o conforto das cadeiras (4,25) e mesas (4,75), e “bom” o funcionamento dos computadores e terminais de autoatendimento (6,6). Já em relação à avaliação da estrutura física da agência, foram avaliados como “regular” a iluminação (5,58), a conservação do prédio (4,6), a copa/cozinha (5,25) e as instalações sanitárias (4) e como “bom” a ventilação (7,33), a humidade (6,38), ruídos (7), temperatura (7) e espaço (7,16).
Diante disso, poderá ficar atribuido ao enfermeiro em saúde ocupacional identificar quais os riscos que os trabalhadores estão expostos; bem como implementar, propor e executar as mudanças necessárias, dentro de três pilares: saúde, segurança e higiene.2.
CONCLUSÃO
Nesta pesquisa pretendeu-se avaliar as principais doenças ocupacionais que os trabalhadores de uma agência bancária privada podem apresentar no exercício de suas funções, relacionando tal com a ausência ou de ginástica laboral e fatores ergonómicos da agência.
O stress decorrente das metas abusivas, sobrecarga de trabalho, impaciência e insatisfação dos clientes é um dos principais agravantes na saúde desses trabalhadores, o que justifica não só a incidência da doença do Transtorno do ciclo vigília-sono, mas também as DORT/LER, pois os funcionários que trabalham sobre pressão procuram acelerar seu desempenho, realizando movimentos repetitivos com maior intensidade e força, independentemente das condições ergonómicas do mobiliária existente.
Fica evidente que a pressão e sobrecarga de trabalho nas instituições bancárias dificultam a inclusão da ginástica laboral.
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TABELAS
Tabela 1: Distribuição dos trabalhadores, segundo dados biopsicosociais. Inteiror de São Paulo, Brasil, 2012. (n=12) | ||||
Variáveis | Total | |||
f | % | |||
Sexo | Feminino | 06 | 50 | |
Masculino | 06 | 50 | ||
Faixa etária | <18 anos | 0 | 0 | |
19 a 24 anos | 02 | 16,6 | ||
25 a 30 anos | 04 | 33,4 | ||
31 a 40 anos | 03 | 25 | ||
41 a 50 anos | 03 | 25 | ||
51 a 60 anos | 0 | 0 | ||
> que 60 anos | 0 | 0 | ||
Reside na cidade em que trabalha | Sim | 08 | 66,6 | |
Não | 04 | 33,4 |
Tabela 2: Condições trabalhistas dos funcionários dessa agência bancária privada. Interior de São Paulo, Brasil, 2012 (n= 12) | ||||
Variáveis | Total | |||
f | % | |||
Tempo de serviço na instituição bancária | 6 meses a 1 ano 2 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 10 anos >10 anos | 02 02 02 04 02 | 16,6 16,6 16,6 33,4 16,6 | |
Carga horária diária | 4 horas 6 horas 8 horas 10 horas | 0 03 06 03 | 0 25 50 25 | |
Periodicidade de consulta em médico do trabalho | A cada 06 meses 1 vez ao ano A cada 2 anos Nunca passei por consulta médica | 0 08 02 02 | 0 66,8 16,6 16,6 | |
Refeições durante o expediente | 1 refeição: almoço 2 refeições: almoço e café da tarde Almoço e as vezes café da tarde | 08 03 01 | 66,6 25 8,3 | |
Intervalo durante o expediente | Nenhum 30 minutos todos os dias, além do horário de almoço 1 hora todos os dias, além do horário de almoço 2 horas todos os dias, além do horário de almoço Não, nem todos os dias tenho horário para descanso Nunca tenho horário para descanso | 0 02 0 0 0 10 | 0 16,6 0 0 0 83,4 | |
Prática de ginástica laboral | 15 minutos todos os dias 30 minutos todos os dias Nem todos os dias praticamos ginástica laboral Não praticamos ginástica laboral | 0 0 0 12 | 0 0 0 100 |
Tabela 3: Perfil de adoecimento dos trabalhadores de agência bancária privada. Interior de São Paulo, Brasil, 2012. (n= 12) | ||||
Variáveis | Total | |||
F | % | |||
Doenças ocupacionais prevalentes entre os funcionários | DORT/LER | 04 | 33,3 | |
Transtorno do ciclo vigília-sono | 04 | 33,3 | ||
Distúrbios visuais (miopia, astigmatismo ou hipermetropia) | 04 | 33,3 | ||
Estomatite Ulcerativa Crônica | 03 | 25 | ||
Neurose Profissional | 02 | 16,6 | ||
Sinusites Crônicas | 02 | 16,6 | ||
Angina | 02 | 16,6 | ||
Síndrome de “Burn-Out” | 01 | 8,3 | ||
Neoplasia | 01 | 8,3 | ||
Nunca apresentei nenhuma doença | 05 | 41,6 | ||
Causas das licenças médicas ou afastamentos | Nunca precisei ser afastado ou recebi licença médica | 09 | 75 | |
Sinusites Crônicas | 03 | 25 | ||
LER | 01 | 8,3 | ||
Câncer de Tireoide | 01 | 8,3 | ||
Principais incômodos diários | Metas abusivas | 05 | 41,6 | |
Sobrecarga de trabalho | 03 | 25 | ||
Clientes impacientes e incompreensíveis | 03 | 25 | ||
Clientes insatisfeitos | 02 | 16,6 | ||
Estrutura física inadequada | 02 | 16,6 | ||
Mobília inadequada | 02 | 16,6 | ||
Falta de cooperação da equipe | 01 | 8,3 | ||
Profissionais despreparados e lentos | 01 | 8,3 | ||
Sistema lento ou foda do ar | 01 | 8,3 | ||
* Os entrevistados poderiam assinalar mais que uma questão
|
||||
(1)Amanda Sorce Moreira
Enfermeira pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas-Brasil; Enfermeira especialista em Estratégia Saúde da Família pela Universidade Federal de Alfenas, Alfenas-Brasil; Enfermeira Especialista em Estomaterapia pela Faculdade de Medicina de Rio Preto, São José do Rio Preto-Brasil.Endereço para correspondência: Rua João Cabreira, n°160, bairro Centro, município de Divinolândia, estado São Paulo, Brasil, Código postal (CEP) 13780-000. E-mail: amandinhasorce@hotmail.com.
(2)Carla Montonde de Almeida
Enfermeira pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas-Brasil. Itajubá, estado de Minas Gerais. Email: carlamontone@hotmail.com.
(3)Fernando de Abreu da Silva
Enfermeiro pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas-Brasil. Ipuiuna, estado de Minas Gerais. Email: fernandopuiuna@hotmail.com.
(4)Cristiane Silveira Monteiro
Doutora em Enfermagem do Trabalho pela Universidade de São Paulo. Professora adjunta IV na Universidade Católica de Minas Gerais.Poços de Caldas, estado de Minas Gerais. Email: casilve@yahoo.com.br.
Moreira A, Almeida C, Silva F, Monteiro C. Perfil de adoecimento de Trabalhadores de uma Agência Bancária Privada, Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional, 2017, volume 3, 66-75. DOI:10.31252/RPSO.22.03.2017