Pinela A, Mestre P, Troper K, Fernandes I, Pires S, Cunha A, Martinho T. Impacto das Alterações Climáticas para a Segurança e Saúde dos Trabalhadores: desafios para a Saúde Ocupacional. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2024; 18: e0460. DOI: 10.31252/RPSO.10.08.2024
IMPACT OF CLIMATE CHANGE ON WORKERS’ SAFETY AND HEALTH: CHALLENGES FOR OCCUPATIONAL HEALTH
TIPO DE ARTIGO: Artigo de Revisão
Autores: Pinela A(1), Mestre P(2), Troper K(3), Fernandes I(4), Pires S(5), Cunha A(6), Martinho T(7).
RESUMO
Introdução/objetivos
As mudanças dos padrões climáticos são uma realidade atual e em expansão. Incluem variações da temperatura, precipitação, vento e outras condições; podendo representar uma ameaça à segurança e saúde dos trabalhadores. Posto isto, o principal objetivo deste artigo consiste em analisar os riscos emergentes da exposição a estas alterações, para diferentes categorias profissionais e contextos de trabalho, assim como identificar medidas em Saúde Ocupacional que permitam antecipar, mitigar ou garantir a adaptação aos seus efeitos.
Metodologia
Para esta revisão foram consultadas as bases de dados PubMed/Medline, Science Direct, com as palavras-chave “Occupational Medicine”; “Climate Change”; “Ocupational Health”, e selecionados artigos de revisão, incluindo revisões sistemáticas e meta-análises, publicados entre 2010 e 2024.
Conteúdo/ resultados
Foram identificadas sete categorias de perigos para os trabalhadores, relacionados com o clima: aumento da temperatura ambiente; poluição do ar; exposição à radiação ultravioleta; clima extremo; doenças transmitidas por vetores e habitats expandidos; transições industriais e indústrias emergentes e mudanças nos ambientes de construção. Partindo desta base de trabalho, analisaram-se os principais fatores de risco aos quais os trabalhadores de ambientes exteriores e interiores de diferentes áreas geográficas estão expostos, os impactos na sua saúde e segurança, assim como as consequências em termos económicos e sociais.
As mudanças climáticas constituem um desafio sem precedentes para a Medicina do Trabalho. Importa aos serviços de Saúde Ocupacional identificar os profissionais com maior risco de exposição, informá-los e consciencializá-los para a sua existência, adotar medidas que visem a sua segurança e proteção e criar programas de vigilância da saúde adaptados, de forma a evitar os acidentes laborais, doenças profissionais, relacionadas ou agravadas pelo trabalho.
Conclusão: Parte dos trabalhadores são afetados pelas alterações climatéricas, especialmente os que laboram em contexto exterior, pela sua exposição prolongada e mais intensa aos fatores de risco emergentes e aos tradicionais, amplificados por estas mudanças no clima. É necessário que a Medicina do Trabalho conheça bem esta problemática e as suas implicações e caracterize as populações de trabalhadores em risco, assim como o seu contexto de trabalho, para garantir a prestação de serviços de segurança e saúde de qualidade.
Palavras-chave: Alterações climáticas, Risco, Trabalhadores, Segurança e Saúde do trabalho, Medicina do trabalho.
ABSTRACT
Introduction/Objectives
Changes in climate patterns are a current and expanding reality. These include variations in temperature, precipitation, wind, and other conditions, which can pose a threat to workers’ safety and health. The main objective of this article is to analyze the emerging risks of exposure to these changes for different professional categories and work contexts, as well as to identify Occupational Health measures that can anticipate, mitigate, or ensure adaptation to their effects.
Methodology
For this review, the databases PubMed/Medline and Science Direct were consulted using the keywords “Occupational Medicine”, “Climate Change”, and “Occupational Health”. Review articles, including systematic reviews and meta-analyses published between 2010 and 2024, were selected.
Content/Results
Seven categories of climate-related hazards for workers were identified: increased ambient temperature; air pollution; ultraviolet radiation exposure; extreme weather; vector-borne diseases and expanded habitats; industrial transitions and emerging industries; and changes in built environments. Based on this foundation, the main risk factors to which workers in both outdoor and indoor environments in different geographic areas are exposed were analyzed, along with the impacts on their health and safety, and the economic and social consequences.
Climate change presents an unprecedented challenge for Occupational Medicine. Occupational Health services must identify professionals at greater risk of exposure, inform and raise awareness about their existence, adopt measures aimed at their safety and protection, and create adapted health surveillance programs to prevent occupational accidents and work-related or aggravated diseases.
Conclusion
A portion of the workforce is affected by climate changes, especially those working outdoors due to their prolonged and more intense exposure to emerging and traditional risk factors amplified by these climate changes. Occupational Medicine must thoroughly understand this issue and its implications, characterize the at-risk worker populations and their work contexts, and ensure the provision of quality safety and health services.
