Pinela A, Mestre P, Troper K, Fernandes I, Pires S, Cunha A, Martinho T. Perceção do Risco associado à Exposição a Radiação Ionizante e Caracterização dos Comportamentos em Proteção Radiológica e Dosimetria Individual num Bloco Operatório de um Hospital Nacional. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2024, esub459. DOI: 10.RPSO/02.08.2024
RISK PERCEPTION ASSOCIATED WITH EXPOSURE TO IONIZING RADIATION AND CHARACTERIZATION OF BEHAVIORS IN RADIOLOGICAL PROTECTION AND INDIVIDUAL DOSIMETRY IN THE OPERATING ROOM OF A NATIONAL HOSPITAL
TIPO DE ARTIGO: Artigo Original
Autores: Pinela A(1), Mestre P(2), Troper K(3), Fernandes I(4), Pires S(5), Cunha A(6), Martinho T(7).
RESUMO
Introdução
Nas últimas décadas, em virtude da evolução tecnológica e científica, o uso de radiação ionizante na prática médica tornou-se cada vez mais comum. Por conseguinte, os profissionais de saúde são atualmente, a nível mundial, o principal grupo profissional exposto.
Objetivo
Avaliar a perceção de risco relativamente à exposição a radiação ionizante dos trabalhadores do bloco operatório de um hospital da área metropolitana de Lisboa, que incluem profissionais das áreas de Anestesiologia, Ortopedia e Urologia; bem como caracterizar a utilização dos equipamentos de proteção individual e dosimetria e compreender se a perceção de risco se relaciona com a adoção de boas práticas em proteção radiológica e monitorização individual da exposição.
Métodos
Este é um estudo descritivo transversal com componente analítica. O método de colheita de dados consistiu na aplicação de um questionário, construído pelos autores, que foi enviado por correio eletrónico à população alvo- todos os profissionais de saúde dos serviços Bloco Operatório, Anestesiologia, Urologia e Ortopedia (n=188), com atividade assistencial habitual no Bloco Operatório, tendo um dosímetro individual atribuído.
Resultados
Responderam ao questionário 107 (57%) trabalhadores. Os colaboradores que mais participaram estão alocados ao Bloco operatório (77; 72%), e pertencem à categoria profissional de enfermagem (64; 60%). Dos 107 participantes, 94 (88%) estão habitualmente expostos a radiação ionizante e 36 (34%) tiveram algum tipo de formação em segurança e proteção radiológica. A maioria (64; 68%) considera a exposição a radiação ionizante em contexto laboral perigosa. Existe relação estatisticamente significativa entre a perceção de risco com a categoria profissional (14,82; p=0,008) e com o serviço (18,17; p=0,012). A generalidade dos colaboradores expostos (70; 75%) usa consistentemente o equipamento de proteção individual e dosimetria (66%). O uso de dosímetro relaciona-se com a perceção de risco (25,18, p=0,002), grupo profissional (57,14, p<0,01), serviço (70,75, p<0,01) e habilitações literárias (31,64, p<0,01).
Discussão/Conclusão
Os médicos estão entre os profissionais que consideram a exposição a radiação ionizante pouco perigosa e que menos utilizam a dosimetria individual. Existem assistentes operacionais que desconhecem os riscos inerentes a este tipo de exposição ocupacional, sendo esta a categoria profissional que menos utiliza equipamento de proteção individual. Investir na formação sobre este agente físico e os seus efeitos sobre a saúde, pode ser fundamental para mudar estes comportamentos.
PALAVRAS-CHAVE: Radiação ionizante, risco, proteção radiológica, dosimetria, profissionais de saúde, Saúde ocupacional, Medicina do Trabalho, Enfermagem do Trabalho, Segurança do Trabalho.
ABSTRACT
Introduction/Objectives
In recent decades, due to technological and scientific advancements, the use of ionizing radiation in medical practice has become increasingly common. Consequently, healthcare professionals are currently the primary professional group exposed worldwide.
Objective
To assess the risk perception related to ionizing radiation exposure among workers in the operating room of a hospital in the Lisbon metropolitan area, including professionals in Anesthesiology, Orthopedics, and Urology. Additionally, it aimed to characterize the use of personal protective equipment and dosimetry, and understand if risk perception is related to the adoption of good practices in radiological protection and individual exposure monitoring.
Methods
This is a cross-sectional descriptive study with an analytical component. The data collection method consisted of a questionnaire, constructed by the authors, which was sent via email to the target population—all healthcare professionals in the Operating Room, Anesthesiology, Urology, and Orthopedics departments (n=188), who routinely work in the Operating Room and have an assigned individual dosimeter.
Results
A total of 107 (57%) workers responded to the questionnaire. The majority of respondents were allocated to the Operating Room (77; 72%) and belonged to the nursing professional category (64; 60%). Among the 107 participants, 94 (88%) are routinely exposed to ionizing radiation, and 36 (34%) have received some form of training in radiological safety and protection. Most respondents (64; 68%) consider workplace exposure to ionizing radiation to be dangerous. There is a statistically significant relationship between risk perception and professional category (14.82; p=0.008) and service (18.17; p=0.012). The majority of exposed workers (70; 74.5%) consistently use personal protective equipment and dosimetry (66%). The use of a dosimeter is related to risk perception (25.18, p=0.002), professional group (57.14, p<0.01), service (70.75, p<0.01), and educational qualifications (31.64, p<0.01).
Discussion/Conclusion
Physicians are among the professionals who consider ionizing radiation exposure to be less dangerous and who use individual dosimetry less frequently. There are operational assistants unaware of the risks associated with this type of occupational exposure, and they are the professional category that uses personal protective equipment the least. Investing in training about this physical agent and its health effects may be crucial to changing these behaviors.
KEYWORDS: Ionizing radiation, risk, radiological protection, dosimetry, healthcare professionals, Occupational Health, Occupational Medicine, Occupational Nursing, Occupational Safety.
