TIPO DE ARTIGO: Resumo de trabalhos divulgados noutro contexto
AUTORES: Santos M.(1) Almeida A.(2)
INTRODUÇÃO/ JUSTIFICAÇÃO DO TEMA
O consumo de substâncias psicoativas durante o horário de trabalho ou até fora dele, aumenta muito a frequência e a gravidade dos acidentes de trabalho, tendo os funcionários pior estado de saúde geral, menor produtividade e, por isso, existirão maiores custos para as empresas. Não é difícil encontrar bibliografia sobre o tema mas, geralmente, cada artigo foca aspetos parcelares, deixando por esclarecer por vezes questões teóricas e práticas fundamentais para atuar dentro de uma equipa de Saúde Ocupacional.
CONTEÚDO
Consequências genéricas do consumo de substâncias psicoativas
Define-se substância psicoativa como aquela que altera a forma de sentir, pensar e/ ou comportar. O efeito depende não só da substância específica, mas também da dose, consumos anteriores, estado de espírito, profissão, altura e local, presença/ ausência de companhia, mistura ou não com outras substâncias e via de administração. Genericamente pode acalmar, deprimir ou aumentar a ansiedade e irritabilidade, provocando descontração, desinibição ou atitudes violentas e/ ou bizarras. Podem também ocorrer alterações na perceção da profundidade, tempo, dimensão, forma e movimento.
Consequências genéricas laborais relativas ao consumo de substâncias psicoativas
A generalidade dos autores consultados considera que estes consumos representam um custo substancial para a empresa, na medida que diminuem a produtividade e aumentam o número de acidentes de trabalho e respetivas lesões, dependendo ainda assim da substância, frequência de consumo e dose; aumentando também o absentismo, a saída/ troca de posto ou emprego, falta de pontualidade e maior pressão sobre os colegas de trabalho (não só pelas tarefas excedentes que ainda necessitam de ser realizadas, bem como pelos conflitos, intimidações, violência ou até furtos). Estas consequências manifestam-se não só pela semiologia (sinais e sintomas) caraterística de uma intoxicação aguda, mas também pela abstinência (semiologia que surge quando se interrompe ou diminui o consumo) e pelos efeitos para a saúde que o consumo crónico acarreta, podendo alterar mesmo a personalidade e humor. Outros artigos destacam também o atingimento da capacidade de decisão, desempenho inconstante, negligência, maior número de erros e menor quantidade de tarefas realizadas; bem como diminuição da segurança global do local de trabalho para os colegas e outros indivíduos próximos. Para além disso, estatisticamente, indivíduos que apresentam estes consumos estão mais frequentemente envolvidos em atividade ilegais, assédio, condução incorreta e roubo. Ainda assim, acredita-se que 77% dos indivíduos com dependências estão empregados. Funcionários com teste positivo para álcool ou outras drogas têm um risco cinco vezes superior de ter um acidente (estima-se que corresponda a 65% do valor total de acidentes laborais), sendo tais consumos responsáveis também por 11 a 40% dos acidentes de trabalho fatais, consoante os estudos.
Café e Tabaco
Na realidade, os produtos psicoativos mais consumidos são o café e o tabaco, na medida em que aumentam a energia e a concentração, mas não estão associadas geralmente consequências médicas laborais negativas (quanto muito, a nível de segurança, o tabaco poderá criar/ potenciar o risco de incêndio e/ou explosão, em contextos muito específicos).
Álcool
Globalmente, a substância que mais frequentemente causa perturbações laborais é o álcool, não só porque tem a percentagem mais elevada de consumidores entre a população, como também, acima de determinada quantidade, altera bastante a capacidade de trabalho do funcionário. O consumo de álcool varia geralmente com a idade: nos mais jovens é esporádico ou nulo durante a semana e excessivo aos fins-de-semana, enquanto nos adultos e idosos a ingestão distribui-se de forma relativamente homogénea, sem picos, mas incluindo o horário de trabalho.
No quadro 1 estão registadas as principais variáveis que podem alterar o efeito do álcool e, no quadro seguinte, quais as principais consequências deste consumo, aos níveis patofisiológico e social.
O alcoolismo poderá ser definido como compulsão para beber, incapacidade em controlar a ingestão, sintomas de abstinência física sem consumo ou apenas redução do mesmo e necessidade de beber mais para atingir o mesmo efeito. O risco de um indivíduo se transformar em alcoólico dependerá da genética, ambiente (trabalho, família, amigos, cultura), personalidade e acessibilidade ao consumo.
O álcool é ansiolítico/ desinibidor e apresenta um potencial de abuso elevado. A abstinência cursa com sudação, náusea, tremor, insónia, diminuição do apetite, agitação, agressividade, ansiedade e eventualmente alucinações. É frequente o seu uso conjunto com outras drogas para potenciar o efeito global.