Keywords: Climate change, Risk, Workers, Occupational Safety and Health, Occupational Medicine.
INTRODUÇÃO
As alterações climáticas são uma das temáticas mais relevantes da atualidade, pelo seu impacto a nível mundial, nas comunidades, ecossistemas e biodiversidade (1). Consistem em variações da temperatura, precipitação, vento e outras condições, atribuíveis a processos naturais e decorrentes da atividade humana, que têm impacto na atmosfera global (2). As principais fontes de emissão antropogénicas decorrem da utilização massiva de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás), deflorestação, atividade agrícola intensiva, fabril e pecuária, que levam à produção de enormes quantidades de gases com efeito de estufa, em particular dióxido de carbono (2) (3). Os inconvenientes das alterações no clima afetam a sociedade em geral, mas particularmente os trabalhadores, dado que frequentemente são os que estão mais expostos às suas condições, por mais tempo e de forma mais intensa (4) (5).
O impacto das mudanças climáticas é sentido sobretudo por aqueles que laboram em ambientes externos em atividades como a agricultura, pesca, jardinagem, transporte de pessoas e/ou mercadorias e construção civil (4). Não obstante, também aqueles cuja atividade ocupacional ocorre em ambientes interiores podem ser afetados, sobretudo quando a climatização artificial não consegue garantir os parâmetros ambientais em níveis térmicos confortáveis (4) (6). Existem outros fatores que aumentam a vulnerabilidade dos trabalhadores para os desafios impostos pelas alterações do clima, nomeadamente as doenças crónicas, a pobreza, o baixo nível de literacia e o suporte social (7).
Shult e Chun (2009) estabeleceram sete categorias decorrentes das mudanças climáticas, com risco para a saúde e segurança dos trabalhadores: aumento da temperatura ambiental, poluição do ar, exposição à radiação ultravioleta (UV), condições climáticas extremas, doenças transmitidas por vetores, transições industriais e indústrias emergentes e mudanças nos ambientes de construção (8) (9). Os riscos variam em função da região geográfica, das atividades ocupacionais desempenhadas, do tempo de exposição e da vulnerabilidade individual (10). Relativamente aos efeitos sobre a saúde e segurança dos trabalhadores podem incluir – aumento do número de acidentes de trabalho, doenças de natureza infeciosa, respiratória, cardiovascular, perturbações da saúde mental, e aumento da mortalidade (11).
Posto isto, este trabalho tem como principal objetivo realizar uma revisão da literatura que abarque todos os riscos emergentes das alterações climáticas, para as diferentes categorias profissionais, atendendo aos seus variados contextos de trabalho, bem como identificar as medidas em Saúde Ocupacional que permitam antecipar, mitigar ou garantir a adaptação aos seus efeitos (5).
METODOLOGIA
Para estudar os fatores relevantes para o impacto das alterações climáticas nos trabalhadores procedeu-se à identificação e seleção dos estudos a aplicar na revisão deste tema. Os autores recorreram às bases de dados PubMed/Medline, Science Direct, com as palavras-chave “Occupational Medicine; Climate Change; Ocupational Health”. Foram selecionados artigos de revisão, incluindo revisões sistemáticas e meta-análises, publicados entre 2010 e 2024. Esta pesquisa resultou num total de 518 trabalhos (PubMed/Medine = 128; Science Direct = 390). Foram eliminados artigos duplicados nas fontes utilizadas (n=13). Determinou-se como critérios de exclusão: artigos não relacionados com Saúde Ocupacional ou apenas dirigidos para os fatores etiológicos das alterações climáticas; escritos em outras línguas para além de inglês e português; sem acesso gratuito e sem resumo. Foram excluídos pela leitura do título 372 documentos. Por leitura do resumo eliminaram-se 66 artigos. Da leitura total dos artigos restantes, foram selecionados 30 como fontes para este estudo. Foram incluídos trabalhos relevantes sobre os efeitos da temperatura como fator de risco ocupacional, com relevância para o tema, publicados pela Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional Online (n=4). No anexo, na Figura 1, encontra-se o fluxograma que sistematiza a metodologia utilizada.
CONTEÚDO/ RESULTADOS
Trabalho com exposição ao calor
Entre os diversos fatores de risco emergentes relacionados com as alterações climáticas, o aquecimento global tem sido o mais estudado. A temperatura média global do ar aumentou cerca de 1º Célsio nos últimos 100 anos. As estações quentes duram mais tempo e o número de eventos de calor extremo são cada vez mais frequentes, fazendo sentir os seus efeitos nos países de clima temperado (12). Por conseguinte, o trabalho em ambientes externos e internos sob temperaturas elevadas, com ou sem humidade, tornou-se comum, com a possibilidade de ser agravado pela combinação com a exposição laboral a fontes radiantes de calor, contacto físico com objetos quentes e atividades físicas extenuantes (8) (13).
