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Estatuto editorial

A influência de trabalhar por turnos noturnos na Fertilidade Feminina- Revisão baseada na Evidência

21 Agosto, 2024Artigos de Revisão

Cunha C, Barbosa A, Oliveira M. A influência de trabalhar por turnos noturnos na Fertilidade Feminina- Revisão baseada na Evidência. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online. 2024, esub0482. DOI: 10.31252/RPSO.21.08.2024

THE INFLUENCE OF NIGHT SHIFT WORK ON FEMALE FERTILITY AN EVIDENCE- BASED REVIEW

 

Tipo de Artigo: Artigo de revisão

Autores: Cunha C(1), Barbosa A(2), Oliveira M(3).

 

RESUMO

Introdução e Objetivo

O trabalho por turnos, especialmente o turno noturno e rotativo, tem grande importância na nossa sociedade, no entanto, devido às perturbações circadianas, parece estar associado a riscos para a saúde, nomeadamente a disfunção reprodutiva. Esta revisão teve como objetivo proceder a uma análise qualitativa das repercussões do trabalho por turnos noturnos na fertilidade feminina, centrando-se apenas em estudos que identificam e documentam claramente a exposição ao trabalho noturno e o seu impacto na fertilidade/fecundidade.

Metodologia

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Cochrane Library, PubMed e SciELO, utilizando as palavras-chave: “female reproduction”, “fecundability”, “fertility” e “night shift work”. Foram incluídos artigos publicados nos últimos dez anos, em inglês, português, espanhol e francês. Para classificação do nível de evidência foi utlizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy da American Academy of Family Physicians.

Resultados

Da pesquisa resultaram 144 artigos e após a análise obteve-se um total de sete. Dois estudos concluíram que o trabalho que inclui turnos noturnos apresenta menor probabilidade de conseguir engravidar e aumenta a probabilidade de ser necessário tratamento de fertilidade. Uma meta-análise revelou que as mulheres que trabalham por turnos apresentam taxas mais altas de infertilidade, apesar da heterogeneidade dos estudos. Outros dois estudos apresentaram uma associação reduzida com a diminuição da fertilidade em comparação com mulheres que não trabalhavam por turnos noturnos/rotativos. Em contrapartida, apenas dois estudos de coorte não reportam associação entre o trabalho noturno e a fecundabilidade.

Discussão

Como limitação inevitável de todos os estudos qualitativos, além da heterogeneidade, a existência de uma associação entre trabalho noturno e a fertilidade, não parece ser suficiente para determinar a causalidade. O trabalho por turnos tem sido utilizado para caracterizar a perturbação circadiana, no entanto pode considerar-se apenas como uma medida indireta da duração do sono, estando condicionado por outros fatores.

Conclusão

Considerando o potencial impacto negativo do trabalho noturno, pretende-se destacar a relevância deste tópico na área da Saúde Ocupacional. Adotar uma abordagem holística que combina medidas organizacionais, ambientais, de saúde e bem-estar, além de ações individuais, pode ajudar a minimizar os impactos negativos do trabalho noturno na fertilidade e promover um ambiente de trabalho mais saudável e seguro. Esta revisão evidencia a limitada investigação relativa ao impacto do trabalho noturno na fertilidade feminina, contudo pode assumir-se uma associação entre o trabalho por turnos noturnos e a diminuição da probabilidade de engravidar.

Palavras-chave: turnos noturnos, fertilidade feminina, fecundidade, saúde ocupacional, medicina do trabalho.

 

ABSTRACT

Introduction and Objective

Shift work, especially night shifts and rotating shifts, holds great importance in our society; however, due to circadian disruptions, it appears to be associated with health risks, particularly reproductive dysfunction. Thus, this review aimed to conduct a qualitative analysis of the repercussions of night shift work on female fertility, focusing solely on studies that clearly identify and document exposure to night shift work and its impact on fertility/fecundability.

Methodology

A bibliographic search was conducted in the Cochrane Library, PubMed, and SciELO databases using the keywords: “female reproduction”, “fecundability”, “fertility”, and “night shift work”. Articles published in the last 10 years in English, Portuguese, Spanish, and French were included. The Strength of Recommendation Taxonomy Scale from the American Academy of Family Physicians was used to classify the level of evidence.