Estimulantes
Os estimulantes aceleram o funcionamento do sistema nervoso central e podem ser naturais ou sintéticos; para além da cafeína e da nicotina, destacam-se a cocaína, khat, anfetaminas, nitrito de butilo (“poppers”), crack ou base (cocaína fumada) e “ice” (forma de metanfetamina fumada). Genericamente apresentam um elevado potencial de dependência física e psicológica. Globalmente aumentam as frequências cardíaca e respiratória, bem como a tensão arterial e causam dilatação pupilar; o apetite diminui e podem também surgir diaforese (sudação excessiva), alterações de visão, vertigens, ansiedade e alucinações. A abstinência cursa com aumento do apetite, apatia, sonolência, irritabilidade, depressão e desorientação.
Quanto ao consumo específico de anfetaminas, por exemplo, sabemos que este ocorre com maior probabilidade no sexo masculino, entre os 18 e os 29 anos. Comparando estes consumidores com o de outras drogas ilícitas, verificou-se que estes apresentavam um absentismo superior, por doença e/ ou acidentes, bem como maior incidência de comportamentos perigosos. Se o consumo ocorrer fora do horário de trabalho, o período de depressão/ astenia (cansaço) e alterações cognitivas poderá surgir quando estiver a trabalhar. Noutros casos o consumo ocorre predominantemente sexta e/ ou sábado à noite, consumos esses provavelmente não detetados laboralmente, dado o período de deteção da urina e na saliva ser de cerca de 24 horas. Tradicionalmente, o consumo de anfetaminas era mais prevalente nos EUA mas, na Europa, tem vindo a aumentar devido às festas “rave”. Na maioria dos países as anfetaminas (devido ao seu potencial de abuso) estão proibidas; contudo, existem outros produtos no mercado similares que podem proporcionar falsos positivos (daí ser necessário enviar informação completa sobre os hábitos farmacológicos, incluindo os produtos “naturais” e os restantes não sujeitos a prescrição médica)- destacam-se por exemplo os descongestionantes nasais (como o Vick®); medicação para a narcolepsia ou para a doença Parkinson e alguns antidepressivos.
A cocaína estimula o sistema nervoso central, causa euforia, aumenta o apetite e diminui a necessidade de dormir. O teste urinário é muito sensível ao consumo recente. Acredita-se que é possível o teste vir positivo apenas com a inalação passiva mas tal não é consensual entre investigadores. O efeito da cocaína dura poucos minutos e cada vez é necessária uma dose maior para obter o mesmo efeito.
“Inalantes”
Os produtos designados por inalantes são solventes voláteis (colas, tintas, gasolina, produtos de limpeza), geralmente baratos e fáceis de adquirir, legais (pela sua outra utilização) e preferidos pelos mais jovens; contudo são hepato, nefro e cardiotóxicos, provocando também degenerescência cerebral e pulmonar; podem levar a menor controlo muscular, alterações do discurso, sonolência e até perda de consciência.
Alucinogénios
Os alucinogénios, por sua vez, intensificam as experiências sensoriais e levam a alterações comportamentais, bem como a labilidade (instabilidade) emocional (quer no momento, quer depois), estado confusional, “flashbacks” (reviver experiências). O consumo crónico pode levar a depressão, comportamento violento, ansiedade e alteração na perceção do tempo. Doses mais elevadas podem cursar com convulsões, bem como falências cardíaca/ pulmonar ou até morte. Geralmente não existe abstinência mas um só consumo pode originar danos cerebrais irreversíveis. Alguns dos exemplos mais conhecidos são a bufotenina, os “cogumelos mágicos”, LSD (“ácido”), MDA, MDMA (“ecstasy”), mescalina e o PCP (“pó de anjo”).
Anabolizantes
A partir da década de 50 alguns atletas profissionais começaram a usar anabolizantes no sentido de potenciar os seus resultados desportivos; nas décadas seguintes o consumo alastrou-se para atletas amadores mas, nos últimos anos, tal generalizou-se preocupantemente para a população em geral (sobretudo no sexo masculino). Ao consumo destas substâncias associam-se efeitos secundários de gravidade variável, alguns dos quais muito importantes e banalizados e/ou desconhecidos pelos utilizadores. Por vezes, o consumo pode ser indireto, uma vez que alguns dos suplementos nutricionais orais (cerca de 12,5%, num estudo) utilizados no halterofilismo/ culturismo contêm anabolizantes, ainda que não descritos oficialmente.
Os efeitos secundários mais relevantes a nível ocupacional são o aumento do risco de algumas patologias cardiovasculares (nomeadamente enfartes agudos do miocárdio e a morte súbita cardíaca, que são aqui mais frequentes), podendo gerar-se acidentes de gravidade considerável, por exemplo. Podem também surgir alterações de humor (depressão, tentativa de suicídio, euforia, mania/ hipomania, agressividade, isolamento social), bem como auto e/ou hétero-agressões e hiperatividade. Alguns destes efeitos secundários são dose-dependentes ou podem ficar potenciados com a abstinência. Esta pode caraterizar-se por síndrome depressiva, astenia, insónia/ hipersónia, anorexia (diminuição do apetite) e diminuição da libido, bem como diminuição da autoestima, ansiedade e dificuldade de concentração.