As atividades ocupacionais indoor com maior risco de exposição ao calor incluem as que são desenvolvidas em fábricas de fundições de ferro e aço, fundições de metais não ferrosos, produtos de vidro, borracha, químicos, queima de cerâmicas, padarias, cozinhas, lavandarias e mineração, exigindo, por isso, ventilação adequada e climatização artificial eficiente (14).
Os indivíduos com atividades laborais ao ar livre são considerados os que apresentam maior risco devido aos efeitos causados por temperaturas elevadas, por estarem habitualmente expostos por períodos mais longos e de maior intensidade ao calor (15). Neste âmbito, destacam-se os agricultores, trabalhadores da construção civil, paisagistas, operadores da indústria do gás e petrolíferas, motoristas e bombeiros (8) (16). Nas estações mais quentes do ano, estes profissionais enfrentam um aumento térmico de 3 a 5ºC comparativamente com épocas passadas. Para os que trabalham em zonas urbanas, acresce o impacto do efeito “ilha de calor urbano”, caracterizado por um aumento da temperatura nas cidades, em comparação com as áreas rurais. Este fenómeno é causado pelos múltiplos fatores resultantes da ação antrópica – construção de edifícios de betão, poluição ambiental, perda de vegetação – que permitem uma importante absorção do calor durante o dia, e a sua perda gradativa para a atmosfera durante a noite (15). O resultado espelha-se, também, em noites significativamente mais quentes, que limitam a capacidade de recuperação dos trabalhadores após a sua exposição diurna ao calor (15). Decorrente deste efeito, é necessária a utilização de mais equipamentos de refrigeração, que acarretam mais gastos do ponto de vista energético e emissão de gases poluentes.
Entre os trabalhadores mais vulneráveis aos ambientes com temperaturas extremas quentes, destacam-se os que têm doenças crónicas, migrantes, com baixos rendimentos económicos e os que têm a sua atividade laboral paga à peça. Os últimos optam, muitas vezes, por realizar menos pausas para descansar e se hidratarem, por receio do impacto negativo nos seus rendimentos (8) (17).
Para um ótimo funcionamento, o ser humano necessita manter uma homeostase térmica, isto é, estabelecer um equilíbrio entre o calor que produz pelo seu metabolismo e o que liberta para o meio ambiente (18). O trabalho a temperaturas superiores a 37ºC exige a perda de calor excessivo através da distribuição do fluxo sanguíneo por vasodilatação e transpiração (19) (20). Não obstante, a humidade relativa do ar e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) em alguns locais de trabalho, podem limitar a regulação da temperatura corporal, gerando um desconforto térmico intenso. Os bombeiros espelham um exemplo real, em que o uso de EPI’s pesados, quentes e/ou oclusivos, potenciam tal, bem como a desidratação (21).
Apesar dos trabalhadores expostos a temperaturas elevadas serem capazes de se adaptar através da aclimatização (processo lento e progressivo de adaptação fisiológica, que aumenta a tolerância térmica do indivíduo, por mecanismos como sudação precoce, melhor distribuição sanguínea e menos alterações na frequência cardíaca), ainda assim estes contextos de trabalho aumentam o risco para doenças causadas pelo calor, o agravamento de doenças crónicas, o aumento do número de acidentes de trabalho e, em casos extremos, a morte (8) (13) (14) (21).
O espectro de doenças e sintomas causadas pela exposição a temperaturas elevadas pode variar desde erupções cutâneas, caibras, exaustão, sincope e, em casos mais graves, insolação e morte (8) (13). Os portadores de doenças crónicas, sobretudo, cardiovasculares e respiratórias, podem sofrer agudização das suas patologias de base (14). A literatura revela ainda que o trabalho neste tipo de ambientes se relaciona com desenvolvimento de doença renal crónica. Apesar de não serem conhecidos os mecanismos fisiopatológicos, alguns estudos sugerem que o stress térmico e a desidratação recorrente, combinados com outros fatores, poderão estar na origem de repetidos eventos isquémicos renais subclínicos, que a longo prazo culminam em perda de função renal (8) (22). Acrescenta-se ainda que a exposição crónica ao calor pode implicar diminuição da fertilidade, sobretudo masculina, pelo atingimento testicular (12).