INTRODUÇÃO
A Radiação ionizante (RI) é caracterizada por ter energia suficiente capaz de remover eletrões de átomos ou moléculas, produzindo iões e, consequentemente, alterações na matéria sobre a qual incide (1). Tem origem em fontes naturais- radiação cósmica, radioatividade natural da crosta terrestre, mas também artificiais- máquinas de raios X, radioisótopos e radiação atómica de armas e acidentes nucleares (2). A RI de origem artificial corresponde a 18% de toda a que existe, e é amplamente utilizada nos cuidados de saúde para o estabelecimento de diagnósticos, realização de tratamentos e sua monitorização (3). No âmbito do Bloco Operatório, em intervenções Ortopédicas ou Urológicas, a fluoroscopia com C-arm ou O-arm é das técnicas mais utilizadas para a realização de procedimentos cirúrgicos guiados.
Apesar da sua grande aplicabilidade e efetividade clínica, a RI apresenta efeitos nocivos para a saúde (4) (5) (6). Estes podem ser classificados em função do período de latência- precoces (até cerca de seis meses) ou tardios; em função da capacidade de transmissão à descendência como somáticos ou hereditários e ainda, pela natureza do dano biológico que podem causar, determinísticos ou estocásticos (7). Os efeitos determinísticos acarretam dano e/ou morte celular, com prejuízo para a função do órgão irradiado, quando é ultrapassado um limiar de dose. Significa que abaixo desse valor, o número de células afetado é insuficiente para causar malefício. Assim, a gravidade depende da dose absorvida pelo órgão ou tecido. Os efeitos estocásticos causam a modificação não-letal do material genético de células somáticas ou germinativas do indivíduo exposto, tendo como principais consequências problemas cancerígenos e anomalias genéticas hereditárias. Estes são efeitos para os quais não existe limiar de dose conhecido, que dependem da suscetibilidade individual e cuja gravidade é independente da dose absorvida (8).
São considerados expostos a RI todos os trabalhadores que, independentemente do vínculo contratual, tenham pela sua atividade profissional uma exposição capaz de resultar numa dose superior aos limites estabelecidos para o público no geral (dose efetiva de 1 mSv por ano) (8) (9). Os profissionais de saúde constituem a nível global, e relativamente a outros grupos profissionais, mais de metade dos indivíduos expostos, prevendo-se que essa proporção aumente, atendendo à utilização crescente de técnicas médicas inovadoras que recorrem a este agente físico (10) (11) (12).
O Decreto-Lei n.º 108/2018, de 3 de dezembro que transpõe a Diretiva 2013/59/Euratom, do Conselho de 5 de dezembro de 2013, fixa as normas de segurança relativas à proteção contra os perigos resultantes da exposição a RI e os valores limite de exposição (VLE), com o objetivo de prevenir efeitos deletérios para a saúde e estabelecer um risco profissional considerado aceitável. Define, ainda, a responsabilidade da entidade empregadora na manutenção de um nível ótimo de proteção dos trabalhadores, pela garantia da segurança das fontes de radiação e adoção de boas práticas na sua utilização; disponibilização de equipamentos de proteção individual (EPI); monitorização da exposição; formação e vigilância de saúde (8) (9).
A monitorização individual da exposição a RI é feita através de dosímetros que permitem estimar a dose efetiva recebida pelos profissionais, no exercício das suas atividades. O objetivo da sua utilização consiste em conhecer a exposição real do profissional à RI, comparar com os VLE e verificar a efetividade das medidas de proteção radiológica (6). A atribuição dos dosímetros é feita em função da classificação dos trabalhadores em duas categorias: A – suscetíveis de receberem uma dose efetiva superior a 6 mSv por ano, ou uma dose equivalente superior a 15 mSv por ano para o cristalino ou superior a 150 mSv por ano para a pele e extremidades dos membros; ou B – todos os outros trabalhadores expostos, não classificados como sendo de categoria A (8) (9).
Alguns autores referem que uma distorção da perceção de risco dos profissionais de saúde face a este agente físico pode determinar uma menor adesão a práticas seguras (14) (15). Dos motivos apontados para a fraca adoção de tais comportamentos destacam-se a desvalorização e descrédito das medidas de proteção e monitorização da exposição, indisponibilidade de equipamentos e decisão deliberada da não utilização, entre outros (6).
Atendendo ao previamente exposto, este trabalho tem por objetivos caraterizar a utilização dos EPI e dos dosímetros individuais pelos profissionais que exercem, habitualmente, a sua atividade profissional no bloco operatório de um hospital da área metropolitana de Lisboa, o que inclui profissionais do Bloco Operatório (BO), Anestesiologia, Ortopedia e Urologia; avaliar a sua perceção do risco associado à exposição profissional a este fator de risco e compreender se esta se relaciona com a adesão às boas práticas em segurança e proteção radiológica.
METODOLOGIA
Este é um estudo descritivo transversal com componente analítica que decorreu no período de março de 2023 a março de 2024.
A população incluiu todos os profissionais de saúde dos serviços, BO, Anestesiologia, Urologia e Ortopedia de um hospital da área metropolitana de Lisboa, que têm a sua atividade assistencial no BO e que pela sua atividade profissional, estão habitualmente expostos a radiações ionizantes (>1 mSv/ano), tendo um dosímetro individual atribuído. A amostra é composta por todos os profissionais que durante o período do estudo estavam a exercer funções no hospital e que aceitaram participar.
Os dados foram colhidos através da aplicação de um questionário anónimo, construído pelos autores, que foi enviado via correio eletrónico. O documento é constituído por 40 perguntas cujas respostas foram definidas através de escalas de Likert e por respostas abertas (ver anexo). Os principais dados recolhidos incluíram dados sociodemográficos (sexo, idade, habilitações literárias, categoria profissional, serviço, número de horas e de dias de trabalho semanal, antiguidade hospitalar e no serviço); caracterização da exposição a RI (número de horas semanais com exposição a RI, história de exposição profissional prévia; adoção de comportamentos de proteção radiológica e dosimetria (utilização de EPI, tipo de dosímetro, motivos da não utilização). Foram também incluídas perguntas sobre a perceção do risco face a este agente físico e sobre a formação nesse âmbito.