O consumo destas substâncias pode causar dependência; alguns investigadores estimam que tal pode ocorrer em cerca de 30% dos casos. A este abuso muito frequentemente se associam outros consumos recreativos. Para além disso, é também frequente a tolerância (ou seja, menores efeitos no futuro, para as mesmas doses). Contudo, em comparação com outras substâncias, estes indivíduos mais dificilmente procuram ajuda para combater a dependência, pois não a reconhecem como tal e/ou supõem que a generalidade dos profissionais de saúde sabe pouco sobre o tema.
Canábis
Na experiência clínica dos autores, em empresas com trabalhadores jovens e jovens adultos, esta é a substância psicoativa com atingimento laboral negativo mais consumida, pelo que a ela dedicarão um maior destaque.
Os canabinoides derivam da planta designada por cânhamo ou cannabis sativa. Consoante se processa as diversas partes da planta, obtêm-se produtos com graus diferentes de concentração; os mais conhecidos são a marijuana e o haxixe. O produto final é constituído por muitos canabinoides (mais de 70), mas o princípio ativo mais importante é o tetrahidrocanabinol- THC; a sua semivida é de cerca de 4 dias; o segundo mais destacado é o canabidiol. Estes estão mais concentrados nas extremidades floridas da planta, decrescendo nas folhas e sementes, respetivamente. A marijuana contém geralmente 0,5 a 5% de THC, enquanto que o haxixe (resultante da resina e extremidades floridas) pode conter de 2 a 20%. Contudo, o óleo de haxixe pode ir de 15 a 50%. Para além disso, acredita-se que, por técnicas de seleção biológica e aperfeiçoamento da extração dos canabinoides, obtêm-se ao longo dos anos produtos cada vez mais concentrados.
Os efeitos no organismo dependerão não só da concentração e número de compostos canabinoides presentes, mas também da via de consumo e, no caso de ser inalatória, da profundidade da inalação, duração do ato, volume inalado, perda de canabinoides para o ar atmosférico ou espaço morto respiratório, da capacidade pulmonar e do peso/ comprimento do cigarro. Na maioria dos casos a canábis é fumada na forma de cigarro; por vezes, alguns consumidores misturam com tabaco para se obter uma combustão mais agradável. Contudo, esta também pode ser ingerida ou bebida em infusão, apesar que aqui os efeitos são mais tardios, prolongados e suaves.
Pela via inalatória as concentrações máximas plasmáticas de THC são atingidas entre três a dez minutos; os efeitos iniciam-se de segundos a poucos minutos, atingindo a intensidade máxima entre os quinze e os trinta minutos, diminuindo acentuadamente em duas a três horas. Por via oral, a absorção é mais lenta e suave, a concentração plasmática máxima é atingida uma a duas horas depois, apesar de ser possível existirem vários picos menores posteriores; os efeitos geralmente iniciam-se entre os trinta e os cinquenta minutos, atingindo o seu máximo entre as duas/ três horas e diminuindo acentuadamente entre as quatro e as doze horas. O consumo por via endovenosa apresenta uma farmacocinética e farmacodinâmica semelhantes à via inalatória, mas os efeitos e a absorção são mais intensos.
Estão descritos casos de abstinência (ainda que pouco graves, na sua generalidade), bem como tolerância aos efeitos (ou seja, com a mesma dose as sensações tornam-se cada vez mais suaves) e abuso/ dependência (a distinção entre estes dois patamares é baseada na interferência negativa no quotidiano, segundo critérios previamente estabelecidos). Oito por cento destes consumidores atingem a dependência num período de cerca de dez anos, sendo que 1% será logo no final do primeiro ano (note-se que para substâncias como a cocaína e opioides estes tempos são mais curtos). Outros autores consideram que cerca de 10% de todos os consumidores de canábis se tornam dependentes desta substância, ao longo dos primeiros quatro a cinco anos de consumo frequente. Cerca de 10 e 20 a 30% dos que experimentam esta substância tornam-se, posteriormente, consumidores diários e semanais, respetivamente; tal acontece com maior frequência no sexo masculino, menor nível socio/ economico/ cultural e consumo regular de outras substâncias psicoativas (quer legais, como o álcool e o tabaco; quer ilícitas).
A generalidade dos consumidores cumpre uma sequência relativamente linear na progressão do consumo de substâncias psicoativas, ou seja, a maioria usa tabaco e álcool previamente à canábis e, os que experimentam outros produtos, geralmente fazem-no apenas numa fase seguinte.