Da exposição a contextos de trabalho demasiado quentes podem surgir a fadiga e o stress psicológico que resultam na diminuição da atenção e capacidade de trabalho, criando maior oportunidade para situações de erro e insegurança (14) (15) (19). Algumas das causas apontadas para o aumento do número de acidentes de trabalho neste âmbito, incluem a sudorese palmar, a utilização de óculos embaciados, a sensação de tonturas e a redução do desempenho cognitivo (23). Binazzi et al (2019), na sua metanálise identificaram que os profissionais com maior risco para acidentes ocupacionais relacionados com o calor, são do sexo masculino, mais jovens, com atividade agrícola. Do ponto de vista do género, estes resultados poderão refletir o facto de os homens desempenharem funções em setores com maior risco, tais como a agricultura, minério e a indústria pesada. Os autores identificam como potenciais causas para o risco acrescido nos jovens, a atribuição de tarefas com maior exigência física, a falta de experiência profissional e treino em segurança e a desvalorização da exposição a ambientes sobreaquecidos (23). Os trabalhadores agrícolas estão geralmente expostos a calor extremo por longos períodos, mas evitam o uso de EPI’s por lhes limitar a dispersão de calor, o que gera uma maior suscetibilidade para acidentes com agentes químicos, nomeadamente manuseio de pesticidas e fertilizantes (23).
Uma metanálise estimou a perda de cerca de 30% da produtividade ocupacional nos trabalhos em ambientes exteriores e interiores com exposição a temperaturas elevadas e desconforto térmico, referindo um declínio produtivo de 2,6% por cada grau Célsio acima dos 24º (19).
A literatura é unânime de que existe um importante impacto socioeconómico do aquecimento global ao nível do trabalho, com perdas significativas na produtividade e aumento dos custos para as sociedades no global (24). Os trabalhadores sofrem alterações de saúde temporárias ou permanentes e perdem poder económico e qualidade de vida; as empresas têm quebras de produção associadas à perda de força laboral e à diminuição do número de horas/dia de trabalho para garantir segurança dos trabalhadores expostos ao calor extremo; têm, ainda, aumento dos custos para substituir e treinar novos funcionários. Para além disso, o setor da saúde apresenta gastos acrescidos com os trabalhadores que procuram cuidados; o sistema de segurança social e seguradoras têm de os reembolsar por lesões, incapacidades permanentes, ou doenças profissionais relacionadas com a exposição ao calor; as regiões geográficas e o país no global, reduzem o produto interno bruto, dadas as perdas de produção em áreas específicas (24). Apesar das perdas já serem significativas, as projeções para o futuro, preveem ainda um aumento de custos de aproximadamente oito vezes entre 2010 e 2030 (19).
A tomada de consciência sobre as mudanças climáticas e risco associado ao trabalho com exposição a temperaturas elevadas é fundamental para a construção de programas que visem a melhoria da saúde e segurança dos trabalhadores e que minimizem os seus efeitos a nível socioeconómico.
Poluição do ar
A poluição do ar decorre da contaminação dos ambientes (exteriores e interiores), por agentes químicos, físicos, e biológicos, que modificam as caraterísticas atmosféricas naturais (25). A relação entre a poluição do ar e as mudanças climáticas é complexa. Por um lado, os produtos da ação humana contribuem para a poluição do ar e transformações climatéricas, por outro lado, as alterações no clima produzem agentes poluentes, permitem o seu transporte, dissipação e deposição (8) (25).
Os principais compostos dos poluentes atmosféricos são o monóxido de carbono, ozono, dióxido nitroso, dióxido de enxofre e as matérias particuladas (MP) (25). As últimas são caracterizadas por serem uma mistura heterogénea de compostos inorgânicos e orgânicos voláteis, que resultam de fontes naturais e da atividade antropogénica. A sua classificação é estabelecida em função do seu tamanho. As MP inferiores a 2.5μm de diâmetro têm a capacidade de se depositar no trato respiratório e de serem transportadas para a corrente sanguínea.
Todos os profissionais no exercício das suas atividades ocupacionais estão expostos a ambientes poluídos, todavia, os que trabalham em ambientes exteriores são os que apresentam maior risco (8). Os efeitos para a saúde traduzem-se sobretudo no desenvolvimento e agravamento de diversas patologias alérgicas e respiratórias, tais como Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Rinite Alérgica, Hipertensão Pulmonar e Doenças do Interstício.
As mudanças climáticas, sobretudo o aquecimento global, intensificam a produção de pólen e de bioalérgenos (bactérias, vírus, pelos de animais, insetos e fungos), influenciando a sua distribuição espacial (26). O aumento das temperaturas e o excesso de dióxido de carbono atmosférico, contribuem para o início precoce da época de floração de muitas espécies de plantas, o que tem consequências para a saúde dos trabalhadores pela alergenicidade ao pólen (25) (26).
Salienta-se também que, decorrente das alterações do clima, são cada vez mais comuns os períodos de seca, que se fazem acompanhar de desertificação. Algumas das consequências resultam no aumento da concentração de poeiras no ar e maior risco de ocorrência de incêndios florestais (naturais ou por ação humana). Estes, por sua vez, aumentam as concentrações no ar, de Ozono e MP, que se propagam para longas distâncias dos locais de origem, e cuja exposição se associa à agudização de patologias respiratórias (8) (26). Pelo contrário, em algumas áreas do planeta, verificam-se fenómenos de precipitação intensa, gerando uma combinação de humidade e calor que favorece o crescimento e dispersão de fungos, que podem afetar os humanos (5) (27).