Results

The search yielded 144 articles, and after analysis, a total of seven articles were included. Two studies concluded that night shift work is associated with a lower probability of pregnancy and an increased likelihood of requiring fertility treatment. A meta-analysis revealed that women working shifts have higher rates of infertility, despite the heterogeneity of the included studies. Two other studies reported a reduced association with decreased fertility compared to women not working night or rotating shifts. On the other hand, only two cohort studies did not report an association between night work and fecundability.

Discussion

As an inevitable limitation of all qualitative studies, in addition to heterogeneity, the existence of an association between night shift work and fertility is not sufficient to determine causality. Shift work has been used to characterize circadian disruption; however, it can only be considered an indirect measure of sleep duration, being influenced by other factors.

Conclusion

Considering the potential negative impact of night shift work, this review aims to highlight the relevance of this topic in the field of Occupational Health. Adopting a holistic approach that combines organizational, environmental, health and well-being measures, along with individual actions, can help minimize the negative impacts of night work on fertility and promote a healthier and safer work environment. This review highlights the limited research on the impact of night work on female fertility; however, it can be assumed that there is an association between night shift work and a decreased probability of pregnancy.

Keywords: female reproduction, fecundability, fertility, and night shift work.

 

 

INTRODUÇÃO

Uma parte significativa do nosso tempo é destinado ao sono e é evidente que uma qualidade de sono adequada é essencial para a saúde e bem-estar (1). O trabalho por turnos, especialmente o turno noturno e turnos rotativos, tem grande importância na nossa sociedade. No entanto, devido às perturbações circadianas, parece estar associado a riscos para a saúde, nomeadamente doenças cardiovasculares, obesidade, depressão, cancro da mama e disfunção reprodutiva (1) (2) (3) (4) (5).

Segundo os dados do Sexto Inquérito Europeu sobre as condições de trabalho efetuado em 2015, constatou-se que 21% de todos os trabalhadores europeus realizavam algum tipo de trabalho por turnos, representando um aumento de 4% relativamente a 2005 e 2010 (6). As mulheres representam quase metade da população ativa e a maioria está em idade reprodutiva (5).

O trabalho noturno parece ter o potencial de afetar a saúde reprodutiva, uma vez que envolve disrupção do ritmo circadiano, que está intimamente relacionado com o eixo hormonal reprodutivo (7). Normalmente, os níveis de melatonina flutuam ao longo de 24 horas, diminuindo durante o dia, atingindo o pico de produção à noite. Trabalhadores por turnos podem por isso apresentar alterações da ritmicidade da melatonina (8). As possíveis consequências reprodutivas do trabalho noturno para as mulheres podem incluir irregularidade menstrual, endometriose e aumento do tempo até a conceção (2) (4) (9) (10) (11), podendo ser explicadas pela perturbação da síntese e do metabolismo do estrogénio que parecem ser afetados pela interrupção do ritmo circadiano (5). Neste sentido, para justificar as disfunções metabólicas e hormonais têm sido apontadas várias causas, nomeadamente a exposição à luz durante a noite, a restrição do sono e/ou padrão de sono irregular (9). O eixo hipotálamo-hipófise está sob controlo circadiano e pode afetar o momento da ovulação e secreção hormonal e a sua desregulação pode modificar negativamente o sucesso de implantação de uma gravidez (12) (12) (13) (14). Como já referido, também as alterações metabólicas e a desregulação hormonal (esteróides sexuais, gonodotrofinas e prolactina) afetam o ciclo menstrual, a fertilidade e podem provocar menopausa precoce (3) (6) (14). A evidência tem indicado que a melatonina pode exercer efeitos anti-apoptóticos no folículo, seja por meio da sinalização via recetor ou atuando diretamente como antioxidante. É particularmente relevante, uma vez que os níveis de melatonina no fluido folicular podem estar diminuídos nas trabalhadoras por turnos, pelo comprometimento da produção pineal e consequentemente à depleção folicular mais acelerada (13). O trabalho rotativo significativo poderá também acelerar a falência ovárica e consequentemente a menopausa em mulheres pré-menopáusicas com idade inferior a 45 anos (14).