A nível de efeitos agudos estão descritos euforia, relaxamento, intensificação de várias sensações (secundárias a sabores, sons, aromas), alterações da perceção e temporalidade, riso contagiante e verborreia. Alguns autores também descrevem despersonalização, paranoia, pensamento acelerado e desorganizado, delírios e alucinações, bem como alterações de memória e atenção, ansiedade, tempo de reação e capacidades motoras gerais. A generalidade dos efeitos parece ser proporcional à intensidade e cronicidade do consumo. Os efeitos secundários mais desagradáveis e comuns são a ansiedade e/ou até ataques de pânico; que podem ser motivo de interrupção logo no primeiro consumo ou só aparecerem com doses mais elevadas, posteriormente. Para além disso, está também descrita a taquicardia (aumento da frequência cardíaca) em até 50% dos casos, de minutos a horas depois do início do consumo. Alguns autores também mencionam alterações na tensão arterial. Globalmente, a toxicidade aguda não detém muita gravidade, não estando descritos casos mortais. No entanto, a capacidade de manobrar máquinas/ veículos motorizados fica obviamente comprometida. Os efeitos deste consumo podem ser similares a uma taxa de alcoolémia de até 10%.
A nível de efeitos crónicos, uma das principais controvérsias reside na durabilidade e gravidade dos efeitos a médio e longo prazos, até porque os estudos apresentam condições metodológicas diversas (número de participantes, representatividade das amostras, animais anestesiados ou não versus humanos, durabilidade das observações e controlo de variáveis eventualmente confundidoras, como patologia mental e consumo de outras substâncias psicoativas), para além de se utilizarem produtos com diferentes constituição e concentração de canabinoides. Ainda assim, genericamente, considera-se que a intensidade de tais alterações é também proporcional à intensidade e cronicidade do consumo.
Alguns investigadores defendem que o consumo de canábis fumada é 50 a 70% mais carcinogénica que o tabaco, quer a nível respiratório, quer a nível digestivo alto; tornam-se também mais frequentes as infeções respiratórias e doenças pulmonares crónicas obstrutivas (como bronquite e enfizema), demonstradas pela maior produção de tosse e expetoração. Alguns autores defendem ainda que o consumo simultâneo com o tabaco potencia estas consequências.
Alguns autores também encontraram deficiências na aprendizagem, atenção e memória que podem persistir para além da intoxicação aguda, bem como pensamento fragmentado e estado confusional; mas tal é bastante controverso, indicando algumas investigações que esse período pode abarcar muitos anos após o último consumo. A capacidade de tomar decisões (quer nos consumidores, quer nos abstinentes) fica também comprometida.
Existem trabalhos que relacionam este consumo com isolamento social e afetivo, bem como a síndrome depressiva. Vários artigos referem um estado que designam de “síndrome amotivacional”, no qual o indivíduo se sente deprimido, ansioso, apático, com menos interesses/ prazeres e menos concentrado
Apesar de doses elevadas poderem causar um estado psicótico caraterizado por confusão, discurso incoerente, amnésia, alucinações, agitação e ansiedade; em quase todos os casos a situação remite. Contudo, muitos artigos mencionam a associação verificada desde há muitos séculos entre o consumo da canábis e a esquizofrenia. Contudo, quer o consumo de canábis, quer a existência em si da esquizofrenia, ambas potenciam o consumo de outras substâncias.
Benzodiapepinas
As benzodiazepinas são uma classe de medicamentos prescrita com muita frequência, sobretudo como ansiolíticas (“calmantes”), indutoras do sono e, menos frequentemente, como antiepiléticas e/ ou relaxantes musculares. O seu potencial de abuso não se comprara ao das anfetaminas mas também é significativo, sobretudo para as de semivida curta. Os testes podem ter resultados falsos-positivos se existir consumo de algumas classes de antidepressivos ou anti-inflamatórios. O abuso destes medicamentos é geralmente superior no sexo feminino e nos trabalhadores com mais idade.
Opiáceos
Os opiáceos são usados na medicina convencional como analgésicos, relaxantes musculares, antidiarreicos e antitússicos. Apresentam um elevado potencial de abuso. As principais consequências são a euforia, inquietação, náusea, sonolência, constrição pupilar (miose) e eventualmente depressão respiratória, convulsões, coma e morte. A abstinência carateriza-se sobretudo pelos olhos lacrimejantes, irritabilidade, náusea, tremor, pânico, arrepios e diaforese (sudorese aumentada).
Posturas possíveis perante o consumo
Enquanto algumas empresas fazem o controlo apenas para assegurar uma maior produtividade e segurança, outras há que, para além disso, também têm o objetivo de detetar casos para os encaminhar para tratamento, se os trabalhadores assim o desejarem. Algumas empresas consideram que detêm responsabilidade social não só perante a sociedade no global, mas sobretudo em relação aos seus funcionários. Os testes de despiste podem decorrer na entrevista de seleção de candidatos (rejeitando geralmente os positivos), durante o trabalho e aleatoriamente, desde que exista fundamentação legal em função dos riscos associados ao posto de trabalho; os testes podem também ser realizados pós-acidente. Aliás, alguns autores consideram que o ambiente laboral é um ótimo contexto para abordar esta problemática.