Exposição a radiação ultravioleta
A radiação solar é essencial à vida no planeta e inclui a emissão de raios ultravioleta (UV) cuja ação pode causar danos para os organismos vivos e matéria inorgânica (28).
A depleção da camada estratosférica de ozono causada pelos gases com efeito de estufa, aumentam a exposição dos trabalhadores de exterior a radiação UV (8) (29). Por este motivo, estes profissionais têm maior risco de lesões oftalmológicas, tais como cataratas e fotoqueratites, queimaduras, imunossupressão, cancro de pele melanoma e não melanoma e/ou outros tipos de cancro (27).
Das várias categorias profissionais expostas a este fator de risco, destacam-se os pilotos de aviões, que em voos diurnos, estão duas a três vezes mais expostos a radiação solar em comparação com os trabalhadores que laboram ao nível do mar. Estão entre os indivíduos com maior risco de efeitos para saúde por exposição a radiação UV, pela sua atividade e contexto ocupacional, agravadas pelo facto de os para-brisas das aeronaves terem capacidade limitada para bloquear completamente a radiação (30).
Eventos climáticos extremos
As mudanças climáticas têm favorecido a ocorrência cada vez mais frequente e intensa de tempestades, ciclones, furacões, inundações, deslizamento de terras, secas e incêndios. Entre os anos de 1992–2006, nos EUA, 307 trabalhadores faleceram pelos efeitos de desastres naturais. Estes fenómenos, que se arrastam por todo o globo, acarretam perigos para os trabalhadores ao ar livre, especialmente para os profissionais da proteção civil, equipas de salvamento, de limpezas e todos aqueles que participam na reconstrução das infraestruturas destruídas por estas condições climatéricas extremas (8). Os trabalhadores são colocados em contacto com circunstâncias que não lhes são familiares – trabalho com deslocações difíceis, falta de comunicação, de eletricidade, de comida e de abrigo – o que promove uma maior incidência de acidentes de trabalho, doenças e perturbações de saúde mental (4).
Entre os eventos climáticos extremos mais frequentes em Portugal, destacam-se os fogos florestais, durante as estações mais quentes do ano. Esta realidade exige a resposta de um número cada vez maior de bombeiros profissionais e voluntários que enfrentam os riscos de queimaduras, intoxicações por inalação de fumo e outras complicações respiratórias, doenças relacionadas com o calor, excesso de esforço físico, acidentes de trabalho por quedas, entorses, lesões músculo-esqueléticas, encurralamento por fogo, Burnout e morte (4) (21).
Doenças transmitidas por vetores
As doenças transmitidas por vetores (DTV) referem-se às infeções transmitidas pela picada de artrópodes hematófagos, como mosquitos, carrapatos e flebotomíneos (31). Estes animais são poiquilotérmicos, o que significa que a sua fisiologia varia em função das variações térmicas ambientais às quais estão expostos. As condições climáticas, em particular, a temperatura, a precipitação e a humidade, associam-se diretamente à melhoria dos seus habitats e por conseguinte aumentam as suas taxas de reprodução, sobrevivência e o seu tempo de atividade ao longo do ano, o que consequentemente beneficia os patógenos que transportam (31).
Por conseguinte, as alterações climáticas influenciam o seu aparecimento ou reaparecimento em diversas regiões do mundo, alterando as suas taxas de incidência, distribuição geográfica e sazonalidade. Para a epidemiologia das DTV contribuem, também, aspetos ambientais e socioeconómicos, tais como o tráfego humano e de produtos diversos a nível intercontinental (29) (31) (32).
Alguns exemplos da mudança na distribuição das DTV associadas às alterações climáticas, inclui a presença de carrapatos em latitudes e altitudes mais elevadas, onde as estações eram previamente demasiado frias para a sua sobrevivência, como acontece nos países do norte da Europa (31). Durante o início do século XXI, verificou-se outra importante mudança no status das DTV no continente europeu, sobretudo devido à presença de mosquitos invasores. Na atualidade, estão amplamente estabelecidos por todo o continente, o que tem condicionado a transmissão e surtos do vírus da Dengue e Chikungunya, casos de malária na Grécia e vírus do Nilo Ocidental (VNO) no Leste Europeu (31). O Aedes albopictus (o mosquito tigre) foi identificado em 25 países europeus diferentes e tornou-se amplamente estabelecido na Bacia do Mediterrâneo. O Aedes aegypti tornou-se uma espécie invasiva na ilha da Madeira e Culex pipiens é comum em Portugal, estando associado à transmissão do VNO.
A Dilofilariose é uma zoonose causada por nematoides do género Dirofilaria, transmitida por vários tipos de mosquitos (Aedes, Culex e Anopheles). As mudanças climáticas e a movimentação dos seus principais reservatórios (os cães), aumentou o risco de infeção humana. Modelos de previsão sugerem que as temperaturas de verão atuais são suficientes para facilitar a incubação extrínseca de Dirofilaria em muitas áreas da Europa e permitir a sua disseminação para locais onde atualmente não existe (31).
