Santos M, Almeida A, Lopes C, Oliveira T. Metodologias para a Avaliação de Riscos: William Fine. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2018, volume 6, 1-3. DOI:10.31252/RPSO.18.11.2018
TIPO DE ARTIGO: Artigos da Equipa Técnica
Autores: Santos M(1), Almeida A(2), Lopes C(3), Oliveira T(4).
Este método semi-quantitativo permite identificar os riscos e hierarquizar os mesmos, de forma a orientar as medidas corretivas que poderão ser instauradas. O método foi divulgado em 1971, ainda que tenha sido posteriormente adaptado.
Este método permite quantificar a gravidade e a probabilidade relativa de cada risco, associadas às respetivas ações preventivas, custo, tempo e esforço necessário nas atuações, se assim for desejável.
Aqui considera-se que R=Fc x Fe x Fp, em que:
- R é a magnitude do risco
- Fc é o fator consequência (resultados mais prováveis de um acidente ou fator de risco, quer pessoais, quer materiais)
- Fe como fator exposição (frequência com que se apresenta a situação de risco) e Fp como fator probabilidade (ou seja, probabilidade de uma vez iniciada a sequência de um acontecimento, ela culminar no acidente).
Por sua vez, J= Fc x Fe x Fp/ Fcusto x Gc, em que:
- J é justificação e
- Gc é o grau de correção.
Se:
- J for superior a 20 deve ocorrer suspensão imediata da atividade;
- entre 10 e 20 deverá existir correção imediata e
- menor que 10 a correção passa para urgente apenas.
No quadro 1 e 2 estão descritos os eventuais danos corporais e materiais, de forma a quantificar o Grau de Severidade/ Consequência (utilizar um ou outro).
Nota: A RPSO sugere que todos os quadros sejam colocados no final do artigo, a seguir à bibliografia; contudo, os autores solicitaram que os mesmos fossem inseridos no texto, à medida que mencionados, para uma melhor compreensão do seu conteúdo.
Quadro 1: Descrição do Grau de Severidade ou de Consequência
Consequências | ||
Grau de severidade | ||
Danos corporais | Danos materiais | Valor |
Numerosas mortes | Danos superiores a 1.000.000E e quebras importantes na atividade | 100 |
Várias mortes | 500.000 a 1.000.000E | 50 |
Morte | 100.000 a 500.000E | 25 |
Lesões graves, amputações, invalidez permanente | 1000 a 100.000E | 15 |
Incapacidades temporárias | Até 1000E | 5 |
Ferimentos ligeiros | Pequenos danos | 1 |
Quadro 2: Fator Consequência
Catástrofe | Elevado número de mortes; grandes perdas | 100 |
Várias mortes | Perdas entre 500.000 e 1.000.000E | 50 |
Uma morte | Acidente mortal; perdas de 100.000 a 500.000E | 25 |
Lesões graves | Incapacidade permanente; perdas entre 1.000 e 100.000E | 15 |
Lesões com CIT | Incapacidade temporária; perdas inferiores a 1.000E | 5 |
Pequenas feridas | Lesões ligeiras | 1 |
Nos quadros 3 e 4, por sua vez, estão valoradas a Exposição e a Probabilidade.
Quadro 3: Valoração da Exposição
Exposição (Fe) | |
Frequência da ocorrência da situação de risco | Valor |
Várias vezes ao dia | 10 |
Frequentemente | 6 |
1x/ semana a 1x/ mês | 3 |
1x/ mês a 1x/ ano | 2 |
Raramente (mas já aconteceu) | 1 |
Remotamente possível (nunca aconteceu) | 0,5 |
Quadro 4: Valoração da Probabilidade
Probabilidade (Fp) | |
Probabilidade da sequência de acontecimentos, incluindo as consequências | Valor |
Resultado mais provável se a situação inicial de risco ocorrer | 10 |
Probabilidade de 50% | 6 |
Remotamente possível (já aconteceu) | 3 |
Rara | 1 |
Extremamente rara | 0,5 |
Praticamente impossível | 0,1 |
No quadro 5 estão registadas as medidas a tomar em função do patamar de Risco.