Os programas de despiste começaram a generalizar-se nos EUA na década de oitenta. A primeira mudança sentida na generalidade das empresas foi a diminuição do número de acidentes. Posteriormente, verificou-se que os consumidores eram funcionários com menor produtividade, maior absentismo, maior taxa de despedimento e/ ou rotação de serviços. Estes programas são menos frequentes na Europa mas, ainda assim, cada vez mais utilizados, sobretudo em algumas áreas profissionais.
Métodos de doseamento
Os testes de despistagem são mais práticos, rápidos e económicos; os testes de confirmação, por sua vez, são mais sofisticados, seguros, morosos e caros, mas têm obrigatoriamente de ser realizados para confirmar um teste de despistagem positivo.
-Urina e sangue
O tipo de amostra mais frequentemente utilizado nos testes laborais é a urina. Nesta podem ser pesquisadas anfetaminas, canábis, cocaína, opióides, benzodiazepinas, álcool e/ ou seus metabolitos. Por sua vez, a análise ao sangue poderá demonstrar não só o consumo agudo de álcool mas também, eventualmente, revelar alguns marcadores de cronicidade etílica, nomeadamente a nível hepático. Contudo, considera-se que a recolha de uma amostra de sangue é mais invasiva que uma de urina; daí que se privilegie esta última no contexto laboral. Os métodos baseados nas amostras de urina são os mais práticos mas também estão associados a uma percentagem razoável de falsos positivos, pelo que todos os testes positivos devem ser confirmados por técnicas mais fiáveis, como a cromatografia ou a espectrometria. Além disso, o tempo durante o qual se pode detetar uma substância na urina varia com a farmacocinética, presença de metabolitos, índice de massa corporal, usos agudo versus crónico, pH da urina e tempo desde o último consumo.
O primeiro passo na análise da urina é o registo da sua aparência/ cor; por exemplo, espuma excessiva poderá indicar a presença de um detergente, com o objetivo de adulterar o resultado (as substâncias mais sensíveis são os derivados da marijuana). Quanto mais diluída, mais clara será; o uso de medicamentos/ alimentos que alterem a cor deve ser registado. Ainda assim, a colheita da primeira urina da manhã aumenta a sensibilidade e eficácia do teste. O analista deve também registar a temperatura da amostra quatro minutos depois da sua emissão, sendo que este valor deverá (neste timming) oscilar entre os 32 e os 38ºC, podendo permanecer a esta temperatura até 15 minutos. Valores fora deste intervalo poderão significar que a urina foi adulterada. O pH, por sua vez, varia entre os 4,5 e os 8, pelo que abaixo de 3 ou acima de 11 está provada a contaminação por alguma substância. A própria concentração/ densidade varia entre 1,002 e 1,020; fora deste intervalo poder-se-á supor a mesma situação. A concentração da creatina deve ser superior a 20 mg/ dl, sendo que um valor inferior significará também que existiu diluição. Por sua vez, a concentração dos nitratos deverá ser inferior a 500 microgramas/ ml.
No Quadro 3 estão registados os timmings máximos possíveis para deteção urinária de algumas substâncias.
-Saliva
A saliva, por sua vez, também poderá permitir o diagnóstico de consumo recente de álcool (últimas doze horas) e outras drogas (até dois dias); dada a facilidade da sua recolha, a sua utilização deverá ser crescente a nível laboral. Para além disso, uma vez que pode ser colhida na presença de um técnico, mais dificilmente será adulterada/ trocada ou diluída, como acontece frequentemente com a urina. Contudo, a concentração das substâncias aqui não é tão confiável. Tem ainda a vantagem de os resultados poderem estar disponíveis em apenas cinco a quinze minutos, dada a tecnologia ser muito prática e acessível. Por outro lado, funcionários que só consumam ao fim-de-semana, se fizerem o doseamento no final da semana, poderão ter resultados negativos.
-Cabelos
A tecnologia que permite o doseamento através da análise capilar tem vindo a desenvolver-se, a ponto de se supor que possa no futuro ter mais destaque que as análises clássicas do sangue e da urina. As principais vantagens apontadas são a janela de deteção temporal mais alargada (até alguns anos para algumas substâncias), colheita de amostra não invasiva e maior dificuldade de adulteração da amostra por parte do trabalhador. O seu início foi em 1979, com a procura de opioides. Três anos depois fez-se o mesmo para a cocaína e no ano seguinte para as anfetaminas; as benzodiazepinas só foram analisadas em 1992; os derivados dos antidepressivos e antipsicóticos em 1996 e da nicotina em 1997 e, dois anos depois, para a canábis também; por fim, o álcool apenas foi pesquisado nesta estrutura em 2004.