Sabendo da importância da reprodução na vida humana e do possível impacto laboral da fertilidade na vida das mulheres, esta revisão tem como objetivo proceder a uma análise qualitativa das repercussões do trabalho por turnos noturnos na fertilidade feminina, centrando-se apenas em estudos que identifiquem e documentem claramente a exposição ao trabalho noturno e o seu impacto na fertilidade/fecundidade.


METODOLOGIA

Para a realização desta revisão foi realizada uma pesquisa bibliográfica em novembro de 2023 nas seguintes bases de dados: Cochrane Library, PubMed e SciELO, publicados nos últimos dez anos, em inglês, português, espanhol e francês, utilizando as palavras-chave: “female reproduction”, “fecundability”, “fertility” e “night shift work”. Foi utilizada escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Academy of Family Physicians, que permite classificar o nível de evidência de acordo com a qualidade e consistência dos estudos, definindo três níveis de evidência: do nível 1 a 3 (com qualidade decrescente). A obtenção de dados foi realizada de forma independente pelos três investigadores do estudo, que incluiu pesquisa bibliográfica, seleção de dados, extração e classificação.

Os critérios de inclusão foram definidos segundo o modelo PICO: População– mulheres em idade fértil até aos 45 anos; Intervenção– trabalho por turnos noturnos (incluindo turnos fixos e turnos rotativos); Comparação– mulheres que não trabalham turnos noturnos e Outcome– influência na fertilidade/fecundidade.

Foram excluídos os artigos que não abordavam de forma clara a influência do trabalho noturno na fertilidade/fecundidade, revisões clássicas da literatura, estudos em animais, artigos de opinião, publicações de conferências e artigos que apenas abordavam fertilidade masculina.


RESULTADOS

Da pesquisa efetuada resultaram 144 artigos, dos quais sete foram selecionados para análise pormenorizada (Figura 1). As restantes publicações foram excluídas por divergirem do objetivo do trabalho, por serem repetidas ou não cumprirem os critérios de elegibilidade. No final, resultaram quatro estudos de coorte prospetivos, um estudo de coorte retrospetivo, uma revisão sistemática e uma meta-análise (Tabela 1).

Após a análise dos sete artigos que cumpriram os critérios de inclusão, verificou-se que um estudo de coorte prospetivo e outro retrospetivo concluíram que trabalhar por turnos noturnos apresenta menor probabilidade de engravidar e aumenta a probabilidade de ser necessário tratamento de fertilidade (10) (15). A meta-análise de Stocker et al concluiu que as mulheres que trabalham por turnos apresentam taxas mais altas de infertilidade, apesar de apresentar como limitação a heterogeneidade dos estudos incluídos (5). Adicionalmente, uma revisão sistemática e um estudo de coorte prospetivo revelaram uma associação reduzida entre o trabalho por turnos e a diminuição da fecundidade (2) (3). Em contrapartida, dois estudos coorte prospetivos não reportam associação entre o trabalho noturno e a fecundabilidade (16).

Curiosamente, o estudo de Freeman revelou que a duração de sono superior a nove horas associava-se a uma fecundidade mais baixa apenas naquelas que não trabalhavam no turno noturno (17). Um outro estudo de coorte também concluiu que tanto a duração do sono de quatro a seis horas, quanto de nove a onze horas estavam associados a redução da probabilidade de gravidez (18). Na presente revisão, constatou-se que dois dos artigos não encontraram associação do trabalho noturno com fecundidade, sugerindo como limitação o facto de ter sido analisado o emprego e o respetivo horário laboral no início da constituição da coorte, sendo que este poderia não refletir os horários durante o período de tentativa de gravidez (11) (16). Propõe também como explicação que mulheres que não tiveram anteriormente uma gravidez bem-sucedida, tenham maior probabilidade de permanecer no mercado de trabalho e possam ter mais oportunidades de exposição profissional (mais horas de trabalho, maior disponibilidade para turnos noturnos e trabalhos fisicamente mais exigentes).


DISCUSSÃO /
CONCLUSÃO

A relevância deste trabalho surge quando se reconhece que a maioria das mulheres irá vivenciar a maternidade durante o período em que estarão profissionalmente ativas. Diversos estudos têm questionado a possível associação do trabalho por turnos, com diferentes problemas de saúde reprodutiva, nomeadamente, dissonâncias conjugais, distúrbios menstruais, baixo peso à nascença, parto pré-termo e aborto (19).