No início do questionário, após fornecidas as informações sobre o estudo e os seus objetivos, e dada a garantia da confidencialidade, existe uma declaração de consentimento, em o participante responde sim ou não, anonimamente, para decidir se quer ou não participar. Previamente ao seu envio, foi realizada uma reunião com os responsáveis dos serviços envolvidos, de forma a explicar o intuito do estudo, a importância na sua participação e o papel das chefias na sensibilização dos profissionais para o preenchimento do questionário. Para maximizar o número de respostas, o seu envio foi feito em três momento diferentes.
O tratamento dos dados foi realizado com recurso ao software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 29. A análise estatística baseou-se em processos descritivos, realização dos testes Qui Quadrado e Exato de Fisher, para estabelecer a relação entre variáveis nominais, ANOVA e Kruskall Wallis, para analisar as médias populacionais em relação com variáveis categóricas com mais de dois níveis.
Considerações éticas: o questionário foi preenchido de forma voluntária e anónima após dado o consentimento informado. Este estudo foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética do hospital no qual foi realizado e a instituição deu autorização para a divulgação dos resultados do estudo sob o formato de artigo científico, publicado em revista da área.
RESULTADOS
Foram enviados 188 questionários, o que corresponde ao número de profissionais que, no período do estudo, tinham a sua atividade laboral no BO e que foram considerados habitualmente expostos a RI por terem dosímetro individual atribuído, categoria A ou B. Tratavam-se de colaboradores desse mesmo serviço, ou outros, nomeadamente Anestesiologia, Urologia e Ortopedia. Após o envio, responderam de forma completa às questões colocadas, 107 (56,9%) trabalhadores, que constituem a amostra deste estudo.
Caracterização Sociodemográfica e Profissional da Amostra
Foi possível inferir que os indivíduos da amostra são na sua maioria do sexo feminino (81; 76%), têm uma média de idades 42,6 ± 10,6 anos e grau académico de Licenciatura (73; 68%). O serviço com maior número de respostas (77; 72%) corresponde ao BO e a categoria profissional, ao pessoal de enfermagem (64; 60%). Na globalidade os trabalhadores têm uma média de 40 horas de trabalho semanal, distribuídos por cinco dias. No que se refere à antiguidade hospitalar e de serviço, verificou-se uma média de 14,61 ± 8,77 anos, e 11,89 ± 8,23 anos, respetivamente – Tabela 1.
Caracterização da Exposição a Radiação Ionizante
Dos 107 trabalhadores que responderam ao questionário, 94 (88%) referem que, pela sua atividade no BO, estão habitualmente expostos a RI. Foram definidas cinco categorias para estabelecer o número de horas semanais de exposição: >1 5 horas; 5 10 horas; 15 horas; 20 horas; > 20 horas – Tabela 2.
Apurou-se que 10 colaboradores (11%) apresentam atividades cumulativas com exposição a este agente físico em outras unidades de saúde e 20 (19%) já trabalharam uma média de 7,9 ± 8,88 anos em contextos clínicos que implicaram trabalho com RI.
Formação em Proteção e Segurança Radiológica
Os resultados do estudo revelam que 36 (34%) indivíduos da amostra expostos a RI receberam algum tipo de formação em proteção e segurança radiológica, 58 (54%) expostos e 12 (13%) não expostos não tiveram formação
Perceção do Risco Associado à Exposição Profissional a Radiação Ionizante
A avaliação da perceção do risco associada à exposição profissional a RI foi realizada através da classificação por escala tipo Likert “não sabe”, “pouco perigoso”, “perigoso” e “muito perigoso”. A generalidade dos participantes (64; 68%) perceciona a exposição como perigosa. Dos restantes, 14 (15%) consideram muito perigosa, 14 (15%) pouco perigosa e 2 (2%) não sabem.
Existe relação estatisticamente significativa entre a perceção de risco e a categoria profissional (14,82; p=0,008). A associação deve-se ao número de assistentes operacionais (n=2) que desconhecem o risco e aos médicos (n=9) que o consideram pouco perigoso. Os profissionais dos serviços de Anestesiologia e Ortopedia são os que percecionam menor perigo na exposição a RI (18, 17; p=0,012)– Tabela 3.
Adoção de Comportamentos de Proteção Radiológica e Dosimetria Individual
A adesão ao equipamento de proteção individual (EPI) foi avaliada considerando a sua frequência de utilização como: “sempre”, “por vezes” e “nunca”. A maioria dos colaboradores expostos (70; 74,5%) utiliza sempre o equipamento preconizado, verificando-se, no entanto, que 8 (9%) apenas o usa por vezes e que 16 (17%) nunca o utiliza. Dos equipamentos mais utilizados destacam-se o avental de chumbo (75; 80%), seguido do protetor de tiroide (63; 67%), e dos óculos com proteção de chumbo (2; 2%).
Os profissionais com menor diferenciação académica são os que menos utilizam os EPI (14,45, p<0,007) e do ponto de vista da categoria profissional, os assistentes operacionais são os colaboradores que apresentam menor compliance (9,82 p <0,05)-Tabela 4.