A Leishmaniose visceral é uma doença grave, transmitida por flebótomos e causada por um parasita presente habitualmente em cães. O aumento da temperatura média atmosférica poderá vir a fazer com que se amplifiquem os casos em zonas já endémicas e a sua dissipação para outras áreas (31).
A categoria ocupacional mais afetada pelas DTV é representada pelos trabalhadores ao ar livre, e inclui agricultores, jardineiros, trabalhadores da construção civil, pesca, mineração, motoristas e funcionários dos serviços públicos. Estes profissionais podem mais facilmente contrair doenças de transmissão vetorial em áreas onde antigamente seria pouco provável que tal acontecesse. Para além disso, a necessidade de uma melhor gestão das atividades laborais devido ao calor, com períodos de pausa mais longos a meio do dia, exige que trabalhem sobretudo ao amanhecer e entardecer, quando a atividade dos vetores é maior, aumentando a sua exposição. De salientar, ainda, que a suscetibilidade individual e a resistência a inseticidas podem aumentar o risco para estas doenças (31) (32).
Transições industriais e indústrias emergentes
À medida que a sociedade experimenta, responde e tenta prevenir os efeitos das mudanças climáticas, ocorrerão cada vez mais transições das indústrias tradicionais para as indústrias “verdes” que deverão incluir a produção de energia renovável e uso de tecnologias com baixas emissões de carbono (8). Serão necessárias mudanças geográficas dos negócios para locais menos afetados pelo clima e novos métodos de trabalho que podem incluir a redução da necessidade de mão de obra. À medida que as indústrias se adaptam às mudanças climáticas surgirão, também, novas atividades laborais com exposição a riscos tradicionais e novos riscos ainda não identificados. Este período de transição pode estar associado à insegurança e/ou perda de emprego, migração e necessidades adicionais de treino (1) (8).
Mudanças nos ambientes de construção
O termo, ambientes de construção, refere-se aos componentes físicos ambientais nos quais os seres humanos vivem e trabalham – edifícios, ruas, espaços urbanos e outras infraestruturas. A urbanização transforma as cidades em microclimas pela modificação da sua temperatura, humidade e ventilação, afetando profundamente a sociedade através de vários processos, incluindo o fenómeno de ilha urbana.
Os padrões de construção de edifícios podem conter os efeitos das mudanças climáticas, através de construções mais sustentáveis, que implicarão novos riscos para os trabalhadores da construção civil. Estes poderão enfrentar novos tipos de ambientes e perigos na construção de “edifícios verdes”. Por este motivo revela-se essencial o estabelecimento de ótimos padrões de segurança e proteção dos trabalhadores com respeito pelos princípios ecológicos, tais como melhoria na qualidade do ar interior, proteção contra quedas e acessos seguros (8).
A saúde ocupacional e as mudanças climáticas
As mudanças climáticas representam um desafio sem precedentes para a Medicina do Trabalho pelos riscos emergentes que impõe sobre os trabalhadores particularmente vulneráveis à sua exposição, e pelo impacto significativo que têm sobre a sua saúde e segurança (6). Cabe, por isso, às equipas de Saúde Ocupacional determinar, em função da localização geográfica, do tipo de atividades laborais e suas exigências, quais os fatores de risco climáticos aos quais os trabalhadores estão expostos, compreender os seus efeitos para a saúde, e determinar programas adequados que incluam a informação sobre estes riscos e sua tomada de consciência, prevenção, intervenção e vigilância da saúde, de forma a mitigar a morbilidade e mortalidade laboral.
Medidas de combate aos efeitos de calor
As políticas adotadas para a prevenção e gestão de medidas para o trabalho com exposição ao calor devem ser holísticas e hierárquicas, com intervenções que vão desde o condicionamento ambiental às intervenções para a proteção individual (18).
A instalação de equipamentos de refrigeração, como o ar-condicionado, é uma das intervenções mais eficazes para a melhoria da saúde e desempenho ocupacional, pois reduzem significativamente a carga térmica. No entanto, esta medida tem custos elevados, económicos, energéticos e ambientais, especialmente se a sua fonte de alimentação não tiver origem em energias renováveis. Tem, ainda, a desvantagem de não ser aplicável para o trabalho ao ar livre. Não obstante, nesse contexto, podem ser colocados em salas de descanso projetadas para apoiar os trabalhadores do exterior– consideradas como um local ambiente termicamente mais ameno, em que o trabalhador repousa ou exerce atividades leves (18,33). Em alternativa ao ar condicionado, os ventiladores elétricos podem ser uma opção, uma vez que assistem a perda de calor por convecção e/ou evaporação e têm custos mais baixos. Importa, no entanto, ressaltar, a sua ineficácia para trabalhadores com roupas altamente isolantes e ambientes excecionalmente quentes e secos. Além das medidas de climatização, nos locais de trabalho, devem ser reduzidas ao máximo as fontes de emissão de calor e aplicados, sempre que pertinente, estores ou peliculas nas janelas.