É importante salientar que a quantidade e o tipo de trabalho que uma mulher escolhe assumir laboralmente reflete numerosos aspetos da sua vida, muitos dos quais são difíceis de quantificar, tais como o estatuto socioeconómico e a pressão financeira.

Este tipo de estudos é passível ainda de ser influenciado por vários fatores confundidores que podem interferir de forma considerável com os resultados, nomeadamente a fertilidade do parceiro, a frequência de relações sexuais e a disponibilidade sexual do casal. O cansaço, a fadiga e sono inadequados podem prejudicar a atividade e a satisfação sexual (2) (16) (19).

Como limitação inevitável de todos os estudos não experimentais, a existência de uma associação entre trabalho noturno e a fertilidade, não é suficiente para determinar a causalidade, mesmo em artigos em que essa associação seja mais forte. Os autores identificam diversos fatores confundidores que podem interferir de forma considerável com os resultados, nomeadamente a fertilidade do parceiro, a frequência de relações sexuais e a disponibilidade sexual do casal.

Para diminuir a heterogeneidade em estudos futuros, sugere-se a inclusão de definições de trabalho por turnos mais precisas e criteriosas, tornando a comparação entre estudos mais fiável. A reprodução e a sexualidade são questões muito sensíveis e desenhos quantitativos e questionários auto-relatados podem não constituir os métodos mais eficazes para a sua avaliação. O desafio de estudar esta questão passa por conseguir capturar a intenção de engravidar e simultaneamente a janela crítica do período de exposição.

Considerando o potencial impacto negativo do trabalho noturno, pretende-se destacar a relevância deste tópico na área da Saúde Ocupacional, sublinhando a importância de implementar medidas capazes de mitigar os efeitos desse sistema de trabalho na saúde. Adotar uma abordagem holística que combina medidas organizacionais, ambientais, de saúde e bem-estar, além de ações individuais, pode ajudar a minimizar os impactos negativos do trabalho noturno na fertilidade feminina e promover um ambiente de trabalho mais saudável e seguro, nomeadamente:

Medidas Organizacionais

  • Implementar uma rotação de turnos que minimize a exposição prolongada aos turnos noturnos, não ultrapassando 50% do tempo de trabalho.
  • Priorizar uma rotação de turnos no sentido horário (manhã-tarde-noite) para facilitar a adaptação circadiana.

Medidas Ambientais

  • Utilizar iluminação que imite a luz natural durante os turnos noturnos para ajudar na regulação do ritmo circadiano.
  • Manter um ambiente com temperatura controlada e acesso a áreas de descanso.

Medidas de Saúde e Bem-Estar e Individuais

  • Promover programas de educação sob a forma de workshops sobre saúde reprodutiva, nutrição e gestão de stress.
  • Incentivar rotina de sono diária entre seis a oito horas.
  • Promover técnicas para melhorar a qualidade do sono (como usar máscaras de dormir e protetores auriculares, se necessário).
  • Limitar o consumo de cafeína nas horas que antecedem o período de sono.
  • Promover uma alimentação saudável durante os turnos noturnos.
  • Promover atividades físicas regulares que ajudem na regulação do sono.

Esta revisão evidencia a limitada investigação relativa ao impacto do trabalho noturno na fertilidade feminina, bem como a heterogeneidade dos resultados. Ainda não está claro qual o papel que o trabalho por turnos pode desempenhar na fertilidade/fecundidade, dada a qualidade da evidência atual. Contudo poderá assumir-se que o trabalho noturno poderá diminuir a probabilidade de engravidar. Os esforços de investigação necessitam, portanto, de ser alargados a outras áreas da saúde reprodutiva, como a menopausa, perturbações hormonais/ciclo menstrual, e características do parceiro para permitir uma compreensão mais holística e abrangente do impacto do trabalho noturno na saúde reprodutiva das mulheres.


CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS

Nada a declarar.

 

AGRADECIMENTOS

Nada a declarar.