A utilização de dosímetro individual foi avaliada de forma qualitativa pela sua frequência de uso: “nunca”, “raramente”, “algumas vezes”, “quase sempre” e “sempre”. Considerou-se que os profissionais que adotam a dosimetria na sua prática são aqueles que responderam “quase sempre” e “sempre”, o que neste estudo representa 66% da amostra– Tabela 5. A perceção de risco face à exposição a RI associa-se à adesão à dosimetria. Verifica-se que os profissionais que consideram “pouco perigoso” utilizam menos o dosímetro, e que os que consideram “perigoso” usam-no mais do que o que seria esperado (25,18, p=0,002), sendo o dosímetro de corpo inteiro o mais utilizado (63; 67%)- Tabela 5 e 6. A utilização habitual de dosímetro relaciona-se com o grupo profissional (57,14, p<0,01) e com o serviço hospitalar ao qual estão alocados (70,75, p<0,01). Os enfermeiros e assistentes operacionais (n=56) são os que mais o utilizam, quando comparados com os médicos (n=6). Em termos de serviço, este comportamento é mais observado nos profissionais do BO (n=56), do que nos serviços de Anestesiologia (n=4), Urologia (n=2) e Ortopedia (n=0). A maior diferenciação académica associou-se a uma menor compliance de dosimetria (31,64, p<0,01)- tabela 7.
Causas Para a Não Adoção de Comportamentos de Proteção Radiológica e Dosimetria
As principais causas para a não utilização de EPI prendem-se com a sua existência em número insuficiente (52; 55%), tamanhos desadequados dos aventais de chumbo às características antropométricas dos trabalhadores (50; 53%) e desconforto (33; 35%). O esquecimento (15; 20%) é o principal motivo apontado para a falta de adesão à dosimetria.
DISCUSSÃO
Este ensaio apresenta uma vantagem em termos metodológicos face a outros previamente realizados que também caracterizaram a proteção radiológica e uso de dosimetria individual, em contexto hospitalar, mas em diversos serviços com exposição a RI. Nesta investigação, o questionário foi apenas aplicado ao BO e aos profissionais que exercem funções neste local, evitando a disparidade de resultados decorrentes das diferentes características físicas de cada serviço, tipologia de procedimentos, técnicas, equipamentos e duração de exposição.
A amostra analisada (107; 57%) não é representativa da população em estudo. Apesar do número de respostas robusto, para uma margem de erro de 5%, intervalo de confiança (IC) de 95%, e proporção (p) de 0,5, o n (ajustado) para uma população de 188, é de 126 indivíduos. As diferentes categorias profissionais responderam desproporcionalmente. Os médicos são a categoria profissional com maior número populacional e, no entanto, com menor representatividade (39%), seguidos dos assistentes operacionais (40%) e dos enfermeiros (82%). A explicação para estes resultados pode residir numa menor sensibilidade por parte das duas primeiras categorias profissionais, às questões relacionadas com a exposição a RI. Alguns estudos corroboram estes resultados face à classe médica, referindo que esta tende a subestimar a exposição a este fator de risco (14) (16). Do ponto de vista dos serviços, os dois com menor participação são a Urologia (24%) e Anestesiologia (40%), cujos participantes são exclusivamente médicos. Face ao exposto, poderá ser necessário desenvolver mais ações de sensibilização e formação para estes profissionais.
A população desta investigação incluiu 188 trabalhadores que, pela sua atividade profissional, estão habitualmente expostos a RI (>1 mSv/ano). Todavia, da amostra, apenas 94 referiram estar expostos. A mudança de atividade ocupacional ou de posto de trabalho dentro do próprio BO poderão ser as principais justificações para estes números. Deverão, por isso, ser identificados os trabalhadores com dosimetria atribuída, sem risco de exposição, fazendo a atualização da sua situação laboral para a melhoria da gestão de custos.
A maioria dos trabalhadores, n= 30 (28%), com mais de 20 horas/semana de exposição a radiação são enfermeiros. As equipas de enfermagem, nomeadamente os instrumentistas e de apoio à anestesia, dão assistência a diferentes equipas médicas ao longo da jornada de trabalho, permanecendo por períodos mais longos nas salas operatórias. Por outro lado, pode ter-se dado o caso de os profissionais terem respondido a esta questão em função do número de horas semanais de trabalho, confundindo o objetivo da questão.
O Serviço de Saúde Ocupacional realiza formações acerca da proteção radiológica e dosimetria individual, tal como previsto na legislação em vigor. Estas formações são realizadas in loco sempre que são identificadas necessidades pelos serviços, sendo agilizado com as respetivas chefias, de forma a promover a adesão à formação. Todavia apenas 33,6% da amostra refere ter recebido algum tipo de formação, o que constituí uma percentagem baixa. Contribuem para estes números o facto de a aplicação do questionário ter sido feita antes da Saúde Ocupacional reiniciar as ações de formação nos serviços (final de 2023 e início de 2024) após a pandemia por Covid 19; existirem novos colaboradores alocados ao BO; mas também por falta de participação dos trabalhadores nos momentos de educação no âmbito da exposição a RI, sendo necessário investigar as motivações para a sua ausência. Não obstante, apesar dos resultados, não se verificou nenhuma relação estatisticamente significativa entre a formação e a perceção de risco (p=0,16), uso de EPI (p=0,93) e dosímetro individual (p=0,41).
A Perceção de Risco dos Profissionais
Na globalidade, os participantes (64; 68%) percecionam a exposição a RI como perigosa. Verifica-se uma relação estatisticamente significativa entre a perceção de risco e a categoria profissional (14,82; p=0,008). Seria expectável que o número de assistentes operacionais que desconhecem os riscos fosse superior, e que os médicos, pela sua exposição (em frequência e tempo), assim como pelo nível de formação, tivessem uma maior consciência sobre este perigo. Vários estudos referem que os médicos das especialidades de Ortopedia, Urologia e Anestesiologia percecionam menor risco na exposição a RI, o que condiciona os comportamentos de proteção radiológica (14). No caso dos anestesistas, estes podem desvalorizar o risco, uma vez que têm a possibilidade de se ausentar da sala de cirurgia, quando há utilização de técnicas imagiológicas com recurso a este agente físico.
Os estudos reiteram a importância da formação e treino neste âmbito, inclusivamente com a introdução da temática segurança e proteção no uso de RI, na graduação de base em medicina (6) (14).