Outras medidas de gestão para evitar a exposição ocupacional a maiores intensidades de calor incluem a mudança de horários de trabalho, o aumento do número de pausas durante a jornada laboral, a diminuição das exigências físicas e a implementação de sombras (5) (19).
Do ponto de vista da proteção individual, em função do tipo de trabalho executado, e sempre que possível, os trabalhadores devem utilizar roupas leves, claras e largas. Não obstante, em muitos contextos ocupacionais os EPI’s são absolutamente necessários, pela exposição a outros fatores de riscos, tais como físicos, químicos e biológicos. Estes são altamente isolantes e impedem a perda de calor, criando um microambiente termicamente intolerável sob a roupa (34). Apesar das inovações no vestuário de proteção, com capacidade de arrefecimento por água, ar, ou até com ventiladores embutidos, os seus custos e acessibilidade são impeditivos da sua utilização massiva (18). Por isso, nestes casos é inevitável que a perda de calor se faça por arrefecimento corporal e ambiental (34).
Uma medida altamente eficaz para a redução da temperatura central consiste na imersão dos antebraços em água fria, durante as pausas de trabalho. A água fria atua como um dissipador de calor por condução, independentemente das condições ambientais envolventes (18). A sua aplicabilidade dependerá do número de pausas que os trabalhadores podem efetuar e da capacidade de, em ambientes quentes, manter a água a temperaturas baixas. Outras formas de arrefecimento incluem a ingestão de bebidas frescas, a utilização de dispositivos de arrefecimento local, como toalhas húmidas e pacotes frescos.
A hidratação não confere arrefecimento corporal, mas é essencial para reduzir a carga fisiológica imposta ao corpo humano pela exposição ao calor, e melhorar o desempenho físico. Não obstante, e uma vez que a transpiração implica a perda de água, mas também de eletrólitos, devem, também, ser fornecidas bebidas equilibradas para a sua reposição, por forma a evitar situações de hiponatremia. Reforça-se, no entanto, que os indivíduos com patologia de base, sobretudo cardíaca, o devam fazer de acordo com vigilância e indicação médica. Destaca-se, ainda, que o consumo de cafeína e de álcool devem ser evitados por potenciarem a desidratação (21).
Poluição do ar
A Saúde Ocupacional tem um papel primordial na adoção de medidas para minimizar o impacto dos efeitos da poluição do ar na saúde e segurança dos trabalhadores. Sempre que possível, a qualidade do ar deve ser monitorizada, inclusivamente para a deteção de pólen e esporos de fungos. Medidas convencionais, como encapsulamento de fontes geradoras de poluição do ambiente e utilização de purificadores do ar, são adequadas para o trabalho em ambientes internos, no entanto, não são aplicáveis ao trabalho ao ar livre. Neste caso, reduzir o tempo de trabalho exterior, garantir a rotatividade dos trabalhadores expostos, restringir o trabalho nos períodos de poluição severa, e realizar programas de proteção respiratória dos trabalhadores, que incluam a vigilância para a saúde, são fundamentais (5).
Os profissionais devem, igualmente, ser aconselhados para a adoção de medidas protetoras como a utilização de EPI, incluindo máscaras, sempre que se revele pertinente. Formação e informação aos trabalhadores sobre este fator de risco é fundamental para aumentar a adesão às medidas de proteção a implementar (16).
Exposição a radiação ultravioleta
Até à atualidade não foi possível estabelecer valores limites de exposição para a radiação UV. Por este motivo, é fundamental que os Serviços de Saúde Ocupacional reforcem a necessidade de medidas preventivas. Destacam-se como medidas organizacionais a garantia de coberturas artificiais e naturais para a realização de trabalho sob sombreamento, organização do trabalho em função das horas de menor exposição solar e pausas laborais que garantam a sua evicção. A informação e a formação sob risco de exposição a este agente físico devem ser proporcionadas precocemente aos mais jovens, para que tomem consciência dos riscos associados. Algumas das informações relevantes incluem a evicção da exposição quando o índice de radiação UV for superior a 3, assim como medidas de proteção adequadas.
Para a proteção individual, cada trabalhador deve usar óculos de sol com lentes com poder de filtragem. As roupas devem incluir camisas de manga comprida e calças de tecidos opacos (algodão ou fibras sintéticas), que se devem acompanhar do uso de chapéus de abas largas. Devem aplicar protetor solar (fator de proteção 50+) abundantemente, sobretudo em áreas expostas, cerca de vinte minutos antes da exposição, bem como frequentemente ao longo da jornada de trabalho.