As células do bolbo capilar dividem-se diariamente; aumenta não só o volume celular mas também a zona queratinizada e o número de células mortas. O cabelo dispõe de três camadas, sendo que a mais externa facilmente é destruída quimicamente, trauma mecânico, luz e/ou calor. Todos os cabelos estão numa das três fases seguintes: anagénica (crescimento ativo), catagénica (fase curta de transição) ou telogénica (interrupção do crescimento). O crescimento depende da localização do cabelo, raça, sexo e idade. Em princípio, cerca de 80 a 90% dos cabelos estão na fase anagénica, 2% na catagénica e 10 a 18% na telogénica. A forma mais simples de a substância atingir o cabelo é através de difusão passiva, pela circulação sanguínea. Tal dependerá da concentração sérica (no sangue) que, por sua vez, varia com a dose ingerida. Outros defendem que a substância também possa chegar à estrutura capilar através do suor, pele, sebo e ambiente externo. Como o crescimento capilar é razoavelmente previsível, poder-se-á estimar, eventualmente, a altura do consumo e/ou até a quantidade (contudo, tal é controverso entre investigadores). A maioria dos autores prefere analisar cabelo da zona mais elevada da cabeça, dado este apresentar um crescimento mais constante. A barba poderá estar menos sujeita a contaminações sebáceas e o pelo púbico, por exemplo, menos sujeito à contaminação ambiental (mas também mais exposto ao sebo e suor). Após a recolha, a estrutura capilar deverá ser armazenada numa folha de alumínio, envelope ou saco plástico. O próprio processo de descontaminação pode alterar o cabelo e enviesar o resultado. A capacidade de absorção capilar depende do tipo de cabelo, sendo mais elevada nos cabelos negros e grossos (contudo, tal também não é consensual). Após a etapa de descontaminação as substâncias depositadas são obtidas pela aplicação de enzimas (para a cocaína, heroína), produtos com pH básico (morfina, anfetaminas e canábis) ou ácido (heroína). As principais técnicas de análise capilar são imunológicas ou baseadas na cromatografia gasosa ou líquida, eletroforese capilar e microscopia por infravermelhos. As primeiras são considerados de primeira linha por serem mais práticas e económicas mas, quando positivas, têm de ser confirmados por outro teste mais sofisticado. Uma das críticas a este tipo de análise é a dificuldade em distinguir consumo ativo de exposição passiva; a presença de metabolitos para além do princípio ativo poderá ajudar.
-Unhas
Outra estrutura queratinizada que também pode ser utilizada na pesquisa toxicológica é a unha. Contudo, a maioria dos investigadores considera que a metodologia necessita ainda de ser aperfeiçoada para que as correlações entre quantidade e timming de consumo sejam seguras. A primeira pesquisa foi realizada em 1984 para a metamfetamina. O crescimento ungueal diminui com a idade, frio, doença e desnutrição; sendo mais elevado nos indivíduos que roem as unhas, põe exemplo. Não varia entre sexos. O crescimento é mais lento nas unhas dos pés, pelo que aí a concentração é mais elevada; contudo, o teste positiva mais rapidamente nas mãos. Também aqui as substâncias detetadas podem ser resultando do consumo ativo ou da exposição passiva.
Criação de um programa de prevenção
Os locais de trabalho são excelentes para lidar com dependências, porque atingem toda a população ativa. A criação de um programa de prevenção laboral é menos dispendiosa que a de um programa de tratamento. O programa pode ser dividido nas fases de conceção (na qual devem participar os trabalhadores ou os seus representantes), implementação e gestão; ele deve permitir melhorar as condições de trabalho e, no final, assegurar uma autoavaliação. Mais recentemente passou a dar-se mais importância aos trabalhadores com consumos excessivos mas ainda não visivelmente problemáticos em comparação com os verdadeiramente dependentes, porque os primeiros têm mais hipótese de recuperação e são mais prevalentes no meio laboral. A informação sobre o programa de prevenção pode ser transmitida através de debates, materiais impressos (folhetos junto com a folha do salário ou colocados na sala de convívio, refeitório), meios audiovisuais (intranet, rede interna de televisão, jornal da empresa) ou com suporte eletrónico (CDs, site da empresa, e-mails).
No programa têm de ser definidas algumas questões técnicas, como quem executará os testes, quais as substâncias a testar, quais os cut-offs assumidos, quando e com que frequência se farão os testes, a análise/ técnica específica a utilizar, o protocolo para os testes positivos e a forma de assegurar privacidade e confidencialidade.
-Elaboração do Regulamento Interno
O primeiro passo será desenvolver um documento escrito, no qual conste a postura da Direção da empresa perante o consumo de algumas substâncias e respetiva justificação. Se tal posição for divulgada e se existir um programa legalizado de deteção de consumos, é altamente improvável que indivíduos com dependências se candidatem a essa empresa. As entidades empregadoras têm o direito de exigirem que os seus funcionários trabalhem sem o efeito de qualquer substância. Quando se desenvolve a primeira versão do regulamento interno (ou se pretende alterar o documento já existente) será adequado procurar consultadoria jurídica. Nesse texto devem constar com clareza as penalizações associadas ao incumprimento, bem como o que constitui infração. Cada funcionário deverá receber uma cópia do documento e comprovar tal por escrito à entidade empregadora. Aliás, para uma melhor aceitabilidade e cumprimento do documento, todos os funcionários deverão estar envolvidos na sua génese e evolução (ou pelo menos os seus representantes).