Utilização de EPI
Verificou-se que a adesão aos EPI é elevada, ao contrário de outros estudos que avaliaram este mesmo parâmetro, mas que o fizeram em diferentes contextos hospitalares com utilização de RI (14).
Os resultados revelam que o EPI é utilizado independentemente da perceção de risco, o que é corroborado por outros autores (18).
Ser da categoria profissional “assistentes operacionais”, assim como, ter menos habilitações literárias associa-se a uma menor adesão aos mesmos. Os colaboradores desta classe estão envolvidos de forma menos direta nas intervenções cirúrgicas, e por isso, têm maior facilidade para se ausentar da sala quando as técnicas com radiação são aplicadas. O seu nível de formação, ainda assim, parece contribuir para uma menor consciencialização da necessidade de uso de equipamentos de proteção.
O avental de chumbo e o protetor de tiroide são os equipamentos mais utilizados, por também serem os mais disponíveis, ao contrário dos óculos com proteção de chumbo ou luvas plumbíferas.
Relativamente aos motivos mencionados pelos colaboradores para justificar a não utilização de EPI, destacam-se a existência em um número insuficiente de equipamentos para as salas de Ortopedia e Urologia. O aumento da atividade cirúrgica do BO acarretou maior necessidade de recursos humanos, e fez-se acompanhar de uma maior necessidade de investimento em equipamentos. Outra razão prende-se com o tamanho inadequado dos EPI. A maioria dos profissionais são do género feminino (81;76%) e os equipamentos não estão totalmente adaptados às suas características antropométricas, sendo demasiado grandes e pesados, causando desconforto. Estas razões são idênticas às apontadas por Klein et al. que sublinham as vantagens do equipamento de proteção face à radiação, mas também o tamanho e peso desproporcionais dos aventais de chumbo (14). Aventais de grandes dimensões permitem a passagem de radiação sobretudo nas regiões dos ombros, e os de menor dimensão podem não cobrir todas as áreas expostas (14).
Utilização de Dosimetria Individual
Verificou-se que 34% dos trabalhadores não utilizam o dosímetro individual com regularidade. Esta falta de adesão é superior em comparação com os resultados de outros estudos, que também referem má compliance (21,4%). O principal motivo para a sua não utilização é o esquecimento (15; 20%), o que é corroborado por outros autores (14). São referidos, também outros motivos – falta de conjunto dosimétrico (7; 9,3%), Desconforto/Dificulta o trabalho (6; 8%), Irrelevante (5; 6,7%) e Outro (2; 2,7%). Analisando as causas para a não utilização, apurou-se que três participantes não tinham conjunto dosimétrico por se encontrarem a aguardar a sua chegada, após a primeira solicitação. Para explicar outros motivos, os referenciais teóricos reportam que a grande evolução em termos de condições de trabalho e proteção radiológica, minimizou significativamente os efeitos da radiação sobre a saúde humana, o que pode ter feito com que os trabalhadores se desinteressassem pela relevância deste dispositivo no seu quotidiano laboral, considerando-o inútil (14). Posto isto, se a negligência no uso do dosímetro se tornar generalizada, incorre-se no risco de existir uma exposição a RI ocupacional subestimada. É importante investir na formação e esclarecimento de conceitos, de forma que a monitorização não seja percecionada negativamente, mas sim como um instrumento de valor adicional na garantia da realização de boas práticas. Para resolver questões relacionadas com os dosímetros, incluindo a falta de adesão ao dispositivo, estão a ser desenvolvidos múltiplos equipamentos capazes de realizar avaliações simultâneas de dose de exposição, em tempo real, durante a realização de procedimentos complexos, mediante o equipamento utilizado, que permitirão a modificação de práticas comprometedoras no momento (6).
A perceção de risco influencia a adesão à dosimetria individual (25,18, p=0,002). Os profissionais que consideram a exposição a RI pouco perigosa utilizam menos o dosímetro, e os que consideram perigoso utilizam mais do que o que seria expectável, caso não houvesse relação estatisticamente significativa entre essas variáveis. A classe médica, com maior diferenciação académica, é a que menos adere à dosimetria. Os serviços de Anestesiologia, Urologia e Ortopedia são os que evidenciam maior falta de adesão, pois neste estudo, apenas são representados por médicos. A diferenciação académica, ao contrário do que se podia esperar, relaciona-se, neste caso, com menor compliance.
CONCLUSÃO
Neste trabalho, a perceção de risco de exposição a RI varia em função da categoria profissional e do serviço hospitalar ao qual os participantes estão alocados. Os médicos, dos serviços de Anestesiologia e Ortopedia, são os colaboradores que a consideram menos perigosa. Esta perceção parece influenciar negativamente a utilização dos dosímetros individuais. Relativamente aos assistentes operacionais, constituem a única classe profissional, na qual existem indivíduos que desconhecem totalmente os riscos deste tipo de exposição. São o grupo de profissionais que menos utilizam EPI, embora estejam menos expostos, habitualmente.
É importante que, futuramente, se façam ensaios científicos com esta população, que clarifiquem a noção de “risco” relacionado com exposição a RI, de forma a serem percebidas eventuais lacunas de conhecimento. Algumas medidas que podem ajudar a clarificar conceitos, e permitir uma melhor adesão ao comportamento de proteção radiológica e dosimetria individual, poderão ser aumentar o número e a periodicidade das sessões de formação, treino e sensibilização; para além de acesso a EPI.
O médico do trabalho, nos exames de saúde, também deve colaborar ativamente para a melhorar as práticas de segurança dos trabalhadores face à exposição a este fator de risco, através da vigilância dos seus efeitos para saúde, avaliação da utilização de EPI e dosimetria individual, esclarecimento de dúvidas e dissipação de mitos.