 

BIBLIOGRAFIA

  1. Books C, Coody C, Kauffman R, Abraham S. Night Shift Work and Its Health Effects on Nurses. Health Care Management Science. 2017; 1;36(4): 347–353. DOI: 10.1097/HCM.0000000000000307
  2. Moćkun-Pietrzak J, Gaworska-Krzemińska A, Michalik A. A Cross-Sectional, Exploratory Study on the Impact of Night ShiftWork on Midwives’ Reproductive and Sexual Health. International Journal Environmental Research and Public Health. 2022; 19(13). DOI: 10.3390/ijerph19138082
  3. Chau Y, West S, Mapedzahama V. Night work and the reproductive health of women: An integrated literature review. Journal of Midwifery Women’s Health. 2014; 59(2):113–126. DOI: 10.1111/jmwh.12052
  4. Willis K, Hatch E, Wesselink A, Rothman K, Mikkelsen E, Wise L. Female sleep patterns, shift work, and fecundability in a North American preconception cohort study. Fertility and Sterilility. 2019; 111(6): 1201-1210.e1. DOI: 10.1016/j.fertnstert.2019.01.037
  5. Stocker L, MacKlon N, Cheong Y, Bewley S. Influence of shift work on early reproductive outcomes: A systematic review and meta-analysis. Obstetrics and Gynecology. Lippincott Williams and Wilkins; 2014 (214): 99–110. DOI: 10.1097/AOG.0000000000000321
  6. Sixth European Working Conditions Survey. Available from: Sixth European Working Conditions Survey – Overview report | European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions (europa.eu)
  7. Pilgrim J, Kim K, Hill M, Mumford S, Sjaarda L, Perkins N, et al. Work related exposures: impacts on hormone levels, anovulation and the menstrual cycle. Fertility and Sterility. 2018; 110(4): e172. DOI:10.1016/j.fertnstert.2018.07.511
  8. Melinda A; Morrison E. Neuroanatomy, Nucleus Suprachiasmatic. 2023. Disponível em: Neuroanatomy, Nucleus Suprachiasmatic – StatPearls – NCBI Bookshelf (nih.gov)
  9. Fernandez R, Marino J, Varcoe T, Davis S, Moran L, Rumbold A, et al. Fixed or Rotating Night Shift Work Undertaken by Women: Implications for Fertility and Miscarriage. Seminars in Reproductive Medicine. 2016; 34(2): 74–82. DOI: 10.1055/s-0036-1571354
  10. Fernandez R, Moore V, Marino J, Whitrow M, Davies M. Night Shift Among Women: Is It Associated With Difficulty Conceiving a First Birth? Frontiers in Public Health. 2020; 8. DOI: 10.3389/fpubh.2020.595943
  11. Johnson C, Tanz L, Lawson C, Howards P, Bertone-Johnson E, Eliassen A, et al. Anti-Müllerian hormone levels in nurses working night shifts. Archives Environmental Occupational Health. 2020; 75(3):136–143. DOI: 10.1080/19338244.2019.1577210
  12. Michels K, Mendola P, Schliep K, Yeung E, Ye A, Dunietz G, et al. The influences of sleep duration, chronotype, and nightwork on the ovarian cycle. Chronobiology International. 2020; 37(2): 260–271. DOI: 10.1080/07420528.2019.1694938
  13. Boden M, Varcoe T, Kennaway D. Circadian regulation of reproduction: From gamete to offspring. Progress in Biophysics and Molecular Biology. 2013; 113(3): 387–97. DOI: 10.1016/j.pbiomolbio.2013.01.003
  14. Summa K, Vitaterna M, Turek F. Environmental perturbation of the Circadian clock disrupts pregnancy in the mouse. PLoS One. 2012; 7(5). DOI: 10.1371/journal.pone.0037668
  15. Sponholtz T, Bethea T, Ruiz-Narváez E, Boynton-Jarrett R, Palmer J, Rosenberg L, et al. Night Shift Work and Fecundability in Late Reproductive-Aged African American Women. Journal of Women’s Health. 2021; 30(1): 137–44. DOI: 10.1089/jwh.2019.8166
  16. Gaskins A, Rich-Edwards J, Lawson C, Schernhammer E, Missmer S, Chavarro J. Work schedule and physical factors in relation to fecundity in nurses. Occupational Environmental Medicine. 2015; 72(11): 777–783. DOI: 10.1136/oemed-2015-103026
  17. Freeman J, Whitcomb B, Bertone-Johnson E, Balzer L, O’Brien L, Dunietz G, et al. Preconception sleep duration, sleep timing, and shift work in association with fecundability and live birth among women with a history of pregnancy loss. Fertility and Sterility. 2023; 119(2): 252–263. DOI: 10.1016/j.fertnstert.2022.10.026
  18. Park I, Sun H, Jeon G, Jo J, Kim S, Lee K. The more, the better? the impact of sleep on IVF outcomes. Fertility and Sterility. 2013; 100(3): S466.
  19. Nikpour M, Tirgar A, Ghaffari F, Ebadi A, Amiri F, Firouzbakht M. Reproductive health problems among female shift workers: A qualitative study in Iran. Journal of Gynecology Obstetrics and Human Reproduction. 2020; 49(8). DOI: 10.1016/j.jogoh.2019.101653