Um resultado positivo, se o trabalhador desejar e assim estiver definido no regulamento interno, poderá ser confirmado em laboratório dependente. Os trabalhadores que se recusem a fazer o teste de despiste deverão ser considerados como eventuais consumidores.
O CNPD (Centro Nacional de Proteção de dados) colaborou com o IDT (Instituto da droga e da toxicodependência) e a ACT (Autoridade para as condições de trabalho), na elaboração do protocolo “Prevenção de riscos em meio laboral”, de forma a criar linhas orientadoras para a prevenção do consumo de substâncias psicoativas em meio laboral, aprovado em Junho de 2010 e ajustado posteriormente em 2011. O resumo de tal parceria pode ser analisado no Quadro 4.
Custos
Globalmente, o custo de desenvolver um programa de deteção de consumos é cem vezes mais económico que os custos que existiriam na sua ausência (sobretudo a nível de produtividade, recrutamento, formação de novos funcionários e de acidentes de trabalho), segundo estimativas de alguns investigadores.
O que ainda fica confuso relativamente ao Regulamento Interno…
-quando o funcionário demonstrar interesse em iniciar terapêutica para interromper o consumo, qual a forma mais eficaz de referenciar: para o médico assistente no sistema nacional de saúde? Referenciar diretamente para consultas especializadas no apoio à toxicodependência? Quais? Contactar o IDT?
-se a comissão de trabalhadores não aprovar o regulamento interno, ao contrário da CNPD e ACT, o documento fica válido ou não? E se nem existir comissão de trabalhadores?
-quando se quantifica um teste de despiste como positivo (após deteção de um comportamento de risco laboral), tendo este sido obtido de forma ilegal (execução por pessoal não qualificado, por não existirem recursos humanos adequados nesse momento ou com equipamento não homologado) fica inválido?
-sanções pelo consumo ou apenas por comportamentos de risco após consumo comprovado? Mas então o que é que o regulamento interno proíbe: consumos ou apenas comportamentos de risco laboral (tolerando os consumos)?
-até onde deve ir o sigilo médico/ confidencialidade, ou seja, como é possível mantê-lo íntegro e simultaneamente informar a chefia/ direção da empresa da necessidade de aplicar alguma sanção pelo consumo/ comportamento, em função do que o regulamento interno pode exigir?
-qual o papel do médico do trabalho numa empresa com regulamento interno aprovado e legal e cujos testes sejam realizados na sua ausência, não tendo este qualquer controlo sobre quem os faz, quem executa e quem tem acesso ao resultado?
Consumo Laboral funcional de Substâncias Psicoativas?!
Os autores encontraram um artigo brasileiro com uma perspetiva totalmente diferente sobre o consumo de substâncias psicoativas em meio laboral, ou seja, produtos que, de alguma forma, potenciavam o desempenho profissional e/ou atenuavam algumas caraterísticas desagradáveis das tarefas. Segundo os trabalhos consultados pela autora do artigo original, é possível que alguns funcionários consumam substâncias psicoativas que potenciam o desempenho profissional e/ ou ajudem a uma melhor adaptação às adversidades laborais, sem perturbar grandemente outros detalhes laborais e sem que exista, teoricamente, um patamar de dependência. Contudo, até mesmo aqui se salienta a possibilidade do consumo se transformar eventualmente em disfuncional, com o tempo. Por exemplo, são citados trabalhadores rurais brasileiros que relatam, na 1ª pessoa, que só a consumir marijuana ou cocaína, conseguiam energia/ disposição para cortar mais de vinte toneladas de cana-de-açúcar num só dia de trabalho. São também incluídos relatos de profissionais liberais europeus (sobretudo franceses e ingleses), por exemplo, advogados e empresários, com consumo frequente e generalizado de anfetaminas, ecstasy e/ou cocaína (como estimulantes intelectuais e/ou físicos) ou até álcool e/ou heroína (como relaxantes), por vezes, durante décadas, sem que ninguém próximo o soubesse; geralmente razoavelmente bem informados acerca das caraterísticas e consequências desses mesmos produtos. Outras vezes, o trabalhador não procura potenciar o seu desempenho, mas sim tornar o tempo laboral mais agradável e/ou tolerável. Alguns relatos afirmam mesmo que só com estes consumos conseguiam manter a postura laboral esperada, não só a nível de desempenho, mas também socialmente, entre colegas e com clientes. Ou seja, parte destas substâncias desinibe (e potencia a sociabilidade), proporcionando alguma euforia, aumentando a concentração e alteração da perceção do tempo (os turnos de trabalho tornam-se mais rápidos).