LIMITAÇÕES
Apesar de o questionário ter sido enviado em três etapas diferentes, a amostra não é representativa da população, apresentando um “n” inferior ao cálculo amostral. É heterogénea e constituída por diferentes categorias profissionais representadas neste estudo em diferentes proporções face à população. Assim a interpretação dos dados exige-se cautelosa, não sendo possível a sua generalização, mas sim a identificação de tendências.
CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS
Nada a declarar.
OUTRAS QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS
Nada a declarar.
AGRADECIMENTOS
Nada a declarar.
BIBLIOGRAFIA
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- Lee W, Ko S, Bang Y, Choe S, Choi Y, Preston D. Occupational radiation exposure and cancer incidence in a cohort of diagnostic medical radiation workers in South Korea. Occupational and Environmental Medicine. 2021; 78(12): 876–883. doi:10.1136/oemed-2021-107452
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ANEXO
Questionário Individual sobre exposição a Radiação Ionizante
O presente questionário visa caracterizar a exposição à radiação ionizante de todos os trabalhadores expostos a este fator de risco e que habitualmente desenvolvem o seu trabalho, ou parte do seu trabalho, no Bloco Operatório (BO). Pretende, ainda, avaliar a perceção de risco dos profissionais à exposição a radiação ionizante, o cumprimento das medidas de proteção radiológica preconizadas, e a possível existência de efeitos para a saúde desta exposição.
Destina-se aos profissionais afetos ao B.O. e aos profissionais da equipa de Anestesiologia, Ortopedia e Urologia.
O questionário é anónimo e confidencial. Os dados recolhidos serão processados pelo Serviço de Saúde Ocupacional(SSO).
Obrigada pela colaboração.
- Declaro ter lido e compreendido a informação que me foi fornecida. Aceito responder a este questionário, permitindo que os dados que forneço voluntariamente sejam utilizados pelo SSO para avaliação e intervenção, com vista à otimização das condições de trabalho no B.O., assim como para fins de investigação, de acordo com as garantias de confidencialidade e anonimato que são indicadas.
Sim
- Não
- Qual a sua Idade? _____________________
- Sexo
- Feminino
- Masculino
- Qual é o seu Serviço?
- Bloco Operatório
- Ortopedia
- Urologia
- Anestesiologia
- Modalidade de Horário
- Fixo
- Turnos
- Flexível
- Outros
- Número de Horas de Trabalho semanal _______________________
- Número de dias de trabalho semanal no HFF__________________
- Habilitações literárias
- < 9ºano
- 9º ano
- <12º ano
- 12º ano
- Licenciatura
- Mestrado
- Outro
- Categoria Profissional
- Médico
- Enfermeiro
- Assistente Operacional
- Técnico Superior
- Técnico superior de Terapêutica e Diagnóstico
- Outro
- Tempo de trabalho no HFF (anos)________
- Tempo de Trabalho no Bloco Operatório/Ortopedia/Urologia/Anestesiologia (anos)______________
- Relativamente à exposição a Radiação Ionizante
- Estou habitualmente exposto
- Não estou exposto
- Número de horas de trabalho diário, aproximado, em que se encontra exposto a radiação_____________
- Tem algum tipo de formação em proteção e segurança radiológica?
- Sim
- Não
- Antes de trabalhar no atual posto de trabalho, teve outra(s) atividade(s) em que estivesse exposto(a) a radiações ionizantes? *
- Sim
- Não
- Se respondeu sim à questão anterior, que atividade realizou e durante quanto tempo?________________
- Nesse contexto, quantas horas de trabalho diário esteve exposto a radiações ionizantes?________________
- Exerce, simultaneamente, outra atividade em que esteja exposto a radiações ionizantes?
- Sim
- Não
- Relativamente aos riscos de exposição às radiações ionizantes, considera o seu trabalho:
- Muito perigoso
- Perigoso
- Pouco perigoso
- Nada perigoso
- Não sabe
- Em que situações, no seu trabalho, se sente mais exposto a radiações ionizantes?______________________
- Permanece na sala enquanto estão a realizar exames de diagnóstico com radiações ionizantes?
- Sim
- Não
- Utiliza dispositivos de proteção individual disponíveis
- Avental de proteção
- Óculos
- Proteção de Tiroide
- Outro
- Nenhum
- Se respondeu “Nenhum” na questão anterior, ou se, nem sempre utiliza dispositivos de proteção, qual o motivo?
- Inexistência de equipamento
- Equipamento em número insuficiente
- Equipamento danificado
- Equipamento com tamanho inadequado
- Equipamento desconfortável
- Considera que o equipamento não o protege devidamente
- Outro
- Utiliza Dosímetro Individual?
- Nunca
- Raramente
- Algumas Vezes
- Quase sempre
- Sempre
- Que dosímetro(s) individual(ais) utiliza?
- Corpo inteiro
- Pulso
- Cristalino
- Nenhum
- Caso não utilize sempre o dosímetro, qual o motivo?
- Não tem conjunto dosimétrico
- Considera irrelevante a sua utilização
- Desconhece como utilizar
- Considera que a sua utilização é desconfortável/dificulta o trabalho
- Outro
- Coloca o dosímetro de corpo inteiro ao nível do tronco, sobre o peito e sob o dispositivo de proteção individual?
- Sim
- Não
- Não aplicável
- Se respondeu “Não”, como costuma colocar o dosímetro de corpo inteiro?_______
- Diariamente, quando termina a sua atividade, o que faz ao(s) seu(s) dosímetro(s)
- Leva-o consigo para casa
- Fica no local de trabalho, numa zona onde não está exposto a radiação
- Fica no local de trabalho, numa zona onde por vezes está exposto a radiação
- Fica no local de trabalho, onde está exposto a radiação
- Apresenta alguma das seguintes situações?