Quadro 5: Medidas a tomar em função do patamar de Risco
Grau de Perigosidade | ||
Risco | Classificação | Medidas |
≥ 400 | Grave, iminente | Suspensão imediata da atividade perigosa |
200- 400 | Alta | Correção imediata |
70- 200 | Notável | Correção logo que possível |
20- 70 | Moderada | Deve ser eliminada, mas não é uma emergência |
<20 | Aceitável | Situação a manter |
No quadro 6 entra-se em conta também com a dimensão económica da ação corretiva.
Quadro 6: Fator Custo da ação corretiva
Fator de custo | |
Custo esperado da ação corretiva | Valor |
+ 2500E | 10 |
1250- 2500E | 6 |
675 a 1250E | 4 |
335 a 675E | 3 |
150 a 335E | 2 |
75 a 150E | 1 |
<75E | 0,5 |
No quadro 7, por sua vez, estratifica-se a diminuição do Risco pela aplicação da ação corretiva.
Quadro 7: Diminuição do Risco pela Ação Corretiva- Grau de correção
Grau de correção | |
Diminuição do risco por aplicação da ação corretiva | Valor |
Risco totalmente eliminado | 1 |
Diminuição em pelo menos 75% | 2 |
50 a 75% | 3 |
25 a 50% | 4 |
Menos de 25% | 6 |
Os autores recomendam a utilização deste método, ainda que existam outras técnicas nele inspiradas e mais simplificadas, a divulgar sumariamente em artigos seguintes, nos próximos meses.
AGRADECIMENTOS
A Célia Pereira, Consultora de Ambiente e Higiene e Segurança no Trabalho, pela análise e comentários pertinentes à primeira versão do artigo.
BIBLIOGRAFIA GERAL
(usada na elaboração de todos os artigos relativos a métodos para avaliação dos riscos)
1-Pedro R. Métodos de Avaliação e Identificação de Riscos nos locais de Trabalho. Tecnometal. 2006, 167, 1-8.
2- Mendonça A. Métodos de Avaliação de Riscos- contributo para a sua aplicabilidade no setor da Construção Civil. Relatório de Atividade Profissional para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente. Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade do Algarve. 2013, 1-225.
3-Batista J. Adaptação de Métodos Matriciais para a Avaliação de Riscos Profissionais. Safemed. 2016, 1-22.
(1)Mónica Santos
Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho e Doutoranda em Segurança e Saúde Ocupacionais, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Presentemente a exercer nas empresas Medicisforma, Servinecra e Securilabor; Diretora Clínica das empresas Quercia e Gliese; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. Endereços para correspondência: Rua Agostinho Fernando Oliveira Guedes, 42, 4420-009 Gondomar. E-mail: s_monica_santos@hotmail.com.
(2)Armando Almeida
Doutorado em Enfermagem; Mestre em Enfermagem Avançada; Especialista em Enfermagem Comunitária; Pós-graduado em Supervisão Clínica e em Sistemas de Informação em Enfermagem; Docente na Escola de Enfermagem (Porto), Instituto da Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Diretor Adjunto da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 4420-009 Gondomar. E-mail: aalmeida@porto.ucp.pt.
(3)Catarina Lopes
Licenciada em Enfermagem, desde 2010, pela Escola Superior de Saúde Vale do Ave. A exercer funções na área da Saúde Ocupacional desde 2011 como Enfermeira do trabalho autorizada pela Direção Geral de Saúde, tendo sido a responsável pela gestão do departamento de Saúde Ocupacional de uma empresa prestadora de serviços externos durante 7 anos. Atualmente acumula funções como Enfermeira de Saúde Ocupacional e exerce como Enfermeira Generalista na SNS24. Encontra-se a frequentar o curso Técnico Superior de Segurança do Trabalho.
4715-028. Braga. E-mail: catarinafflopes@gmail.com
(4)Tiago Oliveira
Licenciado em Enfermagem pela Universidade Católica Portuguesa. Frequenta o curso de Técnico Superior de Segurança no Trabalho. Atualmente exerce a tempo inteiro como Enfermeiro do Trabalho. No âmbito desportivo desenvolveu competências no exercício de funções de Coordenador Comercial na empresa Academia Fitness Center, assim como de Enfermeiro pelo clube de futebol União Desportiva Valonguense. 4435-718 Baguim do Monte. E-mail: tiago_sc16@hotmail.com.