FIGURA 1: Fluxograma de seleção de artigos


TABELA 1
: Resumo dos artigos selecionados.

Autor/Revista/Ano de Publicação Tipo de estudo Objetivo População/Intervenção Resultados/Conclusão Nível de Evidência
Chau YM./ J Midwifery Womens Health/ 2013(3)

 

Revisão Sistemática Sintetizar evidência científica do efeito do trabalho noturno na saúde reprodutiva na mulher: na fertilidade entre outros (ciclo menstrual, gravidez e menopausa). > 1238 artigos dos quais 20 artigos cumpriram os critérios de inclusão, sendo que apenas:

> 3 artigos sobre fertilidade (2 estudos retrospetivos e 1 estudo caso-controlo)

2 dos estudos relataram uma associação modestamente positiva entre o trabalho noturno e a diminuição da fecundidade. Rácio de fecundabilidade 0,77-0,82, utilizando dados retrospetivos auto-relatados.

1 estudo caso-controlo apenas abordou o risco de endometriose com o trabalho noturno (causa  presumida de infertilidade).

 

II

Stocker LJ./ Obstet Gynecol/ 2014(5) Meta-análise Determinar se existe uma associação entre trabalho por turnos e resultados reprodutivos precoces (fertilidade, alteração do ciclo menstrual e aborto). > 524 artigos dos quais 15 cumpriram os critérios de inclusão, sendo que apenas:

> 5 artigos sobre fertilidade (5 estudos de coorte)

As mulheres que trabalhavam em turnos apresentavam taxas mais altas de infertilidade (529/4.668 [11,3%]) do que mulheres que não o fizeram (2.354/23.811 [9,9%]) (OR 1,80, IC 95% 1,01–3,20, I2 94%) com considerável heterogeneidade. A análise agrupada não foi significativa (OR ajustado 1,11, IC 95% 0,86–1,44, I2 61%).  

II

Gaskins AJ /Occup Environ Med/2015(16) Coorte Prospetivo Avaliar a associação entre horários de trabalho e fecundidade. > n=1739 (mulheres que tentavam engravidar)

> Coorte de enfermeiras The Nurses Health Study 3 (EUA e Canada) – nascidas após 1965

> Horário de trabalho foi auto-reportado no questionário base; a cada 6 meses as mulheres relatavam a duração da sua tentativa de engravidar, durante o período de 2 anos.

> Questionário de frequência do turno noturno/mês e número de anos de turnos noturnos.

Média de Idades 33 anos;

A proporção estimada de mulheres não grávidas após 12 e 24 meses foram 16% e 5% respetivamente.

O trabalho noturno não estava associado à fecundidade após ajustar às características demográficas e laborais.

 

I

Willis SK/ Fertil Steril/ 2019(4) Coorte prospetivo Avaliar prospetivamente a associação entre padrões de sono, trabalho por turnos e fecundidade em mulheres. > n=6.873

> Mulheres norte-americanas com idades entre 21 e 45 anos que não utilizavam preconceção ou tratamento de fertilidade.

> Período de estudo entre junho 2013 e setembro 2018

> Aplicação de questionário base (dados demográficos; estilos de vida, história médica e reprodutiva)

> Status de gravidez a cada 8 semanas ou até ser reportada conceção, ou tratamentos de fertilidade, interrupção de tentativas de conceção, desistência do estudo ou perda de acompanhamento aos 12 meses o que ocorrer primeiro.

> Questionário de frequência de trabalho por turnos e trabalho

O trabalho noturno ou rotativo apresentava uma associação reduzida com a fecundidade em comparação com as mulheres que não efetuam turnos rotativos ou noturnos. Não foi encontrada evidência da associação com a idade. Rácio de fecundidade 0,91-0,97 com IC 95% manteve-se mesmo ajustado para variáveis confundidoras.  