- Fadiga
- Fraqueza
- Sonolência
- Desconcentração
- Cefaleia
- Náuseas
- Vómitos
- Diarreia
- Tremores
- Febre
- Queda de cabelo
- Queimadura Cutânea
- Aborto espontâneo
- Anemia
- Trombocitopenia (diminuição de plaquetas)
- Leucopenia (diminuição de leucócitos)
- Alteração da visão
- Nenhum
- Outro
- Tem filhos?
- Sim
- Não
- Tem algum problema de fertilidade conhecido?
- Sim
- Não
- Já sofreu alguma interrupção involuntária da gravidez?
- Sim
- Não
- Não aplicável
- Se respondeu afirmativamente às perguntas 31 e 33, esteve exposta a radiações ionizantes durante a gravidez?
- Sim
- Não
- Não aplicável
- Durante quanto tempo?
- No período das 0-3 semanas
- No período das 3-8 semanas
- No período das 8-15 semanas
- No período das 15-25 semanas
- Não aplicável
- Toma medicação habitualmente
- Sim
- Não
- Se respondeu à questão anterior afirmativamente, que medicamentos toma?________
- Tem doenças conhecidas?
- Sim
- Não
- Se sim, qual(ais)?_________________
- Tem alguma predisposição familiar para doenças?
- Sim
- Não
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e profissional da amostra
Variáveis
|
População n | Amostra n (%) | Representatividade (%) |
Sexo | |||
Feminino | 136 | 81 (75,7) | 59,6 |
Masculino
|
52 | 26 (24,3) | 50,0 |
Total | 180 | 107 (100,0) | |
Categoria profissional | |||
Médicos | 80 | 31 (29,0) | 38,8 |
Enfermeiros | 78 | 64 (59,8) | 82,1 |
Assistentes Operacionais
|
30 | 12 (11,2) | 40,0 |
Total | 188 | 107 (100,0) | |
Serviço | |||
Bloco Operatório | 108 | 77 (72) | 71,3 |
Anestesiologia | 43 | 17 (15,9) | 39,5 |
Urologia | 17 | 4 (3,7) | 23,5 |
Ortopedia
|
20 | 9 (8,4) | 45,0 |
Total | 188 | 107 (100,0) |
Gráfico 1. Distribuição da amostra por habilitações literárias
Tabela 2. Número de horas de exposição dos profissionais de saúde a radiação ionizante por semana
horas/semana de exposição | n | (%) |
>1 5 | 16 | 15,0 |
5 10 | 20 | 18,7 |
15 | 10 | 9,3 |
20 | 6 | 5,6 |
>20 | 30 | 28,0 |
Tabela 3. Associação entre a perceção de risco de exposição a radiação ionizante e as variáveis, categoria profissional e serviço
Perceção de Risco | ||||||
Não Sabe
n (%) |
Pouco perigoso
n (%) |
Perigoso
n (%) |
Muito perigoso
n (%) |
Total
n (%) |
P. Value* | |
Categoria Profissional | ||||||
Médicos | 0 (0,0) | 9 (9,6) | 16 (17,0) | 4 (4,3) | 29 (30,9) | 0,008 |
Enfermeiros | 0 (0,0) | 5 (5,3) | 40 (42,6) | 8 (8,5) | 53 (56,4) | |
Assistentes Operacionais | 2 (2,1) | 0 (0,0) | 8 (8,5) | 2 (2,1) | 12 (12,8) | |
Total | 2 (2,1) | 14 (14,9) | 64 (68,1) | 14(14,9) | 94 (100,0) | |
Serviço | ||||||
Bloco Operatório | 2 (2,1) | 5 (5,3) | 48 (51,1) | 11 (11,7) | 66 (70,2) |
0,012 |
Anestesiologia | 0 (0,0) | 6 (6,4) | 9 (9,6) | 0 (0,0) | 15 (16) | |
Urologia | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 4 (4,3) | 0 (0,0) | 4 (4,3) | |
Ortopedia | 0 (0,0) | 3 (3,2) | 3 (3,2) | 3 (3,2) | 9 (9,6) | |
Total | 2 (2,1) | 14 (14,9) | 64 (68,1) | 14 (14,9) | 94 (100,0) |
*Teste exato de Fisher
Tabela 4. Associação entre o uso de EPI e as variáveis, categoria profissional e habilitações literárias
EPI | |||||
Sempre
n (%) |
Por vezes
n (%) |
Nunca
n (%) |
Total
n (%) |
P. Value* | |
Categoria Profissional | |||||
Médicos | 25 (26,6) | 2 (2,1) | 2 (2,1) | 29 (30,9) | 0,027 |
Enfermeiros | 40 (42,6) | 3 (3,2) | 10 (10,6) | 55 (56,4) | |
Assistentes Operacionais | 5 (5,3) | 3 (3.2) | 4 (4,3) | 12 (12,8) | |
Total | 70 (74,5) | 8 (8,5) | 16 (17) | 94 (100,0) | |
Habilitações Literárias | |||||
12º ano | 5 (5,3) | 3 (3,2) | 5 (5,3) | 13 (13,8) |
0,007 |
Licenciatura | 51 (54,3) | 3 (3,2) | 8 (8,5) | 62 (66,0) | |
Mestrado | 14 (14,9) | 2 (2,1) | 2 (2,1) | 18 (19,1) | |
Outro | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 1 (1,1) | 1 (1,1) | |
Total | 70 (74,5) | 8 (8,5) | 16 (17,0) | 94 (100,0) |
*Teste exato de Fisher
Tabela 5. Caracterização da utilização de Dosímetro(s) Individual(ais)
Utilização de Dosímetro individual | n | % |
Nunca | 17 | 18,1 |
Raramente | 8 | 8,5 |
Algumas vezes | 7 | 7,4 |
Quase sempre | 12 | 12,8 |
Sempre | 50 | 53,2 |
Total | 94 | 100,0 |
Tipo de Dosímetro(s) individual(ais) |
n |
% |
Nenhum | 19 | 20,2 |
Pulso | 4 | 4,3 |
Cristalino | 8 | 8,5 |
Corpo inteiro | 63 | 67,0 |
Total | 94 | 100,0 |
Tabela 6. Associação entre perceção de risco associado à exposição profissional a radiação ionizante e a utilização de dosímetro individual
Perceção de Risco | ||||||
Não Sabe
n (%) |
Pouco perigoso
n (%) |
Perigoso
n (%) |
Muito perigoso
n (%) |
Total
n (%) |
P. Value* | |
Utilização de Dosímetro individual | ||||||