CONCLUSÕES
A equipa de Saúde Ocupacional necessita de estar informada acerca dos riscos associados ao consumo de substâncias psicoativas, quer a nível das implicações que tal acarreta na Saúde do funcionário e Segurança global, quer a nível do está definido com maior ou menor clareza nas leis/ normas em vigor.
BIBLIOGRAFIA
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Santos M, Almeida A. Consumo de Substâncias Psicoativas em contexto laboral- parte II. Revista Segurança. 2011, 205, 24-25.
Santos M, Almeida A. Influência do consumo de Marijuana na Saúde Pessoal e Profissional. Revista Nursing. 2015. Edição on line.
Santos M, Almeida A. Risco do consumo de anabolizantes. Revista Segurança. 2014, 219, 26- 29.
Santos M, Almeida A. Consumo funcional de Substâncias Psicoativas… a propósito de um artigo. Revista Segurança. 2013, 217, 25.
Quadro 1-Variáveis que alteram o efeito do álcool
-peso (menor atingimento nos indivíduos corpulentos, musculados e altos) -sexo (mais efeitos no sexo feminino, não só pela metabolização mas também porque, genericamente, são mais baixas e magras) -taxa de consumo (maiores consequências se a ingestão ocorrer num espaço de tempo menor) -hábitos (menor semiologia em indivíduos que bebem frequentemente) -comida (em jejum os efeitos do álcool são potenciados) |
Quadro 2-Eventuais consequências do álcool
-lentidão no tempo de reação
-descoordenação -diminuição da acuidade visual -labilidade emocional (agressividade, depressão) -menor capacidade de concentração -menor capacidade intelectual -alterações comportamentais -menor produtividade -desemprego -hepatite/ cirrose -doença cardíaca, hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio -cancros (esófago, boca, cordas vocais, cólon, reto, mama) -pancreatite -malformações congénitas e atraso no desenvolvimento físico e/ ou intelectual |
Quadro 3- Tempo máximo no qual ainda é possível a deteção urinária da substância
Álcool | 7 a 12 horas | |
Anfetaminas | 48 horas | |
Metanfetamina | ||
Barbitúricos | Ação curta | 24 horas |
Ação longa | 3 semanas | |
Benzodiazepinas | Ação curta | 3 dias |
Ação longa | 30 dias | |
Cocaína | 2 a 4 dias | |
Marijuana | Uso único | 3 dias |
Até 4 x/ semana | 5 a 7 dias | |
Uso diário | 10 a 15 dias | |
Uso crónico | Mais de 30 dias | |
Opioídes | Codeína | 48 horas |
Morfina (heroína) | 48 horas | |
Metadona | 3 dias | |
Oxicodona | 2 a 4 dias | |
Propoxifeno | 6 a 48 horas |
Quadro 4-Normas do CNPD, IDT e ACT
-é obrigatória a participação dos representantes dos trabalhadores na elaboração do programa de prevenção da empresa. A política de Segurança e Saúde deve estar registada em documento escrito, no qual também deve estar mencionado o procedimento a adotar caso essa política seja desrespeitada
-os programas devem ter como objetivo principal prevenir e proporcionar tratamento aos interessados (sempre de forma voluntária) e devem começar por sessões de informação. -deve ser criado um sistema que assegure a confidencialidade de toda a informação. -os trabalhadores consumidores não poderão ser descriminados relativamente à manutenção do seu emprego ou oportunidades de progressão. -a dependência deve ser vista como uma doença e tratada como tal perante situações de Certificados de Incapacidade Temporária. -no código do trabalho (lei nº 7/ 2009) está definido que o empregador não pode (para contratação ou manutenção do posto) exigir testes ou exames médicos, exceto se estes tiverem por finalidade a proteção da Segurança no trabalho e terceiros, devido às caraterísticas da atividade profissional, devendo tal fundamentação ser entregue por escrito ao candidato ou trabalhador, sob solicitação e responsabilidade do Médico do Trabalho. O procedimento não será aceitável se não existirem situações concretas de segurança em causa ou se se criar algum tipo de descriminação entre os trabalhadores. -no regulamento devem estar registadas as substâncias a detetar, as categorias profissionais alvo, as circunstâncias de aplicação dos testes, profissionais envolvidos na execução dos mesmos, obrigatoriedade de sigilo, determinação da frequência dos testes, coordenação pelo Médico do Trabalho, homologação dos aparelhos utilizados, possibilidade e regras para a contra- prova, forma de comunicação à entidade empregadora apenas a nível da classificação da aptidão e eventuais processos disciplinares. Não poderá existir despedimento pelo consumo mas sim, eventualmente, pelo comportamento consequente ao consumo. A entidade responsável pelo tratamento e sigilo dos dados é a empresa, mesmo que esta contrate serviços externos de uma empresa de saúde ocupacional. |