I

Sponholtz, TR/ J Womens Health/ 2020(15) Coorte prospetivo Avaliar a associação entre o trabalho noturno e o tempo até a gravidez em mulheres Afroamericanas > n=560

> Mulheres Afroamericanas entre os 30 e os 45 anos pertencentes ao Black Women’s Health Study.

> Período de estudo 2005-2011

> Aplicação de questionário base de 2 em 2 anos (dados demográficos, características comportamentais, história reprodutiva, características antropométricas, uso contracetivo, história médica).

> Questionário de avaliação de turnos noturnos em 2005

> Questionário de tempo até à gravidez em 2011

Trabalhar no turno da noite apresentava 20% menos probabilidade de engravidar em comparação com mulheres que nunca reportaram turnos noturnos.  A fecundidade está reduzida em mulheres ≥ 35 anos principalmente se turnos noturnos mais frequentes (>1/mês) e durante mais tempo (≥2 anos).  

I

Fernandez RC/ Front Public Health/ 2020(10) Coorte retrospetivo Determinar se as mulheres que trabalham no turno da noite tinham maior probabilidade de necessitar de tratamento de fertilidade para conceber o primeiro filho. > n=128 852

> Mulheres primíparas do Sul da Austrália

> Período de estudo janeiro de 1986 – dezembro de 2002.

> Estudo baseado em registos populacionais perinatais: dados demográficos, trabalho noturno e avaliação e tratamentos de infertilidade.

8,5% mulheres tinham profissões com provável trabalho noturno e destas 2,2% necessitaram de tratamento de fertilidade. O potencial de trabalho noturno aumentou a probabilidade de tratamento de fertilidade em mulheres ≤ 35 anos em cerca de 27-40% quando comparadas com trabalhadoras diurnas. (OR ajustado= 1.40, IC95% 1.19-1.64)  

II

Freeman JR./ Fertil Steril/ 2023(17) Coorte prospetivo Avaliar a associação entre a pré-conceção e as características do sono e trabalho por turnos com fecundidade. > n=1228

> Mulheres entre os 18-40 anos, com história de 1 a 2 perdas gestacionais que estavam a tentar engravidar e sem diagnóstico de infertilidade.  Recrutadas em Utah, Nova Iorque, Colorado e Pensilvânia.

> Período de estudo 2006-2012

> Questionário base (dados demográficos, emprego atual, turnos rotativos e noturnos, uso de substâncias, história reprodutiva e antecedentes familiares).

> Fecundidade avaliada pelo número de ciclos menstruais necessários para atingir a gravidez detetada pela Gonadotrofina coriónica humana.

O trabalho noturno não foi associado à fecundabilidade (vs. Trabalho não – noturno Fecundability Odds Ratio=1,17, IC 95%, 0,96; 1,42)  

I

 

 

 

 

(1)Carina Cunha

Licenciatura em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto em 2005; Mestrado integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 2019; Médica Interna do 4º ano de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar Lagoa, Unidade Local de Saúde de Matosinhos. MORADA COMPLETA PARA CORRESPONDÊNCIA DOS LEITORES: Unidade de Saúde Familiar Lagoa, R. da Lagoa, 4460-352 Senhora da Hora. E-MAIL: carina_cunha@sapo.pt. Nº ORCID: 0009-0009-3630-0033

-CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Pesquisa, tratamento de dados e redação do artigo

(2)Ana Barbosa

Licenciatura em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto em 2006; Mestrado integrado em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar em 2017; Médica Interna do 4º ano de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar Alpendorada. 4575-043 Alpendorada. E-MAIL: ana.barbosa8@gmail.com. Nº ORCID: 0009-0005-7349-1562

-CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Pesquisa, tratamento de dados e redação do artigo

(3)Mariana Oliveira

Mestrado integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 2019; Médica Interna do 3º ano de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar Lagoa, Unidade Local de Saúde de Matosinhos. 4460-001 Senhora da Hora. E-MAIL: marianaspoliveira.mgf@gmail.com

-CONTRIBUIÇÃO PARA O ARTIGO: Pesquisa, tratamento de dados e redação do artigo

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