Nunca | 1 (1,1) | 5 (5,3) | 6 (6,4) | 5 (5,3) | 17 (18,1) | <0,05 |
Raramente | 0 (0,0) | 1 (1,1) | 7 (7,4) | 0 (0,0) | 8 (8,5) | |
Algumas vezes | 0 (0,0) | 4 (4,3) | 2 (2,1) | 1 (1,1) | 7 (7,4) | |
Quase sempre | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 12 (66,7) | 0 (0,0) | 12 (12,8) | |
Sempre | 1(1,1) | 4 (4,3) | 37 (39,4) | 8 (8,5) | 50 (53,2) | |
Total n (%) | 2 (2,1) | 14(14,9) | 64 (68,1) | 14 (14,9) | 94 (100,0) |
*Teste exato de Fisher
Tabela 7. Associação o uso de dosimetria inidividual e as variáveis, categoria profissional, serviço e habilitações académicas
Utilização de Dosímetro individual | |||||||
Nunca
n (%) |
Raramente
n (%) |
Algumas vezes
n (%) |
Quase sempre | Sempre | Total
n (%) |
P. Value* | |
Categoria Profissional | |||||||
Médicos | 11(11,7) | 6 (6,4) | 6 (6,4) | 6 (6,4) | 0 (0,0) | 29 (30,9) | <0,01 |
Enfermeiros | 5 (5,3)) | 2 (2,1) | 1 (1,1) | 6 (6,4) | 39(41,5) | 55 (56,4) | |
Assistentes Operacionais | 1 (1,1) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 11 (11,7) | 12 (12,8) | |
Total | 17 (17,1) | 8 (8,5) | 7 (7,4) | 12 (12,8) | 50 (53,2) | 94 (100,0) | |
Serviço | |||||||
Bloco Operatório | 6 (6,4) | 2 (2,1) | 2 (2,1) | 6 (6,4) | 50 (53,2) | 66 (70,2) | <0,01 |
Anestesiologia | 3 (3,2) | 4(4,3) | 4 (4,3) | 4 (4,3) | 0 (0,0) | 15 (16) | |
Urologia | 0 (0,0) | 2 (2,1) | 0 (0,0) | 2 (2,1) | 0 (0,0) | 4 (4,3) | |
Ortopedia | 8 (8,5) | 0 (0,0) | 1 (1,1) | 0 (0,0) | 0(0,0) | 9 (9,6) | |
Total | 17 (18,1) | 8 (8,5) | 7 (7,4) | 12 (12,8) | 50 (53,2) | 94(100,0) | |
Habilitações Literárias | |||||||
12º ano | 1(1,1) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 12 (12,8) | 13 (13,8) |
<0,01 |
Licenciatura | 8 (8,5) | 5 (5,3) | 6.(6,4) | 7 (7,4) | 36 (38,3) | 62 (66,0) | |
Mestrado | 8 (8,5) | 3 (2,1) | 1.(1,1) | 5 (5,3) | 1(1,1) | 18 (19,1) | |
Outro | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 1 (1,1) | 1 (1,1) | |
Total | 17 (18,1) | 8 (8,5) | 7(7,4) | 12 (12,8) | 50 (53,2) | 94 (100,0) |
*Teste exato de Fisher
(1)Ana Pinela
Mestrado integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve. Atualmente Médica Interna de Formação especifica em Medicina do trabalho, na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra, Foros da Quinta, Cx. postal nº1966, 7500-020 Vila Nova de Santo André. E-Mail: ana.pinela@hff.min-saude.pt;
Contribuição: revisão bibliográfica; seleção de artigos; elaboração do manuscrito;
(2)Pedro Mestre
Mestrado Integrado em Medicina pela Nova Medical School. Atualmente Médico Interno de Formação Especifica em Medicina do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2640-415 Mafra. E-Mail: pedro.mestre@ hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(3)Kamila Troper
Licenciatura em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Equivalência ao Mestrado Integrado em Medicina pelo ICBAS. Atualmente Médica Interna de Formação Especifica em Medicina do Trabalho, na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra, 2640-808 Mafra. E-Mail: kamila.troper@hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(4)Isabel Fernandes
Licenciada em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e Pós-Graduada em Sistemas de Gestão Integrados Ambiente, Qualidade, Segurança e Responsabilidade Social pela TÜV Rheinland Portugal. Atualmente Técnica Superior de Segurança do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2730-308 Barcarena. E-Mail: isabel.fernandes@hff.min-saude.pt.
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(5)Sofia Pires
Licenciada em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e Mestre em Ergonomia pela Faculdade de Motricidade Humana Lisboa. Atualmente Técnica Superior de Segurança do Trabalho na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. 2725-380 Mem-Martins. E-Mail: sofia.pires@hff.min-saude.pt.
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(6)Ana Cunha
Mestrado Integrado em Medicina pela Universidade da Beira Interior. Atualmente Interna de Formação Especifica em Medicina do Trabalho no Hospital Garcia de Orta- Unidade Local de Saúde Almada-Seixal. 2955-029 Pinhal Novo. E-Mail: ana.mateus.cunha@hgo.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito
(7)Teresa Martinho
Diretora de Serviço do Serviço de Saúde Ocupacional da Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra. Assistente Hospitalar Graduada.1070-079 Lisboa E-Mail: teresa.martinho@hff.min-saude.pt
CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Revisão bibliográfica; revisão do manuscrito