Os Serviços de Saúde Ocupacional devem realizar exames médicos de admissão e periódicos aos trabalhadores de ambiente exterior, de forma a prevenirem adequadamente os efeitos adversos a longo prazo desta exposição, particularmente nos olhos e na pele. Devem ser tidas em consideração as suscetibilidades dos trabalhadores– o fototipo 1 ou 2, uso prolongado de medicamentos fotossensíveis, ferimentos, lesões cutâneas suspeitas e presença de doenças cutâneas sensíveis à radiação UV (por exemplo, psoríase). Para os olhos, deve ser avaliada a presença de opacidades do cristalino, lesões corneanas, capazes de induzir fotossensibilidade (5) (27).
Eventos climáticos extremos
Os Serviços de Saúde Ocupacional devem compreender os riscos potenciais do clima atual, as suas variações e tendências. Devem, ainda, ser conhecedores dos fatores demográficos, sociais e ambientais da área geográfica em que trabalham, que podem influenciar os resultados dos desastres naturais. Assim, poderão criar projetos e protocolos de atuação, que incluam informação e formação, e permitam uma maior preparação para estes fenómenos, protejam e minimizem os seus impactos sobre a saúde dos trabalhadores (8).
Doenças transmitidas por vetores
O controlo de DTV deverá ser feito sobretudo com base na educação para a saúde dos empregadores e trabalhadores; utilização de EPI e substâncias para controlo de vetores. Os trabalhadores de exterior, devem ter a sua superfície corporal coberta, com calças e camisas de manga comprida. Em alguns casos, podem usar chapéus com rede mosquiteira. As roupas podem necessitar de ser tratadas com Permetrina e devem ser lavadas e secas a temperaturas elevadas. Os trabalhadores podem beneficiar do uso de repelentes e inseticidas. Ao fim do dia de trabalho devem tomar banho e verificar a presença de algum tipo de inseto.
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
O efeito das mudanças climáticas é uma realidade atual e perspetiva-se que se mantenha no futuro. Os trabalhadores essencialmente de exterior, são a categoria demográfica mais afetada, pois as suas atividades ocupacionais exigem a exposição prolongada e mais intensa aos riscos emergentes e aos riscos tradicionais que são amplificados por estas alterações. Este artigo procurou fornecer uma visão geral dos principais desafios laborais impostos pelo clima sobre os setores ocupacionais e profissionais mais afetados. Salienta-se que ainda é necessário caracterizar melhor as populações de trabalhadores em risco e os seus contextos de trabalho nas diversas regiões do globo. Deverão ser elaborados programas de proteção, segurança e vigilância da saúde adaptados às diferentes realidades de trabalho.
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Figura 1 – Fluxograma com a sistematização da metodologia de seleção dos artigos utilizada
(1)Ana Pinela
Mestrado integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve. Atualmente Médica Interna de Formação especifica em Medicina do trabalho, na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra, Foros da Quinta, Cx. postal nº1966, 7500-020 Vila Nova de Santo André. E-Mail: ana.pinela@hff.min-saude.pt;
Contribuição: revisão bibliográfica; seleção de artigos; elaboração do manuscrito;
(2)Pedro Mestre
Mestrado Integrado em Medicina pela Nova Medical School. Atualmente Médico Interno de Formação Especifica em Medicina do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2640-415 Mafra. E-Mail: pedro.mestre@ hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(3)Kamila Troper
Licenciatura em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Equivalência ao Mestrado Integrado em Medicina pelo ICBAS. Atualmente Médica Interna de Formação Especifica em Medicina do Trabalho, na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra, 2640-808 Mafra. E-Mail: kamila.troper@hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(4)Isabel Fernandes
Licenciada em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e Pós-Graduada em Sistemas de Gestão Integrados Ambiente, Qualidade, Segurança e Responsabilidade Social pela TÜV Rheinland Portugal. Atualmente Técnica Superior de Segurança do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2730-308 Barcarena. E-Mail: isabel.fernandes@hff.min-saude.pt.
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(5)Sofia Pires
Licenciada em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e Mestre em Ergonomia pela Faculdade de Motricidade Humana Lisboa. Atualmente Técnica Superior de Segurança do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2725-380 Mem-Martins. E-Mail: sofia.pires@hff.min-saude.pt.
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(6)Ana Cunha
Mestrado Integrado em Medicina pela Universidade da Beira Interior. Atualmente Interna de Formação Especifica em Medicina do Trabalho no Hospital Garcia de Orta- Unidade Local de Saúde Almada-Seixal. 2955-029 Pinhal Novo. E-Mail: ana.mateus.cunha@hgo.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(7)Teresa Martinho
Diretora de Serviço do Serviço de Saúde Ocupacional da Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. Assistente Hospitalar Graduada.1070-079 Lisboa E-Mail: teresa.martinho@hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito